
Um recado de Hollywood

Get Smart... Again

A Lenda de Robocop

Em 2005, tudo parecia normal no mundo da animação digital. A Pixar mostrava mais uma vez porque a dominação desse setor era sua por direito com o criativo de delicioso "Os Incríveis". A Disney dava o primeiro passo no caminho da volta por cima com o sucesso de "O Galinho Chicken Little". Entre esses dois acontecimentos, entretanto, a Dreamworks de Steven Spielberg lançou seu coringa do ano, a terceira produção em longa-metragem do setor de animação do estúdio. O objetivo de "Madagascar" era provar que a Dreamworks Animation não vivia apenas do sucesso da série "Shrek", cujo segundo capítulo havia quebrado todos os recordes do gênero no ano anterior. Deu certo. A divertida jornada de um leão (Ben Stiller), uma zebra (Chris Rock), uma "girafo" (David Schwimmer) e uma hipopótama (Jada Pinkett Smith) que fugiam do zoológico do Central Park para acabar caindo na remota ilha que dá nome ao título cativou o público e arrecadou impressionantes 431 milhões de dólares ao redor do mundo. Três anos se passaram desde então, a Pixar continua na ponta do ice-berg quando se trata de animação, e a Disney parece ter se recuperado de vez com "Bolt – O Supercão". A Dreamworks, com os cofres cheios das bilheterias de "Shrek Terceiro" e do revolucionário "Kung Fu Panda", resolveu então produzir uma seqüência do filme que trouxe reconhecimento para o estúdio como uma das potências da animação. Sorte a nossa.
"Madagascar 2" proporciona ainda mais diversão do que seu antecessor, injeta mais personalidade as personagens, possui uma animação mais bem-acabada e tem tanto potencial para as bilheterias quanto o primeiro. O filme não perde tempo para apresentar a trama, o que pode ser tanto uma armadilha quanto uma virtude. Ainda bem que o roteiro de Ethan Cohen ("Trovão Tropical") usa o dinamismo a seu favor e não se esquece de divertir com algum conteúdo. Mas enfim, o fato é que os náufragos deixam Madagascar em um avião consertado na companhia do rei da ilha, o hilário Julien (Sasha Baron Cohen), mas a direção “imprudente” dos mesmo cínicos e divertidos pingüims do primeiro filme os leva a uma “aterrisagem forçada” na África, onde cada um dos protagonistas encontra suas raízes. Alex, o leão, descobre que é na verdade o filho perdido do chefe do bando, mas tem de lidar com as armações de Makunga (Alec Baldwin), que almeja o cargo de seu pai. Enquanto isso, Marty, a zebra, descobre que não é afinal tão diferente de todos os outros e Melman, a girafa, encontra sua vocação para curandeiro enquanto decobre também sua paixão pela hipopótama Gloria, que parece ter encontrado a chance de desencalhar nos braços do arrogante Moto Moto (Will I Am). A parte romântica envolvendo Melman e Gloria é trabalhada com maestria pelo roteiro, que combina os toques fundamentais de toda história de amor com a estranheza natural que causaria o romance entre uma hipopótama e uma girafa. O reencontro de Alex com a família e com a descoberta do que é ser um leão de verdade é comovente e cômico ao mesmo tempo, o tipo de humor agridoce irresistível. Já as desventuras de Marty estre os outros de sua espécie dizem muito sobre amizade e o que torna cada um de nós únicos.
São discussões que ultrapassam a superficialidade do primeiro filme e fazem de "Madagascar 2" um filme muito melhor daquele que o mundo assistiu em 2005. A animação é inteligente, mantendo os traços ligeiramente humanizados dos animais sem deixar de ser detalhista em todos os aspectos das lindas paisagens africanas. A dupla de diretores Eric Darnell & Tom McGrath retornam mais habilidosos e maduros ao movimentar a proverbial câmera da animação de forma discreta sem cair na mediocridade. O elenco de vozes ajuda bastante, ainda mais estrelado do que era no anterior, ganhando ilustres adições como as de Cedric The Entertainer ("Operação Limpeza"), dando voz ao assistente do rei Julien, o falecido Bernie Mac na pele do pai de Alex, Alec Baldwin exercitando a vilania ao encarnar o perigoso Makunga e até o rapper Will I Am, integrante do grupo Black Eyed Peãs, em breve participação como o hipopótamo Moto Moto. Rasteiro e divertido em seus modestos 89 minutos, "Madagascar 2" consegue fazer rir com aquela sensação de algo mais que crítico nenhum conseguiria descrever. Em uma frase: não deixe de assistir.
Quando o Gato de Botas munido com a voz retumbante de Antonio Banderas conquistou o mundo com um olhar de piedade em "Shrek 2", não era difícil imaginar o enorme potencial que o personagem tinha. Pois parece que a DreamWorks também não deixou passar a popularidade do gatuno, e depois de muitos rumores e poucas notícias, "Puss in Boots", filme-solo do personagem e primeiro spin-off da bem-sucedida série do ogro, já está marcado para estrear em 2010 como uma espécie de prévia de "Shrek Goes Fourth". Antonio Banderas, que já declarou se orgulhar muito do personagem, já assinou para repetir a dose no novo filme, enquanto os roteiristas David Steinberg ("American Pie 2") e Jon Zack ("Nota Máxima") trabalham no script. Embora nada esteja confirmado, o desconhecido Tom Wheeler pode ser o diretor do filme.
As Viagens de Jack Black
Mantido em absoluto sigilo pela Fox (prática comum em adaptação de obras de domínio público), a nova versão de "As Viagens de Gulliver", baseado no clássico da literatura de Jonathan Swift, aos poucos ganha um elenco estrelado e diretor badalado. Para começar, parece que o personagem-título, um viajante de espírito livre que vai de uma terra de gigantes a um vale de pessoas extremamente pequenas, deve cair nas mãos de Jack Black, mais conhecido por seus papéis cômicos em filmes como "Trovão Tropical", mas que já demonstrou muito potencial dramático em "King Kong". Enquanto isso, a inglesa Emily Blunt ("O Diabo Veste Prada") deve viver a princesa do tal vale, amor platônico do camponês Horatio, que deve ser interpretado pelo comediante Jason Segel, conhecido como coadjuvante de filmes como "Ressaca de Amor" e "Ligeiramente Grávidos". Prestes a lançar a animação em 3D "Monstros VS. Aliens", o diretor Rob Letterman pode ser o comandante da aventura.
Que Greyskull nos ajude
A Internet está cheia de recursos para cinéfilos bem-informados e que conheçam um mínimo da língua inglesa. Da procura exclusivamente cinematográfica do Google (basta digitar “movie: o nome do filme em inglês”) aos registros para lá de completos do IMDb (Internet Movie Database), parece que dessa os britânicos se superaram ao colocar no ar o site que promete “encontrar qualquer filme”, dos mais populares aos mais obscuros, e ainda informar as possíveis formas de assisti-lo. A idéia foi colocada em prática pelo UK Film Council, uma das instituições com mais iniciativas para legalizar o dowload virtual de filmes. Cinema, DVD, exibições on-line e downloads legalizados estão na agenda do site. Quer conferir? Esse é o link do Find Any Film: http://www.findanyfilm.com/
Um filme, dois Neil’s
Autor da série em quadrinhos "Sandman" e escritor de livros como "Lugar Nenhum" e "Stardust", Neil Gaiman pode migrar uma vez mais para os cinemas com a adaptação de "The Graveyard Book". O livro conta a história de um garoto que é adotado pelos moradores de um cemitério, e é composto de várias histórias independentes que, juntas, formam uma biografia do protagonista. Os primeiros rumores sobre a adaptação apontavam Henry Selick ("O Estranho Mundo de Jack"), que já trabalhara com o escritor no inédito "Coraline", como o diretor do projeto, que seria feito em animação stop-motion. Recentemente, porém, o autor anunciou em seu site pessoal que o filme seria feito de maneira convencional, sob o comando de Neil Jordan ("Entrevista Com o Vampiro"), também encarregado do roteiro.
Dos morros cariocas para as ruas de Los Angeles
Depois do estrondoso sucesso de "Tropa de Elite" e a boa recepção de "Garapa" no Festival de Berlim, José Padilha acaba de ser contratado para não um, mas três projetos de grande porte na terra do cinema. O primeiro, "The Willing Patriot", é um thriller criminal bancado pela Warner Bros e produzido por ninguém menos que Brad Pitt (a presença do astro no elenco ainda não foi confirmada). O segundo, "Marching Powder" tem veia mais dramática, já que se trata da adaptação da obra literária homônima de Rusty Young sobre a vida de um traficante de drogas, a ser interpretado por Don Cheadle ("Hotel Ruanda"). O terceiro projeto é o mais impressionante: "The Sigma Protocol" é a adaptação do último livro lançado pelo escritor Robert Ludlum, o mesmo da trilogia "Bourne", passado durante a 2ª Guerra Mundial.
Mais nostalgia nos cinemas
A exemplo de minisséries em poucos capítulos como "O Auto da Compadecida" e "Caramuru – A Invenção do Brasil", a bem-sucedida transposição da vida da cantora Maysa para as telinhas deve agora ganhar as telas de cinema. A idéia é resumir todo o material usado na TV, e acrescentar algumas cenas filmadas especialmente para os cinemas. "Maysa", o filme, seria o primeiro crédito cinematográfico da carreira do escritor Manoel Carlos.
Alguns nomes confirmados (e outros cogitados) para “As Panteras 3”Apenas alguns dias depois de Drew Barrymoore ter expressado seu interesse em um terceiro filme da série "As Panteras", os primeiros rumores e confirmações já surgiram. Para começar, o diretor McG, que acaba de sair do trabalho pesado de "Exterminador do Futuro 4", anunciou que retornaria ao projeto com um sorriso no rosto, enquanto as outras integrantes do trio principal ainda aguardam convites formais para voltar a suas personagens. Quase ao mesmo tempo que McG confirmava, a produtora Nancy Junoven pronunciou-se sobre a possível “quarta pantera” que estaria no filme, dizendo que sua primeira escolha para o papel seria a da cantora Rihanna. Numa rara discordância, Barrymore disse que contracenar com Penélope Cruz seria “um sonho”.
Spielberg define herói e vilão de “Tintim” Desde que Steven Spielberg e Peter Jackson deixaram na expectativa os fãs de literatura pop-clássica ao anunciar uma trilogia, produzida com tecnologia inovadora, sobre o intrépido detetive belga de "Tintim", poucos boatos correram ao redor do primeiro filme, com lançamento previsto para 2010 e direção a cargo de Spielberg. Nos últimos dias, no entanto, o projeto ressurgiu das cinzas do esquecimento com o anúncio dos dois protagonistas do filme. Enquanto o personagem-título ficou a cargo do britânico Jamie Bell ("Billy Elliot"), o vilão Red Rackham caiu nas mãos do atual 007 Daniel Craig. Os dois atores contracenaram recentemente no épico de guerra "Defiance". As filmagens de "Tintim: O Segredo de Licorne" começam nessa segunda-feira, dia 02.
Depois do Oscar... os ringuesUm dos favoritos ao Oscar de Melhor Ator esse ano pela sua encarnação do lutador Randy The Ram em "O Lutador", Mickey Rourke está negociando sua entrada no circuito de luta-livre americano. Segundo o próprio ator, o convite chegou até ele através de Vince McMahon, diretor do circuito, e dizia respeito a uma única luta contra o atual campeão, Chris Jericho. Antes de se tornar ator e por um breve momento durante a carreira, Rourke trocou as telas pelos ringues. O resultado: meia dúzia de plásticas antes de retornar a atuação, para esconder as seqüelas das lutas.
Nada se cria... Hillary Duff assume papel em refilmagemUma das dezenas de atrizes/cantoras adolescentes espalhadas por aí, Hilary Duff ("A Nova Cinderela") foi escalada recentemente para mais uma refilmagem sessentista independente, dessa vez da biografia em forma de road movie dos notórios ladrões de banco "Bonnie & Clyde", filmada em 1967 por Arthur Penn, com Warren Beatty e Faye Dunaway nos papéis título. A refilmagem, marcada para 2010 e sob o comando da desconhecida Tonya S. Holly, traz Hilary no papel que fora de Dunaway e o desconhecido Kevin Zegers para substituir Beatty. A julgar pelo último "O Dia em Que a Terra Parou", não pode se esperar nada de extraordinário.
E a greve se aproxima no horizonte...Mais de um ano e muitos milhões de dólares depois da marcante greve dos roteiristas ocorrida entre o fim de 2006 e o começo de 2007, Hollywood vê com temor uma outra paralização surgir no horizonte. E dessa vez o resumo da ópera pode ser mais grave. Enquanto os braços cruzados dos escritores causariam prejuízos apenas a longo prazo, os recentes rumores e negociações apontando uma greve dos atores poderiam causar uma estagnação repentina na terra do cinema, já que não há filmagens sem os intérpretes. Depois de uma longa reunião a portas fechadas que não resultou em nenhuma conclusão, o diretor do sindicato de atores, Doug Allen, renunciou ao cargo nessa segunda-feira, o que apenas deixou mais tensas as negociações. A reivindicação é, como sempre e em qualquer categoria, aumento do pagamento.
Dos robôs gigantes para as relíquias lendáriasMegan Fox, recentemente considerada uma das mulheres mais sexys do mundo, pode assumir o lugar de outra integrante inevitável da lista, Angelina Jolie. Enquanto a mulher de Brad Pitt envolve-se em filmes mais sérios e angaria suas indicações ao Oscar, o par romântico de Shia LaBeouf em "Tranformers" surge como um dos nomes principais para a sucessão da personagem Lara Croft, caçadora de tesouros e ícone dos vídeo-games interpretada por Jolie em dois filmes, lançados em 1999 e 2001. Ainda que Megan esteja sendo fortemente cogitada para o projeto, um terceiro filme de "Tomb Raider" não foi sequer anunciado pela 20th Fox, produtora dos dois primeiros filmes.
O Fabuloso Destino de Coco ChanelUma das atrizes francesas mais presentes no cinema americano na atualidade, Audrey Tatou ainda é mais conhecida pela sua marcante interpretação na comédia dramática surreal "O Fabuloso Destino de Amelie Poulin", o filme francês mais premiado de nosso século. Isso pode mudar com "Coco Avant Chanel", biografia da célebre estilista comandada por Anne Fontaine ("Como Matei Meu Pai") na qual Audrey incorpora o papel-título. As primeiras fotos da atriz caracterizada surgiram hoje na Internet, e o comentário geral entre os críticos e apreciadores de moda é que a postura de Audrey é perfeita para a personagem. "Coco Avant Chanel" tem estréia marcada para 29 de Maio desse ano no Brasil.
“Machete”, breve em um cinema perto de você
A segunda parte da saga mafiosa "O Poderoso Chefão", lançada dois anos depois de seu antecessor, é lembrada até hoje como uma das poucas seqüências que superaram o primeiro filme em todos os aspectos. Nos créditos, os até então jovens talentos Al Pacino e Robert De Niro apareciam juntos pela primeira vez, ainda que seus personagens nunca se cruzassem em cena. Vinte e um anos depois, "Fogo Contra Fogo" se tornou um dos filmes policiais mais marcantes e perfeitos da história ao colocar os mesmos dois nomes, agora astros consagrados e agraciados com seus Oscar, em lados opostos da lei... e trocando diálogos em duas breves passagens. Num filme de quase três horas de duração, Pacino e De Niro contracenaram por menos de cinco minutos, e foi o bastante para colocar o filme entre os preferidos de qualquer crítico que se preze. E lá se foram outros treze anos para que as requisatídissimas agendas dos dois se cruzassem uma vez mais. Já consolidados nas posições de monstros sagrados do cinema e lendas vivas da atuação, os dois realizaram o antigo sonho (deles e de todos os cinéfilos) ao dividir grande parte das cenas de um filme. Obviamente, e não poderia ser de outro jeito, o projeto tomaria forma no gênero do suspense policial. O resultado de toda a expectativa e a espera foi As "Duas Faces da Lei", um show de atuação que encontra sua força nos dois protagonistas para guiar uma história esperta e envolvente.
Tudo bem, tiramos a conclusão geral e fria do caminho, agora podemos falar da questão crucial que todo espectador se pegará perguntando durante os 101 minutos da caça ao assassino empreendida por Pacino e De Niro. "O Poderoso Chefão – Parte II" e "Fogo Contra Fogo" cavaram, cada um a sua forma, um lugar de privilégio na história do cinema, influenciaram dezenas de filmes que vieram depois e se tornaram filmes obrigatórios para qualquer cinéfilo que deseje saber do que está falando. Mas e "As Duas Faces da Lei"? Que marca, que legado, que influência que o filme deixará para o futuro? A resposta é decepcionante perto das expectativas que o filme causava antes do lançamento. Simplesmente porque não há resposta. "As Duas Faces da Lei" não é um filme ruim, mas tampouco tem conteúdo o bastante para resistir ao passar do tempo como fizeram os filmes de Coppola e Michael Mann. E os erros começam justamente na cadeira do diretor. Por mais que tenha evoluído desde sua estréia com "Tomates Verdes Fritos", Jon Avnet não é nem de longe um nome gabaritado para assinar um filme tão esperado. O porte da produção não combina com o estilo intimista nova-iorquino, seus cortes carecem de criatividade e a grande maioria das cenas parecem ser amornadas e lapidadas com tanto cuidado que falta espaço para a competência brutal dos atores brilhar.
Ainda assim, é preciso reconhecer o louvável trabalho de Russell Gewirtz no roteiro, que já havia demonstrado habilidade no engenhoso "O Plano Perfeito", e aqui brinca com as percepções do espectador e cria um final surpreendente até para o espectador mais atento, subvertendo a estrutura linear que ele próprio parece seguir por boa parte do filme. Turk (De Niro) e Rooster (Pacino) são parceiros de longa data na polícia de Noa York que começam a investigar os crimes de um serial killer que deixa pequenos poemas na cena do crime e só executa os criminosos que escaparam da justiça. Enquanto isso, a integridade psicológica dos dois é contestada pelo próprio chefe (Brian Dennehy), que os encaminha para um psiquiatra especializado em policiais. É nas sessões que o roteiro de Gewirtz disseca os personagens, evidenciando principalmente a revolta fácil de Turk e a calma atípica de Rooster. Conforme a história vai se desenrolando, o roteirista lança mão de todos os seus recursos para iludir o espectador com pistas falsas e seqüências enganadoras. Mas o show a parte, é claro, fica por conta dos dois atores.
De Niro incorpora a raiva contida de Turk com a perfeição e o detalhismo de sempre, numa atuação que pode não chamar a atenção pelos trejeitos, mas sem dúvida alcança um nível muito mais realista sem os típicos exageros dos atores menos experientes. Pacino, por outro lado, põe todo o seu repertório de expressões e recursos para funcionar, e entrega o desempenho magnífico com que nos acostumamos, repleto dos detalhes mais significativos e das entonações particulares do ator acima da média que ele sempre foi. A química entre os dois é outra surpresa, trocando diálogos com uma precisão impressionante que apenas dois mestres conseguiriam. Pelo menos nesse quesito o filme não decepciona. Vê-los contracenar é tudo o que os cinéfilos esperaram, especialmente quando os dois passam por cima da falta de ousadia do diretor para criar cenas antológicas que parecem não se encaixar a embalagem pouco atraente do filme. O elenco coadjuvante não tem muito o que fazer, mas ainda assim é possível apreciar uma anormalmente ousada Carla Gugino e o sempre competente John Leguizamo. Mas eles são apenas peças de fundo, personagens feitos para completar o quebra-cabeça da história que, afinal das contas, pouco importa. É nas conversas mais banais e sarcásticas entre De Niro e Pacino que o filme encontra seu grande triunfo e sua razão para ser visto. Só é uma pena que seja a única. No fim de seus 101 minutos, "As Duas Faces da Lei" é um daqueles filmes que decepciona... por ser normal. Tudo que a reunião de duas lendas não deveria ser.
Nota: 6,5
O festival de Veneza figura sempre entre os mais importantes do circuito europeu. E parece que esse ano os italianos resolveram partir na frente de todos os outros e homenagear uma das produtoras mais competentes e criativas, não apenas da animação, mas do cinema em geral. É claro que estamos falando da Pixar, mais badalada do que nunca graças ao sucesso crítico do conto de fadas futurístico e irresistível "Wall-e". Enquanto a Academia negou ao filme a primeira indicação a Melhor Filme de uma animação desde 1992, John Lasseter e companhia vão receber a homenagem em Veneza por “terem revolucionado o cinema”.
James Brown – O Filme