quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº02 – Parte II

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Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº02 – Filme-pipoca – 20/08/2009

Parte II – Trailers: Testemunhas românticas, assassinatos em família,  o novo dos vampiros e o retorno dos lobisomens.

Did You Hear About the Morgans? (2009)

Direção: Marc Lawrence.

Roteiro: Marc Lawrence.

Elenco: Hugh Grant, Sarah Jessica Parker, Sam Elliott, Elisabeth Moss, Mary Steenburgen, Michael Kelly.

Sinopse: Um casal rico com problemas de relacionanto testemunha um homícidio em Nova York e é relocado para uma cidade pequena pelo progrema de proteção de testemunhas.

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Hugh Grant não faz um filme de verdade desde Nothing Hill. O drama romântico que protagonizou ao lado da mega-estrela Julia Roberts em 1999 pode não ter sido a maior obra-prima de todos os tempos, mas é impossível negar que tinha seus méritos e que o casal soltava faíscas em tela. Desde então, ele tem gastado seu nome de britânico veterano com comédias românticas que podem até divertir durante breves duas horas, mas não ficam na memória por mais de dez minutos depois do fim da sessão. De exceção só as partes satíricas do bonitinho Letra & Música, primeira parceria do astro com o diretor Marc Lawrence, que volta a escalar o inglês e pode dar alguma ponta de esperança para o novo Did You Hear About the Morgans?. O trailer, ao menos, promete algumas situações cômicas eficientes e mostra o humor ácido de Grant funcionando em sua forma mais pura. Não que Sarah Jessica Parker prometa fazer um par mais do que esquecível, diga-se de passagem, mas ela tem o momento mais hilário do vídeo, perto do final, enquanto gente como Sam Elliott e Mary Steenburgen fazem pura figuração.

Data de Estréia: 05/02/2010 (Brasil)

H2: Halloween 2 (2009)

Direção: Rob Zombie.

Roteiro: Rob Zombie.

Elenco: Tyler Mane, Scout Taylor-Compton, Malcolm McDowell, Sheri Moon Zombie, Brad Douriff, Margot Kidder.

Sinopse: Depois de fugir do hospício e atacar a cidade natal para achar sua irmã perdida, Michael Myers planeja outra violenta união de família sem deixar tempo para a irmã se recuperar.

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Rob Zombie não é um cineasta por excelência, mas por instinto. Vindo de uma banda de heavy metal e previsivelmente tornado em rei dos fãs do terror gore no terreno cinematográfico, o americano aos poucos foi se mostrando um cara que sabia lidar com visuais, assustar e ainda assim não perder um certo tom de brincadeira entre amigos que fazia de seus filmes obras não primas, mas únicas. Com o reboot da série slasher mais famosa do planeta, Halloween, foi diferente. Autor de um texto surpreendente de terror psicológico que explorava com impacto a velha fórmula do gênero e ainda tornava Myers em um psicopata do tipo que provoca repulsa, terror e pena ao mesmo tempo. Não a toa, o cineasta foi chamado para tocar o barco adiante com liberdade criativa total, tornando a seqüência do remake (ou remake da seqüência?) em outra obra que desse ao espectador um pouco mais do que a cota de sangue esguichado do mês. Ou pelo menos é isso que mostra o trailer que equilibra contextualização para quem não viu o primeiro, terror puro e simples para o público médio e aprofundamente icônico e genial nas motivações do assassino. Bem verdade, Tyler Mane, o psicopata, é ofuscado por uma visceral Scout Taylor-Compton, que atua no limite da razão como a irmã perseguida do protagonista. Malcolm McDowell em cena ainda é um deleite extra.

Data de Estréia: 15/01/2010 (Brasil)

Lua Nova (2009)

Direção: Chris Weitz.

Roteiro: Melissa Rosenberg.

Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Nikki Reed, Ashley Greene, Billy Burke, Michael Sheen, Dakota Fanning.

Sinopse: Um incidente em uma festa de aniversário leva a separação do casal Bella e Edward, ao mesmo tempo que faz a protagonista se aproximar de Jacob Black, um lobisomem, tribo inimiga ancestral dos vampiros.

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Pode não parecer para quem conheceu a história romântica da série Crepúsculo por sua recente e eficiente investida cinematográfica, mas os fãs que conhecem a série literária de até agora cinco tomos devem me entender bem quando digo que são uma tribo dividida. Conhecidos nos sites de fãs espalhados por aí como “teams”, são uma espécie de divisão baseada no lado do triângulo amoroso principal que o leitor se compromete a apoiar. Sim, porque Taylor Lautner e seu Jacob Black podem ter sido meros figurantes na versão para o cinema da trama, mas nas linhas de Stephenie Meyer a participação do personagem é bem mais relevante, tanto que ocupa uma boa parte da narrativa de Lua Nova, a primeira seqüência da série e ser lançada nas livrarias. Sem escolhas, portanto, para a roteirista Melissa Rosenberg, que volta da boa experiência em Crepúsculo para o roteiro do segundo filme e deu um espaço maior e merecido para Taylor e seu personagem. Não que o garoto seja um grande ator, mas impossível negar que o clima mais relaxado de seu romance com uma Kristen Stewart que soa bem mais segura de sua interpretação no trailer serão um respiro de toda a pressão imposta pela complicada e surpreendente atuação de Robert Pattinson, que toma seu lugar de pano de fundo dessa vez. Quanto ao resto, a direção mais grandiloqüente de Chris Weitz fez bem a série, e só a rápida transformação de Jacob em lobo tem efeitos melhores que o filme anterior de ponta a ponta.

Data de Estréia: 20/11/2009 (Brasil)

O Lobisomem (2009)

Direção: Joe Johnston.

Roteiro: Andrew Kevin Walker, David Self.

Elenco: Benício Del Toro, Emily Blunt, Anthony Hopkins, Hugo Weaving.

Sinopse: Quando volta para sua terra natal ao saber do assassinato do irmão, um homem é mordido e amaldiçoado pelo mesmo lobisomem que cometeu o crime.

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Críticos entendidos e jornalistas tradicionalistas não consegue tirar a cabeça do século passado. Hollywood mudou bastante da passagem do século para cá, especialmente em relação a forma de pensar mais em lucro imediato do que em projetos a longo prazo. O Lobisomem, novo remake do clássico do terror produzido pela Universal há seis décadas, pode até ter começado seu burburinho como uma espécie de extensão a moda de ressucitar ícones da literatura em filmes dignos das obras originais, espelhados no Drácula de Bram Stoker. Mas isso já faz cinco anos, e alguém seriamente acredita que o sucesso de Crepúsculo e seu universo povoado por vampiros (e lobisomens) não tem nada a ver com o fato da Universal ter acelerado a carruagem do projeto? De uma forma ou de outra, o trailer longo lançado precocemente mostra que o novo filme dá ênfase ao conflito familiar da trama clássica, ainda dá apertitivos do que parecem ser grandes atuações de Anthony Hopkins e Emily Blunt, enquanto o protagonista Del Toro pouco faz de impressionante em meio a efeitos especiais bem montados no clima de suspense nostalgista que faz a moda dos tempos de crise criativa que acaba trazendo de volta idéias do passado. O diretor Joe Johnston faz seu trabalho de sempre com a câmera, sem parecer particularmente inspirado, enquanto o roteiro escrito pelo autor de Seven ao lado do de Estrada Para a Perdição brilha em momentos isolados que prometem um filme igualmente fascinante e banal. É esperar para ver.

Data de Estréia: 12/02/2010 (Brasil)

Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… um dia de atraso para esse post, então as imagens devem sair só sábado mesmo. Faço questão de agradecer a todos os comentários que aprovavram ou não o novo formato, mas tomei gosto por essa divisão, vamos ver como ela funciona a longo prazo. Enfim, os melhores filmes para todos vocês e até mais!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº02 – Parte I

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Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº02 – Filme-pipoca – 17/08/2009

Parte I – Rumores: O futuro de Singer, remakes update, Anne Rice de volta as telas e as risadas do futuro.

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Bryan Singer é um paradoxo. Surgido para o mundo em meados dos anos 1990 como o novo gênio da narrativa e aternizando Os Suspeitos entre os melhores filmes de todos os tempos, ele partiu para adaptar uma das novelas dramáticas de Stephen King e saiu com o discutível O Aprendiz. Dois anos mais tarde, entrou no jogo de Hollywood e fez dos mutantes de X-Men algo inteligente e instigante mesmo para quem não gosta do esquema de ação desenfreada dos blockbusters. Repetiu a dose em uma continuação ainda melhor e em seguida dividiu opiniões de novo com a ousadia de um Superman – O Retorno anacrônico que não funcionou para o novo século. Por fim, voltou aos nazistas que povoaram O Aprendiz e dessa vez fez sua lição de casa com o tenso Operação Valquíria. Saindo direto do clima da década de 1940, agora ele aceitou o convite para viajar ao futuro e subverter mais um mundo estabelecido na adaptação da série de TV Battlestar Gallactica para as telas. O seriado, que chegou a pouco a seu fim após quatro no ar em solo americano, por sua vez já é remake de um modesto sucesso dos anos 1970, todo remodelado em um contexto de paranóia e política que, de acordo com os fãs da série setentista, passa longe do clima original. O roteiro, ao menos, está garantido para o veterano Glen Larson, criador e supervisor das duas versões da série e de mais outros clássicos da TV americana, como Magnum e Knight Rider. De resto, o rumor mais recente aponta o cantor-ator Justin Timberlake como um integrante do elenco, já que não foi confirmado se os atores da série estão no filme. Enquanto as coisas parecem boas para o novo projeto do diretor, porém, a já lendária continuação do filme do Homem de Aço parece perto de ser colocada na gaveta pela Warner, que está enfrentando um processo de direitos autorais da família do desenhista de quadrinhos Jerry Siegel, criador do personagem.

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Já que uma semana não é normal em Hollywood sem que o anúncio de algum remake ou reboot seja feito, não custa nada criar um lugar de gala para essa recorrência. O Remakes Update dessa semana tem três notícias bombásticas sobre futuras grandes estréias que devem suas premisssas a idéias de décadas atrás. A começar por Straw Dogs, remake bolado pela Sony Pictures para um lançamento no começo do próximo ano. O original é um dos clássicos do cinema instintivo e cheio de punch que marcou os anos 1970. Intitulado como Sob o Domínio do Medo em solo brasileiro, o filme trazia a marca do mestre da violência Sam Peckinpah (Meu Ódio Será Sua Herança) e ainda deu a um jovem Dustin Hoffman o estrelato definitivo na pele de um americano que se muda com a esposa britânica para uma cidadezinha inglesa e conhece a perversidade suburbana nas mãos de arruaceiros e seqüestradores. Polêmico para sua época, o filme deve ganhar uma revisão nas mãos do roteirista e diretor Rod Lurie, que assumiu o texto e a câmera do remake após o fracasso de sua série de TV Commander in Chief e já chegou surpreendendo com a escalação de James Marsden, o Ciclope da série dos X-Men, como um improvável protagonista. Ao lado dele estarão Kate Bosworth (Quebrando a Banca), Dominic Purcell (Prision Break), James Woods (Shark) e Alexander Skarsgard (True Blood). No mesmo passo polêmico está a continuação/refilmagem Predators, que saiu das mãos de Robert Rodriguez no começo do ano e desde então tem mudado de diretor a cada semana. O definitivo parece ser Nimrod Antal, que completou o thriller de assalto Armored recentemente e tem no currículo o terror Temos Vagas. A trama da vez é de um grupo de soldados, que pode ou não ser liderado por Derek Mears (Sexta-Feira 13), passando por apuros nas mãos do monstro em seu ambiente, um planeta distante. Por fim, a ressurreição de Gordon Gekko, o ícone da carreira de Michael Douglas no reboot Money Never Sleeps tomou seu rumo certo ao conquistar a simpatia do astro e do diretor Oliver Stone, responsável pela câmera do original, Wall Street.

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Com toda a agitação adolescente fervorosa em torno da série iniciada pelo subestimado Crepúsculo no ano passado, parece ser definitiva a posição dos vampiros como a mais nova moda avassladora a passar pelos estúdios hollywoodianos. E já que os direitos da série literária da escritora americana Stephenie Meyer estão garantidos para a modesta Summit Entertainment, os grandes estúdios já começaram a corrida para lançar a concorrência no mercado. Nessa disputa quem saiu na frente foi a Warner, que remexeu no fundo do baú e tirou os direitos de outra série de livros, Vampire Chronicles, da polêmica Anne Rice, que reascendeu por um tempo curto a mania dos sugadores de sangue em meados anos 1990. Os frutos cinematográficos mais notáveis da safra foram o arrasa-quarteirão com alma Entrevista com o Vampiro, estrelado por um Tom Cruise inspirado e com elenco coadjuvante bem estrelado, e o caça-níqueis A Rainha dos Condenados, que acabou se saindo bem nas bilheterias graças a publicidade da morte de sua atriz principal, a cantora-atriz Aaliyah. Todos esperamos que o mesmo tipo de coisa não aconteça na nova produção que o estúdio deu sinais de estar planejando para um lançamento em 2011. Embora quase nada de concreto esteja definido, o título generalizado dado ao projeto, The Vampire Chronicles, sugere que o novo filme seria um apanhado geral das idéias da autora espalhadas pelos nove livros da série, e não uma adaptação específica de um dos tomos. Por enquanto, o único rumor que circula sobre a produção é que Robert Downey Jr teria embarcado na missão de dar uma nova cara ao vampiro Lestat, já representado duas vezes na grande tela. O fato de que o ator desistiu a animação Oobermind, projeto pessoal do amigo Ben Stiller, apenas dá suporte a esses rumores.

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Quem conhece o mundo das comédias americanas não deve se deixar levar pela expressão mal-encarada do quarteto aí em cima. Capazes tanto de se perder nos próprios exageros quanto de criar verdadeiras pérolas de humor ácido e inteligente, os irmãos Wayans tiveram seus melhores momentos, mas seguem como uma das marcas mais fortes do universo cômico cinematográfico e televisivo ianque. Dos quatro, os três primeiros estão no momento ocupados com o desenvolvimento de uma das primeiras continuações da carreira dos irmãos. Patrocinada pela Sony, a seqüencia da comédia divisora de opiniões As Branquelas promete uma estréia de porte para tentar repetir o sucesso comercial do primeiro filme, que arrecadou mais do dobro de seu modesto custo de 37 milhões apenas em solo americano. Keenen Ivory, o primeiro da esquerda para a direita na foto, assumiu as câmeras e ficou atrás delas em 2004 para comandar Shawn (o segundo) e Marlon (terceiro) como dois agentes do FBI que precisam se fingir de meninas ricas, louras e mimadas para completar uma importante missão. Típica comédia alto astral que marca os melhores momentos da trupe, que está de volta toda para a continuação. Por falar em comédia, o clássico Brewster’s Millions está prestes a ganhar uma nova leitura no script dos novatos Matthew Sullivan e Michael Dilliberti. A última adaptação do livro sobre um pobretão que ganha duas heranças milionárias ao mesmo tempo mas precisa gastar toda a primeira para ter acesso a segunda contou com Richard Pyor no elenco.  Enquanto isso, temos a volta da dupla Ron Shelton e John Norville, que não trabalhavam juntos em um roteiro desde O Jogo da Paixão, de 1996, na comédia de golfe Q School, estrelada por Dennis Quaid e Tim Allen. E as novidades cômicas da semana terminam com o terceiro Entrando Numa Fria, que abriu testes para elenco coadjuvante e já tem todo o staff dos dois primeiros filmes garantidos, dessa vez com Paul Weitz (Tudo Pela Fama) na direção após a desistência de Jay Roach, que fez boa parte de seu nome no comando da série. Por enquanto, de nova na equipe só mesmo a estrela juvenil Raven-Symoné na pele da babá dos filhos do casal formando por Ben Stiller e Teri Polo.

Bom, pessoal, eu gostei do novo formato do Boletim, mas o pessoal reclamou do tamanho (com razão) então eu resolvi dividir em três partes na semana, uma para rumores, outra para trailers e mais uma para posters e fotos. Bom, além disso, nada mais a dizer. Os melhores filmes para todos vocês e até mais!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

X-Men Origens: Wolverine – Sobre heróis, dólares e faíscas

wolverine  X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, EUA, 2009).

De: Gavin Hood.

Com: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Lynn Collins, Taylor Kitsch, Dominic Monaghan, Ryan Reynolds.

107 minutos.

Filmes de super-heróis percorreram um longo e tortuoso caminho desde que se tornaram a próxima nova grande mania no final dos anos 1980, quando o Batman de Tim Burton tornou todos os envolvidos em milionários e consagrou o Paladino de Gotham como o maior dos representantes cinematográficos dos vigilantes criados para os quadrinhos. Ironicamente, acabou que o filme de Burton e suas continuações foram casos isolados de sucessos em um lote equivocado de adaptações apressadas que se tornaram fracassos retumbantes de bilheteria e crítica. Como todo o baque é sentido em forma de catástrofe para Hollywood, foi preciso mais de uma década para que o gênero fosse ressuscitado em uma operação surpreendente da Marvel, que colocou o arrebatador X-Men nas salas de exibição e saiu-se 200 milhões de dólares mais rica apenas em solo americano. Foi aí que o domínio da editora, até então menos bem-sucedida frente a concorrente DC no campo cinematográfico, redefiniu o rumo das adaptações de quadrinhos empreendidas pela máquina milionária hollywoodiana. Com muitos acertos (Homem-Aranha), poucos erros (Elektra) e respeito ao material original, entregando-o a diretores e roteiristas com competência certificada, a Marvel se tornou não apenas o maior símbolo da invasão dos filmes de quadrinhos, mas uma das grandes forças criativas e financeiras de uma capital do cinema que berra mais alto a cada ano o quanto precisa de novos ares. Nesse sentido, 2008 foi um ano mais do que definitivo para o gênero, entregando aos fãs o primeiro filme da Marvel agora incorporada como estúdio, Homem de Ferro, e ainda dando luz a sua primeira grande obra-prima, o sombrio furacão de O Cavaleiro das Trevas, vindo direto da concorrência da DC, que andava um pouco quieta demais nos anos anteriores. Tendo em mente esse historio em constante evolução e vislumbrando um futuro de seqüências e novos heróis aportando nos cinemas todos os anos, não tem como evitar ver Wolverine como uma regressão. O que não significa, em absoluto, que seja um filme ruim, apenas menos notável em frente a grandes revoluções do gênero, um filme que segue uma linha narrativa convencional e não demonstra tanto cuidado aos pequenos detalhes quanto seus companheiros de gênero mais festejados. De certa forma, é uma decepção ver um novo capítulo de uma série tão realista e política quanto X-Men, especialmente nos dois primeiros dirigidos por Bryan Singer (Operação Valquíria), seguir um caminho tão sem personalidade e brilho próprio quanto nessa nova aventura de origem assinada pelo sul-africano Gavin Hood, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo drama Infância Roubada e escolhido do astro e produtor Hugh Jackman (Austrália) para trazer a interação fantástica entre personagens da denúncia social de sua obra anterior para a trama movimentada por conflitos que marca essa narração da origem misteriosa do até então desmemoriado Logan, interpretado pelo mesmo Jackman nos filmes anteriores da série. Indestrutível, dono de instintos de lobo e garras de osso que saem por suas mãos, o Wolverine que conhecemos aqui é outro, mais convencional e talvez justamente por isso menos interessante do que aquele que abrilhantava as cenas da trilogia original, seja sob a direção de Singer ou de Brett Ratner (A Hora do Rush), que assumiu bem a câmera da série no terceiro e derradeiro capítulo. O mais grave, porém, é que, se não se conecta com o clima realista e político da série dos mutantes, como obra original e independente que claramente pretende ser, esse Wolverine não tem tanto para oferecer quanto era de esperar com tantos talentos envolvidos. Literalmente, é um filme divertido como Homem de Ferro, mas sem o tempero da personalidade de um Tony Stark. Para usar a expressão certa: absolutamente sem sal.

Os notórios e seguidos escorregões ao conduzir a trama soam ainda mais estranhos nas mãos de alguém com um histórico tão bom quanto o de David Benioff, autor dos textos de filmes díspares, mas sempre contundentes, como O Caçador de Pipas e A Passagem, ambos levados as telas pelo amigo e cineasta Marc Forster. Preso em uma trama já bem delimitada e com pouco espaço para inovar no relacionamento entre personagens que, no final das contas, já estão bem definidos aos olhos do público, ele não consegue pôr muito de seu habitual brilho num texto focado em um par de protagonistas que não se lembra de dar aos coadjuvantes uma motivação de verdade. Encarregado da parte mais fácil da missão, o co-autor do roteiro Skip Woods (Hitman) se sai quase ileso ao criar seqüências de ação interessantes e eficazes, mesmo que quase nunca inovadoras ou de fato empolgantes. Os diálogos conseguem soar verdadeiros, e a personalidade do par de personagens centrais cria uma interação que solta faíscas em duas atuações fascinantes, mas o restante do elenco se vê quase sem opções, perdendo a vantagem da surpresa em pouco tempo e não conseguindo ir além de um par de momentos carismáticos, mais por culpa do roteiro que os deixa jogados ao vento em meio a uma jornada intensa do que por falta de talento dos atores. A cena inicial se passa em pleno século XIX, quando o jovem James Howlett descobre possuir poder de cura, instintos de lobo e garras saindo de suas mãos ao mesmo tempo em que vê seu mundo virar de cabeça para baixo ao saber que o homem que o criou não é seu pai e que o filho do caseiro, o selvagem Victor Creed, é seu meio-irmão. Em seguida a montagem de abertura, muito bem-feita, mostra os dois lado a lado lutando em praticamente todas as guerras da humanidade da Civil Americana a do Vietnã, onde já adultos são recrutados pelo Coronel William Stryker para um grupo de mutantes que viaja ao mundo cumprindo missões para “servir seu país”. Para não estragar nenhuma surpresa, basta dizer que Logan (Hugh Jackman) se cansa de toda a violência praticada pelo grupo e se refugia em uma vida simples no interior canadense por três longos anos antes de se ver acossado por Stryker (Danny Huston) e seu irmão Victor (Liev Schreiber), que parece obcecado em matar todos os antigos integrantes da equipe e acaba encontrando Silverfox (Lynn Collins), a mulher que acompanha o irmão na vida “normal”, pelo caminho. Motivos estabelecidos e sede de vingança despertada no animal reprimido dentro do corpo humano do mutante, nada pode impedi-lo de se unir mais uma vez a Stryker e se tornar a cobaia da experiência da qual os fãs dos filmes ou dos quadrinhos sabem muito bem o desfecho. É claro, o filme vai bem além disso, amarrando com elegância as pontas entre a origem do herói e a trama dos três outros filmes da série mas nunca acrescentando muito ao ícone sólido que o herói se tornou nos últimos oito anos, desde o lançamento do primeiro X-Men, o grande divisor de águas para os super-heróis cinematográficos do novo século. Enfim, não coloque Wolverine para rodar esperando por inovações ou grandes surpresas, ou a natural decepção pode se tornar ainda maior. O que temos aqui é um objeto de estudo interessante para quem gosta de conflitos familiares com um pouco de diversão, não o filme que pretende mudar a visão que temos sobre uma franquia que pode ou não ter um novo capítulo nos cinemas em breve.

Como coração da trama que são, porém, é impossível negar que o grande motivo para assistir Wolverine é mesmo o duelo de atuações entre o já experimentado em assuntos mutantes Hugh Jackman e o novato no universo Liev Schreiber, conhecido por papéis secundários em filmes como o remake de A Profecia e o suspense A Soma de Todos os Medos. O primeiro, voltando ao papel que o tornou um dos mais estimados atores da atualidade tanto entre o público quanto entre a crítica, aparece bem confortável na pele do mutante instintivo e imprevisível que é Wolverine. Adequado bem ao papel, ele leva com a mesma naturalidade as cenas que exigem acessos de fúria e os poucos momentos românticos e dramáticos de uma trama quase desembalada entre cenas de ação cheias de impacto. Seja se utilizando do sarcasmo que marca o personagem ou tentando processar a informação de uma mentira das grandes que ataca direto em seus sentimentos e os vira de cabeça para baixo, Jackman é uma explosão em tela a cada segundo, e segura bem os momentos em que precisa levar o filme nas costas. Indiscutível, porém, que o ladrão de cenas de verdade aqui é Schreiber, atuando com puro instinto em um papel que poderia cair em mais do mesmo nas mãos de um ator mais desleixado. Quando é ele encarnando o irmão que abraça o lado feroz de sua natureza, porém, o que vemos é um vilão mais complexo do que se pode imaginar por baixo da superfície sólida que segue os passos tradicionais de composição de um bom antagonista e ganha pontos por ser conduzido por um ator que sabe controlar os próprios exageros como Schreiber. Ele é selvagem, é um assassino frio, mas no final das contas acaba sendo apenas um homem querendo provar que está certo. Nas mãos do ator, a mistura brilha intensamente. Uma pena que, a mais desses dois incendiários da tela, o restante do elenco tem pouco a fazer com seus personagens mal-desenvolvidos. Danny Huston (30 Dias de Noite) chega a dar sinais da criação de um Stryker interessante, mas se perde no meio do caminho para se encontrar apenas perto do final, quando as coisas já estão bem resolvidas e não há mais muito o que fazer. Sua performance na primeira cena em que aparece chega a superar a dos dois protagonistas, mas daí em diante Stryker é jogado tão para escanteio que fica difícil ver um pouco de brilho novamente em sua atuação. Quem se dá melhor é Taylor Kitsch, um dos jogadores da série Friday Night Lights, que sai daqui direto para o estrelato com o papel principal de John Carter of Mars quase garantido. Nada mais merecido para o ator carismático que ele demonstra ser ao encarnar o estiloso Gambit, que grita por mais tempo em tela a cada frame e dá sinais de render um filme solo com facilidade, mesmo quando é mandado para uma missão que simplesmente não faz sentido perto do final do filme. O elenco extenso ainda conta com uma inexpressiva Lynn Collins (O Número 23) e com o dabochadamente carismático Dominic Monaghan, o Charlie de Lost, que bem poderia estrelar um filme sozinho também. Assumindo a missão de risco de uma super-produção pela primeira vez em sua carreira e apenas em sua segunda investida em terras americanas, o diretor Gavin Hood não faz um mau trabalho, mostrando desenvoltura ao lidar com cenas de ação e não se metendo na frente de seus atores quando eles pedem por um pouco de brilho próprio, o que acaba realçando, para completar a faca de dois gumes, a fragilidade do texto. Se alguém tem mesmo tudo para comemorar na dança de franquias proposta por Wolverine, porém, esse alguém é Ryan Reynolds, que faz um par de cenas introdutórias para o todo seu Deadpool, que deve aportar nos cinemas nos próximos anos. Afinal, dólares são mesmo tudo no mundo cruel de Hollywood.

Nota: 6,0

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Bom, pessoal, e por hoje é isso… Vi esse filme no cinema, mas tive que ver de novo em DVD para ter minha impressão completa, vocês sabem como é… Enfim, quanto ao Boletim Cinéfilo, novo modelo, eu estou pensando em dividir ele em três edições espalhadas pela semana, mas como já estamos na terça-feira isso começaria semana que vem. Seriam os rumores na segunda, os trailers na quarta e os posters na sexta, certo? Bom, então os melhores filmes para todos vocês e até mais! Ah, e apróxima Lista da Década vem ainda nesse mês, preparem-se!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº01

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Novo Boletim Cinéfilo – Edição Nº01 – Filme-Pipoca - 03/08/2009

Parte I - Rumores: Piratas de volta a voga, novas refilmagens (só pra não perder o costume), a guerra de Bruckheimer e o sim de Sir Scott.

piratas 

Foi há quase quatro meses, no começo de Abril, que o primeiro balde de água fria caiu sobre o projeto de continuar a saga Piratas do Caribe em um quarto episódio. A trilogia original tinha seu segundo episódio entre os filmes mais assistidos de todos os tempos, rendera dezenas de nominações as categorias técnicas do Oscar e ainda ganhou lugar garantido na história do cinema ao revelar ao grande público o talento e a versatilidade de Johnny Depp, que fez do Capitão Sparrow logo aí em cima um dos ícones do novo século, roubando cenas daqueles que teoricamente deveriam ser protagonistas, o casal de bibelôs britânicos feitos por Orlando Bloom e Keira Knightley. Agora, dois anos depois do que parecia ser o fim da franquia, os rumores de sempre sobre uma continuação ganharam força com declarações de interesse por parte de Depp e do produtor, espertíssimo, Bruckheimer. Acontece que todo o resto do time não pareceu tão empolgado, e logo foi anunciado que os personagens de Bloom e Knightley não estariam no novo roteiro, de novo redigido por Terry Rossio, responsável pela trilogia original e por outros blockbusters eficientes como Déja Vu. Depois de rumores que hoje parecem infundados sobre o comediante Russell Brand (Ressaca de Amor) atuando na pele do irmão do capitão, por fim, quem desistiu da franquia foi o diretor Gore Verbinski, dono da câmera dos originais, que partiu para tocar o atribulado Bioshock. A saída do diretor parece ter baqueado a Disney, uma vez que o produtor Oren Aviv só pouco tempo atrás conseguiu falar com firmeza sobre o assunto, dizendo que a procura por um novo diretor está em andamento para o começo das filmagens ainda em 2010. Sete dias depois disso, o candidato que mais provocou sensação na mídia a cadeira de diretor foi Rob Marshall, o homem por trás de Chicago e Memórias de Uma Gueixa, sempre muito esmerado em seus visuais. Claro, não passa de um rumor. Mas será que Bruckheimer pensou que o diretor se sentiria bem em cenários do nível desse aí em cima? Só esperar o contrato ser assinado.

jesus christ superstar

Hollywood não tem limites em sua busca por mais lucro e investimento garantido. Se o objetivo for mesmo levar o público ao cinema e encher os cofres de algum grande estúdio, os executivos de preto presos em salas burocráticas são capazes de remexer na memória, nos clássicos e até na religião, assunto evitado como praga pela maioria das formas de arte. Portanto, se um dos três remakes que aparecerão nesse texto mexer em alguma parte delicada demais para você, não esmurre seu computador nem esbraveje contra mim. Não é nada pessoal, e no fim tudo o que eles querem mesmo é seu dinheiro. Dito isso, a rodada de hoje de refilmagens anunciadas pela já nem tão nova crise criativa da capital do cinema começa com, pasmem, Jesus Christ Superstar. Para quem não está familiarizado com o nome basta pensar em uma visão musical, teatral e herege da última semana de vida de Jesus segundo a Bíblia, tudo num palco da Broadway e sob o texto cheio de sarcasmo do consagrado Andrew Lloyd Weber. A peça pode ter gerado protestos em pleno começo da década de 1970, mas foi o filme, de três anos depois, que deu a trama status de cult da dramaturgia moderna. Agora, mais de três décadas depois, o filho do Homem deve voltar ao cinema com sua jornada alternativa, tudo bancado pelo recente investimento da Universal em musiciais e sob a câmera que pode ser do inexperiente Marc Webb, cuja estréia, a comédia (500) Days of Summer, ganhou elogios da crítica americana. É claro que os planos da terra do cinema para reciclar idéias não param por aí e tem como alvo preferencial a nostalgia dos mais velhos, que viram o mito dos Gremlins crescer sob a direção do mestre do cinema trash Joe Dante e agora podem preparar a pipoca para vê-los surgir em um novo século, tudo sob a supervisão do próprio Dante, que parece não ver motivos para deixar a trama de lado e assumiu a direção do remake. Por fim, a lista do dia termina com Captain Blood, projeto já comentado há algum tempo para refazer a aventura lançada em 1935 e estrelada por Errol Flynn. Agora o remake ganhou os irmãos Michael e Peter Spierig, roteiristas responsáveis pelo inédito Daybreakers, na autoria do roteiro e Philip Noyce (Perigo Real e Imediato) disposto a assumir o cargo de diretor.

bruck

Sorriso torto, barba mal-feita, cabelo fora de moda, rugas prematuras indisfarçáveis pela maquiagem. Alguns devem estar acostumados com o rosto aí em cima, mas aqueles que não o estão são bem capazes de julgá-lo abaixo da realidade. Difícil acreditar que o homem franzino e de certa forma pitoresco na foto é, sem nenhum exagero, a figura mais poderosa da Hollywood atual. Se o rosto não é o bastante, então o nome de Jerry Bruckheimer já deve ter cruzado seus olhos antes do início de um arrasa-quarteirão americano ou nos créditos finais de um seriado televisivo badalado. O estranho é que pouca gente dentro da terra do cinema acreditava que ele pudesse sobreviver sozinho após a morte do parceiro Don Simpson em 1996, logo depois da finalização de A Rocha. É claro, o meio bilhão de dólares que fez Armageddon foi o bastante para acabar com essa impressão, e desde então o produtor tem ocupado o posto de nome mais valorizado do cinema ianque com filmes que quase nunca esbarram na ousadia, mas são diversão mais do que garantida. Boa notícia? Ele não pensa em parar tão cedo. Só no próximo ano seu nome está envolvido em duas mega-produções, a adatpação de video-game Prince of Persia e o remake em live-action do clássico da animação tradicional Aprendiz de Feiticeiro, ambos com a vinheta da Disney antes da primeira imagem. Mas a bola da vez no cronograma futuro de Bruckheimer parece mesmo serem os filmes de guerra, que nunca foram o forte na sua filmografia. Falha que pode ser revertida em Killing Rommel, thriller da Segunda Guerra focado nos esforços do exército britânico para derrubar o lendário Erwin Rommel, oficial nazista conhecido como “Raposa do Deserto”. Num campo mais atual de batalha, Horse Soldiers é a adaptação literária sobre o grupo de agentes invadindo o Afeganistão em uma operação ultra-secreta para desbaratar o Talibã. Depois de passado e presente, por fim, ele embarca para uma guerra do futuro similar a da série Exterminador do Futuro na adaptação da graphic novel World War Reboot, que narra a batalha final entre humanos e máquinas na Terra, na Lua e em Marte. Pela marcha das coisas, os três devem chegar aos cinemas em 2012.

ridley

O pior dos psicopatas é aquele podemos entender. Por mais que seja aterrorizante, sufocante e cheio de paranóia e maestria técnica, nunca foi possível determinar porque Alien – O Oitavo Passageiro se tornou um filme tão atemporal e universalmente perturbador. Historicamente, foi um divisor de águas, um suspense de ficção que definiu pra sempre um conceito diferente de volta as raízes do cinema, psicológico e cheio de sombras, paranóico e claustrofóbico sem deixar de ser fortemente visual e violento. Mas para além dessa importância, Alien foi um filme sem mocinhos e vilões, sem estereótipos e sem a inocência de valores que marcaria o cinema da década seguinte a sua. Havia um monstro seguindo seu instinto, que fora tirado de seu habitat natural e havia o grupo de pessoas distintas que lutavam para sobreviver e ainda assim não deixavam de se digladiar entre si. Prova disso era Ash, andróide disfarçado dono de mais cenas aflitivas e mais repulsão pura e simples do que o próprio monstro, desenhado com maestria perturbadora pelo artista H.R. Giger. Ainda assim, não teriam Ash e o Alien motivos até mais comprensíveis que os dos próprios humanos? A perturbação, no final, não vinha do clima, mas da condição. Vilões mais motivados que heróis. Bela revolução e estratégia que só poderia ser traduzida pela câmera do mestre dos mestres Ridley Scott, na época um jovem sem poucos créditos notáveis, hoje o grisalho lorde inglês aí em cima, que, surpresa para os fãs da série, parece ter se cansado de ver sua obra-prima ser dilacerada por filmes como Alien Vs. Predador e aceitou de novo tomar as rédeas da história da Tenente Ripley para uma prequel, que está sendo planejada pela Fox há algum tempo, mas ganhou força com a confirmação que Scott está disposto a voltar. A própria Weaver disse que confia plenamente no diretor, e que gosta da idéia de dar ao monstro uma origem própria. Resta esperar que nenhum Predador se meta na frente da câmera dessa vez.

Parte II – Trailers: irmãos alternativos, guerreiros solitários, raposas em família e uma dona de casa desesperada de verdade.

A Serious Man (2009)

Direção: Joel Coen, Ethan Coen.

Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen.

Elenco: Michael Stuhlbarg, Adam Arkin, Richard Kind, Sari Lennick.

Sinopse: O ano é 1967, e o protagonista é o professor do Meio-Oeste americano Larry Gopnik, um fracassado que vê sua vida desmoronar quando a esposa se prepara para deixá-lo, tudo porque seu estúpido irmão, do qual Larry cuidou a vida toda, não quer sair de casa.

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Mais uma vez os irmãos Coen fogem do esquema hollywoodiano de se levar a carreira e fazem um filme que soa extremamente pessoal ao mesmo tempo que atinje em cheio o modo de vida medíocre de toda uma sociedade que se acostumou ao fracasso pessoal e profissional. A sinfonia montada por sons bizarros vindos de cenas progressivamente mais pitorescas mostra que os dois não perderam a veia cômica, cada vez mais sofisticada e combinada com críticas sociais que devem soar alto na interpretação promissora do desconhecido Michael Stuhlbarg. Ao seu lado, Adam Arkin promete momentos de diversão culpada na pele do irmãos retardado do protagonista, tudo permeado pelo grande domínio narrativo dos Coen, autores do roteiro. Promete o que pode cumprir, e não é pouco.

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 Data de estréia: 02/10/2009 (EUA, circuito limitado)

The Book of Eli (2010)

Direção: Albert Hughes, Allen Hughes.

Roteiro: Gary Whitta.

Elenco: Denzel Washington, Michael Ganbon, Gary Oldman, Mila Kunis.

Sinopse: Num mundo pós-apocalíptico, um homem solitário atravessa a América destruída para proteger um livro que pode conter o segredo para salvar toda a humanidade.

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Trailers de filmes de ação podem ser os mais enganadores e difíceis de interpretar, mas não é preciso uma mensagem tão clara para pegar no ar as dicas do que o filme pode ser. Aqui, o destaque é claramente o visual criado pelos irmãos Hughes, que não pegavam na câmera há impressionantes oito anos desde o fracasso do suspense sangrento Do Inferno, mas parece não ter perdido o faro para cenas de ação que de convencionais não tem nada. Sem a edição frenética e a câmera sem controle que marca os atuais modismos, a beleza da violência é quase palpável, seja em uma explosão ou em uma luta brutal filmada toda na base de sombras. Denzel Washington, por outro lado, não parece tão inspirado quanto seus comandantes, entquanto o trailer desperdiça a chance de dar um aperitivo da volta de Gary Oldman aos vilões.

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Data de estréia: 15/01/2010 (EUA)

The Fantastic Mr. Fox (2009)

Direção: Wes Anderson.

Roteiro: Wes Anderson, Noah Baumbach.

Elenco: Meryl Streep, George Clooney, Owen Wilson, Michael Ganbon, Willem Dafoe, Bill Murray, Adrien Brody, Anjelica Houston.

Sinopse: Baseado na novela do escritor infantil Roald Dahl, Anderson compôs um insólito drama familiar sobre uma família de raposas que precisa se defender das investidas de um fazendeiro cansado de dividir sua produção com os animais.

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“Esqueça o super. Ignore o incrível. A hora é do fantástico!”. Simples assim, com palavras quase surpreendentes de tão óbvias, o trailer de Fantastic Mr. Fox consegue ir, em meros dois minutos e meio, da pura estranheza direto para a cativação mais inesperada dos últimos anos. Mérito de Wes Anderson, o homem por trás de Viagem a Darjeeling, o autor do roteiro que adapta a obra infantil clássica do mesmo autor de A Fantástica Fábrica de Chocolate ao lado do queridinho da crítica Noah Baumbach (Margot e o Casamento). Com uma trama familiar que tem raposas como protagonistas nas mãos, Anderson chamou uma trupe de peso para dublar personagens pitorescos e criou um produto que é ao mesmo tempo visualmente artístico e inesperadamente cativante. A distribuição brasileira, ainda bem, já está garantida.

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Data de estréia: 04/12/2009 (Brasil)

My One and Only (2009)

Direção: Richard Loncraine.

Roteiro: Charlie Peters.

Elenco: Renée Zellweger, Logan Lerman, Kevin Bacon, Nick Stahl.

Sinopse: Em plenos anos 1950, acompanhamos uma glamourosa dona de casa que atravessa o país a procura de um novo marido pra bancar o elevado nível de vida dela e de seus filhos.

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Os elementos em comum são demais para não ligar My One and Only a pouquíssimo notada comédia romântica nostágica O Amor Não Tem Regras, que George Clooney dirigiu em 2006 para descansar de dois filmes sérios demais e que a mesma Renée Zellweger co-estrelou na pele de uma mulher independente e ousada para sua época que trazia por trás da personalidade explosiva uma paixão a ser descoberta. Em resumo, é o mesmo papel da inglesa nesse novo romance de Richard Loncraine (Wimbledon), que aposta na atriz e na química com o jovem Logan Lerman (Os Indomáveis) para carregar uma trama que parece não ter nenhuma inovação nos caminhos que toma, algo no mínimo irônico para um road movie.

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Data de estréia: 21/08/2009 (EUA, circuito limitado)

Parte III – Posteres e imagens: Sandler nos palcos, Kutcher brincando com fogo, Binoche de vota a terra e a última da Disney.

funny people 1

A mistura pode não ter funcionado como poderia na primeira tentativa, mas alguém duvida que uma hora ou outra a parceria entre um dos maiores astros da comédia americana e o diretor mais badalado no gênero do momento vai produzir uma obra-prima cômica? As chances de Funny People, ao menos, são bem mais substanciais do que as de uma bobagem sem personalidade como Zohan. Veja bem, há Sandler exercitando seu lado agridoce como um comediante de palco que pode estar morrendo, Seth Roger na pele de seu melhor amigo e um roteiro que promete quilos de metalingüagem assinado por Judd Apatow, dono dos créditos por Ligeiramente Grávidos. Alguma chance remota de ser algo tão repugnante quanto um agente secreto israelense que viaja a Nova York e se torna o cabeleireiro com a vida sexual mais ativa de todos os tempos? É esperar a Universal resolver lançar a pérola por aqui.

jogando com prazer 

Nikki, o protagonista da improvável trama de Jogando com Prazer, não é apenas mais um jovem perdido na vida que se joga a um mundo de drogas, prazeres e crimes sem saber onde está se metendo e sem um objetivo qualquer em mente. Não poderia o ser nas mãos do polêmico, mas sempre brutalmente competente David Mackenzie, diretor que fez fama com o voyeurístico Olhar do Desejo e agora traz para as telas a história de um jovem que vive a vida como um jogo. De conquistas e de privilégios que vão se escalando sem realmente se importar quão significante cada degrau realmente é. Justamente quando parece estar no paraíso, com uma namorada linda e rica, aproveitando o melhor da vida, porém, Nikki se apaixona. Romântico, não? Nada que um seguro Ashton Kutcher não consiga levar para um novo nível, tudo enquanto o diretor destila o melhor de sua ambientação visual. O resultado estréia em 25 de Setembro.

paris

O cineasta francês Cédric Klapisch ficou conhecido no mundo todo pelo filme-coral O Albergue Espanhol, um drama de riqueza impressionante que passeava por realidade e ficção com distinção tremenda. A coisa pode ter mudado um pouco de figura e de foco, mas é mais ou menos a mesma sensibilidade visual e de roteiro que se deve esperar de sua mais nova peripécia, intitulada Paris, que deveria ter chegar ao Brasil no começo do mês passado mas, ao que parece, deve aportar mesmo só em DVD. Quando acontecer, não deixe de conferir a trama levada nas costas pelo ator-fetiche do cineasta, Romain Duris, atuando como um dançarino com problemas cardíacos que passa dias melancólicos observando a capital francesa em plena dança frente aos seus olhos, que vigiam da janela de um apartamento. A mudança é introduzida na chegada de Élise, sua irmã mais velha, feita por Juliette Binoche.

prince of persia

Mike Newell já saiu ileso, e ainda vitorioso, das pressões envolvendo o quarto capítulo da série mais vista de todos os tempos, Harry Potter. A marcação dos fãs do video-game que inspirou a produção do vindouro Prince of Persia: Sands of Time, portanto, devem ser a última de suas preocupações no momento, finalizando a pós-produção de sua nova obra com Jerry Bruckheimer ao lado e a Disney pressionando para um adiantamento praticamente impossível de data. Enquanto o filme ainda está marcado para Maio do ano que vem, dá para curtir os primeiros posteres lançados na rede, que mostram Jake Gyllenhaal pronto para a batalha em uma encarnação fiel ao personagem original e os olhos hipnotizantes da ex-bondgirl Gemma Arterton adornando o sugestivo slogan de uma palavra só. “Destino” parece ser a palavra-chave na nova super-produção hollywoodiana, mas ainda faltam dez meses para conferir se o do filme é mesmo uma bilheteria gloriosa.

Bom, primeiro os esclarecimentos: esse formato é um protótipo para o novo Boletim, estou aberto a sugestões, críticas, comentários, tudo. Só quero mesmo mudar, porque senti que não estava mais funcionando do jeito certo. A idéia foi mesmo diminuir o tamanho dos textos e passar mais informação… E é isso, espero que tenham gostado! Os melhores filmes para todos vocês e até mais!