sábado, 31 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (31/01/2009)

Stallone a todo vapor

Depois dos anúncios do elenco estrelado e das filmagens brasileiras de "The Expendbles", o astro renascido das cinzas não demorou para aproveitar a visibilidade e anunciar seu próximo projeto. Embora não tenha sido um grande sucesso, o fato de "Rambo IV" ter superado seu orçamento parece ter animado a Weinstein Company, que anda precisando urgente de uma franquia para chamar de sua. O produtor (e dono do estúdio) Harvey Weinstein disse recentemente que um quinto filme do veterano da Guerra do Vietnã deve começar a ser escrito assim que Stallone gritar o derradeiro “corta” de "The Expendables". O próprio, que deve mais uma vez dirigir o projeto, disse que já teve algumas idéias para a continuidade do personagem. Nas suas próprias palavras: “queria aproveitar Rambo para outro gênero, experimentar um pouco com o personagem”. Os fãs esperam ansiosos.

Um recado de Hollywood
A terceira e última noite do Hollywood Brazilian Film Festival distribuiu os últimos prêmios e aproveitou para deixar um recado para os críticos brasileiros. O prêmio de melhor documentário foi para "Balé de Pés no Chão", que segundo a própria organizadora do evento, trata-se de “uma história de arte e amor” protagonizada por Mercedez Batista, a primeira bailarina negra a se apresentar no Teatro Municipal. O prêmio mais esperado da noite, de Melhor Diretor, foi o que se encarregou da lição de moral. Guel Arraes, 55 anos, pernambucano, sempre foi considerado popularesco demais pelos “entendidos” que esperavam discussões sérias do cinema brasileiro. Hollywood, porém, parece não achar que alta bilheteria é sinal de baixa qualidade, e premiou o diretor pelo trabalho no filme "Romance" (a foto aí em cima é uma cena do filme). Como o diretor não estava presente na cerimônia, o ator Max Fercondini recebeu o prêmio por ele, declarando que “nosso cinema está avançando cada vez mais e este festival vai mostrar nossas caras”.

Get Smart... Again

Quando foi lançado em junho passado como a ressurreição de um dos personagens preferidos dos fãs de séries clássicas, era impossível não notar o cheiro de franquia que depreendia de "Agente 86". Depois de o filme ultrapassar a marca mágica dos 200 milhões de bilheteria, então, era quase impossível não haver continuação. Pois a data de estréia já está marcada e as agendas dos astros já estão sendo sincronizadas para que "Get Smart 2" chegue aos cinemas na primavera de 2010, o que já denota certo cuidado Warner ao não deixar o filme competindo com os arrasa-quarteirões do verão americano. Ainda assim, quase todos os nomes da bem-sucedida fórmula do primeiro filme já acertaram para rodar a continuação. Steve Carell, é claro, foi o primeiro a embarcar no projeto para reprisar o papel do agente secreto Maxwell Smart. Em seguida, o diretor Peter Segal ("Como se Fosse a Primeira Vez") também aceitou repetir a dose, e os coadjuvantes Anne Hathaway (Agente 99) e Alan Arkin (O Chefe) confirmaram o retorno.

A Lenda de Robocop
E parece que a onda de reformulação de personagens clássicos não vai passar tão cedo em Hollywood. Depois do anúncio de um novo "Drácula", chegou a vez do policial do futuro criado no neoclássico instantâneo "Robocop", de Paul Verhoeven, voltar a ativa. Embora Peter Weller, intérprete do mutilado Alex Murphy nos dois primeiros filmes, não tenha confirmado sua volta, o filme já tem diretor e roteiro acertados. O script, redigido por David Self ("Estrada Para a Perdição"), deixa de lado toda a linha cronológica do personagem e segue o perigoso caminho de recontar sua origem. E quer algo ainda mais alarmante? O nome para a cadeira de direção não é nada convencional: em vez de um diretor de ação renomado, o sensível e independente Darren Aronofsky ("Fonte da Vida") é que foi escolhido para comandar o filme. Os fãs puderam suspirar um pouco aliviados ao receberem a notícia de que o filme receberá classificação “R” em solo americano, o que pode equivaler a um “16 anos” no padrão brasileiro.


Bom, pessoal, e por hoje é isso... obrigado uma vez mais por todos os comentários, e é claro pelo selo, que já está repassado... bons filmes para todos e até amahã!

Madagascar 2 - Evolução é a palavra-chave

Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa, EUA, 2008).

De: Eric Darnell & Tom McGrath.

Com: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sasha Baron Cohen, Cedric The Entertainer, Bernie Mac, Alec Baldwin.

89 minutos.




Em 2005, tudo parecia normal no mundo da animação digital. A Pixar mostrava mais uma vez porque a dominação desse setor era sua por direito com o criativo de delicioso "Os Incríveis". A Disney dava o primeiro passo no caminho da volta por cima com o sucesso de "O Galinho Chicken Little". Entre esses dois acontecimentos, entretanto, a Dreamworks de Steven Spielberg lançou seu coringa do ano, a terceira produção em longa-metragem do setor de animação do estúdio. O objetivo de "Madagascar" era provar que a Dreamworks Animation não vivia apenas do sucesso da série "Shrek", cujo segundo capítulo havia quebrado todos os recordes do gênero no ano anterior. Deu certo. A divertida jornada de um leão (Ben Stiller), uma zebra (Chris Rock), uma "girafo" (David Schwimmer) e uma hipopótama (Jada Pinkett Smith) que fugiam do zoológico do Central Park para acabar caindo na remota ilha que dá nome ao título cativou o público e arrecadou impressionantes 431 milhões de dólares ao redor do mundo. Três anos se passaram desde então, a Pixar continua na ponta do ice-berg quando se trata de animação, e a Disney parece ter se recuperado de vez com "Bolt – O Supercão". A Dreamworks, com os cofres cheios das bilheterias de "Shrek Terceiro" e do revolucionário "Kung Fu Panda", resolveu então produzir uma seqüência do filme que trouxe reconhecimento para o estúdio como uma das potências da animação. Sorte a nossa.

"Madagascar 2" proporciona ainda mais diversão do que seu antecessor, injeta mais personalidade as personagens, possui uma animação mais bem-acabada e tem tanto potencial para as bilheterias quanto o primeiro. O filme não perde tempo para apresentar a trama, o que pode ser tanto uma armadilha quanto uma virtude. Ainda bem que o roteiro de Ethan Cohen ("Trovão Tropical") usa o dinamismo a seu favor e não se esquece de divertir com algum conteúdo. Mas enfim, o fato é que os náufragos deixam Madagascar em um avião consertado na companhia do rei da ilha, o hilário Julien (Sasha Baron Cohen), mas a direção “imprudente” dos mesmo cínicos e divertidos pingüims do primeiro filme os leva a uma “aterrisagem forçada” na África, onde cada um dos protagonistas encontra suas raízes. Alex, o leão, descobre que é na verdade o filho perdido do chefe do bando, mas tem de lidar com as armações de Makunga (Alec Baldwin), que almeja o cargo de seu pai. Enquanto isso, Marty, a zebra, descobre que não é afinal tão diferente de todos os outros e Melman, a girafa, encontra sua vocação para curandeiro enquanto decobre também sua paixão pela hipopótama Gloria, que parece ter encontrado a chance de desencalhar nos braços do arrogante Moto Moto (Will I Am). A parte romântica envolvendo Melman e Gloria é trabalhada com maestria pelo roteiro, que combina os toques fundamentais de toda história de amor com a estranheza natural que causaria o romance entre uma hipopótama e uma girafa. O reencontro de Alex com a família e com a descoberta do que é ser um leão de verdade é comovente e cômico ao mesmo tempo, o tipo de humor agridoce irresistível. Já as desventuras de Marty estre os outros de sua espécie dizem muito sobre amizade e o que torna cada um de nós únicos.

São discussões que ultrapassam a superficialidade do primeiro filme e fazem de "Madagascar 2" um filme muito melhor daquele que o mundo assistiu em 2005. A animação é inteligente, mantendo os traços ligeiramente humanizados dos animais sem deixar de ser detalhista em todos os aspectos das lindas paisagens africanas. A dupla de diretores Eric Darnell & Tom McGrath retornam mais habilidosos e maduros ao movimentar a proverbial câmera da animação de forma discreta sem cair na mediocridade. O elenco de vozes ajuda bastante, ainda mais estrelado do que era no anterior, ganhando ilustres adições como as de Cedric The Entertainer ("Operação Limpeza"), dando voz ao assistente do rei Julien, o falecido Bernie Mac na pele do pai de Alex, Alec Baldwin exercitando a vilania ao encarnar o perigoso Makunga e até o rapper Will I Am, integrante do grupo Black Eyed Peãs, em breve participação como o hipopótamo Moto Moto. Rasteiro e divertido em seus modestos 89 minutos, "Madagascar 2" consegue fazer rir com aquela sensação de algo mais que crítico nenhum conseguiria descrever. Em uma frase: não deixe de assistir.

Nota: 7,5

Olha que Blog Maneiro! - Primeiro selo do Filme-Pipoca

E o Filme-Pipoca acaba de orgulhosamente receber o primeiro selo! Como mandam as regras, vou dar o link do pessoal que me indicou e aproveito para mandar um grande agradecimento para os autores desses dois blogs: - É só vento... - (http://www.esovento.blogspot.com/) e Do Not Cross (http://dncdonotcross.blogspot.com/). Valeu mesmo!

O selo, lindo por sinal, um dos mais criativos que rodam por aí, vem apompanhado de sete regrinhas muito interessantes. Vamos lá:




1-) Exiba a imagem do selo "Olha Que Blog Maneiro" que você acabou de ganhar!
2-) Poste o link do blog que te indicou.
3-) Indique 10 blogs de sua preferência.
4-) Avise seus indicados.
5-) Publique as regras.
6-) Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7-) Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma cariatura em P&B.

Bom, aqui vão meus 10 blogs indicados:

http://ananicolau.blogspot.com/
http://jcdavid.blogfatal.com/
http://rockeriot.blogspot.com/
http://bagageirodocurioso.spaceblog.com.br/
http://www.farofaapimentada.blogspot.com/
http://oitentando.blogspot.com/
http://seriespps.blogspot.com/
http://www.indicoesseblog.blogspot.com/
http://redescobrindosp.blogspot.com/
http://leozukinho18.blogspot.com/

Bom, agora estou indo para avisar os blogs maneiros aí de cima... está indicado para todos vocês! E mais uma vez agradeço pelo selo! Daqui a pouco, a crítica do dia para vocês! Até mais!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (30/01/2009)

Abram alas para o Gato!

Quando o Gato de Botas munido com a voz retumbante de Antonio Banderas conquistou o mundo com um olhar de piedade em "Shrek 2", não era difícil imaginar o enorme potencial que o personagem tinha. Pois parece que a DreamWorks também não deixou passar a popularidade do gatuno, e depois de muitos rumores e poucas notícias, "Puss in Boots", filme-solo do personagem e primeiro spin-off da bem-sucedida série do ogro, já está marcado para estrear em 2010 como uma espécie de prévia de "Shrek Goes Fourth". Antonio Banderas, que já declarou se orgulhar muito do personagem, já assinou para repetir a dose no novo filme, enquanto os roteiristas David Steinberg ("American Pie 2") e Jon Zack ("Nota Máxima") trabalham no script. Embora nada esteja confirmado, o desconhecido Tom Wheeler pode ser o diretor do filme.

As Viagens de Jack Black

Mantido em absoluto sigilo pela Fox (prática comum em adaptação de obras de domínio público), a nova versão de "As Viagens de Gulliver", baseado no clássico da literatura de Jonathan Swift, aos poucos ganha um elenco estrelado e diretor badalado. Para começar, parece que o personagem-título, um viajante de espírito livre que vai de uma terra de gigantes a um vale de pessoas extremamente pequenas, deve cair nas mãos de Jack Black, mais conhecido por seus papéis cômicos em filmes como "Trovão Tropical", mas que já demonstrou muito potencial dramático em "King Kong". Enquanto isso, a inglesa Emily Blunt ("O Diabo Veste Prada") deve viver a princesa do tal vale, amor platônico do camponês Horatio, que deve ser interpretado pelo comediante Jason Segel, conhecido como coadjuvante de filmes como "Ressaca de Amor" e "Ligeiramente Grávidos". Prestes a lançar a animação em 3D "Monstros VS. Aliens", o diretor Rob Letterman pode ser o comandante da aventura.

Que Greyskull nos ajude

Que atire a primeira pedra aquele que nunca se divertiu nas manhãs de fim-de-semana com o desenho animado "He-Man e os Mestres do Universo" ou mesmo se pegou assistindo um pedaço do filme estrelado por Dolph Lundgreen nas Sessões da Tarde da vida. Tudo bem, charme trash e ícone pop é uma coisa, mas será que alguém ainda acha que Greyskull tem espaço na briga dos blockbusters do verão americano? Das duas, uma: ou o produtor Joel Silver ("Matrix") pretende se aposentar prematuramente, ou ele é terrivelmente esperto. Em meio a febre de nostalgia dos anos 80, o produtor anunciou o diretor John Stevenson ("Kung Fu Panda") para comandar a nova adaptação live-action de "Masters of the Universe", roteirizada pelo desconhecido Justin Marks. Ainda não há protagonista definido. Quer mais notícias bizarras de Silver? Ele está em uma parceria com a Warner para o filme da linha de brinquedos "Hot Wheels".

Depois da extinção
Três filmes e 370 milhões de dólares depois, a franquia "Resident Evil" está a um passo de se tornar mais famosa no cinema do que nos games, onde tem uma duradoura série de mais de uma dezena de jogos para todas as plataformas imagináveis. Com o recorde de bilheteria de "A Extinção", ano passado, parece que é a hora de um novo capítulo ser acrescentado as aventuras de Alice (Milla Jovovich), que continua sua luta contras as aberrações da ambiciosa Umbrella Corporation. Embora alguns rumores tenham dado conta de Claire Redfield, interpretada por Ali Larter ("Heroes") no terceiro capítulo, como a protagonista da nova aventura, o produtor Jeremy Bolt e o roteirista Paul W.S. Anderson ("Alien VS. Predador") declararam recentemente que não há planos para a troca de protagonista. Ainda assim, as negociações com Jovovich ainda não chegaram a um acordo e o filme ainda não tem um diretor ou título definitivo.

Direto do inferno
Criticado em seu lançamento, a versão do anti-herói "Motoqueiro Fantasma" pelo diretor Mark Steven Johnson ("Demolidor") conquistou o público e ultrapassou a marca de 100 milhões de dólares apenas nos EUA. E parece que Nicolas Cage, intérprete de Johnny Blaze no primeiro filme, pretende salvar sua carreira, que anda mal depois de "Perigo em Bangkok" e "O Vidente", com a continuação das aventuras do homem cuja alma pertence ao diabo. Segundo o próprio, a seqüência pode ser ambientada na Europa. Em entrevista promovendo seu último filme, Cage disse que teve “uma ótima reunião com o estúdio há três meses, e conversamos sobre levar o personagem para uma viagem internacional pela Europa”. O astro ainda disse que a história do personagem pode cruzar o caminho da Igreja católica. Apesar das declarações de desinteresse de Eva Mendes, par romântico do herói no primeiro filme, a Columbia já está a procura de um roteirista para o longa.

Drácula Begins

“Drácula não é um cara mau”. A declaração, saída da boca de Gary Oldman, intérprete do vampiro mais famoso do universo em "Drácula de Bram Stoker", parece ter surtido efeito nos aspirantes a roteiristas e fãs de vampirismo. Depois da humanização e do sucesso de "Crepúsculo", o próximo lançamento com caninos avantajados será "Dracula Year Zero". O roteiro, assinado pelos estreantes Matt Sazama e Burck Sharpless, remonta a origem do personagem, mostrando-o como um herói falho em uma trágica história de amor situada em uma era sombria para a humanidade. Trabalhando no projeto desde o fim de 2007, o diretor Alex Proyas ("Eu, Robô") recentemente declarou que “o roteiro mistura a vida do príncipe Vlad, inspirador da criação do personagem, com a obra escrita por Bram Stoker”. Enquanto os fãs mais radicais esperam apreensivos, o filme ganhou uma improvável data de estréia: 31/12/2010.

Meu nome é Fleming, Ian Fleming

Depois da recente e bem-sucedida reinvenção com "Cassino Royale" e "Quantum of Solace", a franquia do espião mais famoso do planeta pode ganhar nova popularidade ao investir em um projeto paralelo que os fãs esperam já há algum tempo. "Fleming", cinebiografia do lendário criador de 007, Ian Fleming, ainda não tem diretor nem data de estréia definidas, mas promete ser uma versão mais realista das aventuras de James Bond. Segundo as publicações especializadas, o filme deve focar em como a experiência do autor no mundo da espionagem o influenciou a criar o agente secreto do MI-6. Aos poucos as notícias relacionadas ao filme chegam aos ouvidos dos fãs. Para começar, Leonardo DiCaprio assinou para viver o escritor, e chegou tomando conta do projeto. O astro contratou outro roteirista, John Orloff ("O Preço da Coragem"), para trabalhar em cima do script do estreante Damien Stevenson. No momento, DiCaprio está rodando sua nova parceria com Martin Scorsese, "Shutter Island".

Bom, pessoal, e por hoje é só mesmo... como sempre agradeço por todos os comentários em mais esse dia de cinéfilo... esse blog está tomando boa parte da minha vida, e o mais surpreendente e que eu estou adorando! Bons filmes para todos e até amanhã!

O Expresso Polar - A inocência antes da ambição

O Expresso Polar (The Polar Express, EUA, 2004).

De: Robert Zemeckis.

Com: Tom Hanks, Leslie Zemeckis, Nona Gaye, Chris Coppola.

99 minutos.









Robert Zemeckis é um dos poucos cineastas que consegue conciliar um enorme prestígio crítico com uma carreira extremamente bem-sucedida nas bilheterias. Desde 1984, quando "Tudo por Uma Esmeralda" revelou esse americano de Chicago, Zemeckis sempre esteve a frente de seu tempo em termos de cinema. Inventou a ficção científica adolescente com a inesquecível trilogia "De Volta Para o Futuro", foi o primeiro a combinar desenho animado e atores reais em "Uma Cilada Para Roger Rabbit" e mostrou ao mundo como fazer um filme patriótico sem ser óbvio com "Forrest Gump" (um filme que Oliver Stone precisa assistir com urgência), e ainda levou o Oscar de Melhor Diretor na brincadeira. Revisado seu histórico, não é de se surpreender que quatro anos atrás, quando as bilheterias americanas sofriam uma queda considerável, tenha sido ele o primeiro a perceber que inovação era o que o público queria. "O Expresso Polar" estreou em 10 de novembro de 2004 nos EUA como uma tentativa desesperada e arriscada de recuperar-se da crise, mas também como o primeiro filme produzido através da tecnologia de captura de performance. O resultado não foi exatamente o estouro de bilheteria que se esperava, mas o fato é que "O Expresso Polar" fechou a conta com mais de 160 milhões em caixa. Mas quer saber qual é o fator que faz de "O Expresso Polar" um dos filmes natalinos mais irresistíveis? Simplicidade. Simples assim.

Para começar, não há vestígios dos clichês desse gênero em "O Expresso Polar": não há ninguém tentando impedir o Natal de acontecer, nenhum inimigo mortal quer seqüestrar o Papai Noel ou algo do tipo. De fato, "O Expresso Polar" não tem nem uma fagulha de tensão durante seus 99 minutos. O que nós acompanhamos aqui é pura e simplesmente a jornada de um garoto em busca do retorno de uma crença que ele parece ter perdido pelo caminho. Nosso pequeno herói não tem nome, e de fato poucos personagens o tem em "O Expresso Polar": o que importa é que o garoto, já desencantado com a lenda do Papai Noel, vê sua certeza a prova ao embarcar no expresso do título, que clama se dirigir ao Pólo Norte. Na companhia de dezenas de outras crianças, o garoto passará por situações que colocarão a prova sua descrença, seja na figura de um misterioso fantasma que vive no teto do trem ou num “vagão dos brinquedos abandonados”. Apesar de ser uma história infantil, o roteiro do próprio Zemeckis em parceria com William Boyles Jr ("Náufrago", "Soldado Anônimo") deixa muita coisa no ar para a interpretação, uma jogada hábil para não afugentar os adultos e os mais “entendidos” de cinema. Os críticos procuraram desesperadamente por algo banal em "O Expresso Polar" na época de seu lançamento, e é claro que o fardo acabou caindo sobre os três números musicais. Pura bobagem. Todos são divertidos, interessantes e filmados com a habilidade de sempre por Zemeckis. Por falar nisso, é na câmera experiente dele que "O Expresso Polar" encontra sua maior virtude. O revolucionário hollywoodiano não se deixa deslumbrar pelas possibilidades da nova tecnologia mas também não se esquece de aproveitá-la ao máximo, compondo um visual único e deslumbrante. Seus cortes são discretos, pouco intrusivos.

Seu maior acesso de ousadia se dá numa espécie de reedição da cena da pena em "Forrest Gump", trocando o objeto por um bilhete do tal expresso polar. A auto-referência funciona e acaba por se mostrar uma das seqüências mais interessantes de todo o filme, talvez só superada pela pequena viagem do trem fora dos trilhos em um lago congelado. Esta, aliás, é uma das mais engraçadas e empolgantes cenas de ação desde muito tempo em Hollywood. Para finalizar a equação vencedora de "O Expresso Polar", Tom Hanks parece confortável em cinco (sim, cinco) papéis diferentes. Tornado em criança na pele do protagonista, munido de um belo bigode no papel do Condutor, exercitando seu lado sinistro como o tal fantasma acima do trem e por fim assumindo o manto do bom velhinho perto do final do filme. Seu desempenho não é tão notável quanto em "Náufrago" ou "O Terminal", por exemplo, mas não dá para negar que ele se mostra um dos poucos atores a conseguir driblar a parafernália digital, missão na qual o próprio Anthony Hopkins falhou em "Beowulf". Mas acima de efeitos impressionantes, a prova da competência do ator e do diretor ou mesmo os números da bilheteria, "O Expresso Polar" é um dos poucos filmes hollywoodianos que se mostram munidos de uma coisa rara na indústria que o cinema se tornou: inocência. Às vezes, menos é mais.

Nota: 8,0

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (29/01/2009)

Brasil em Hollywood

A noite de abertura do primeiro Hollywood Brazilian Film Festival, primeiro festival internacional dedicado exclusivamente ao cinema brasileiro foi recheada de surpresas. Além da estréia internacional dos filmes "Código Tarantino" e "Romance", a noite foi iluminada pela premiação-surpresa a dois dos atores mais conhecidos do nosso cinema. O primeiro foi Rodrigo Santoro, que nas palavras da própria Talize Syegh, organizadora do evento, “eleva o cinema brasileiro a um patamar superior através de seu trabalho cada vez maior em filmes estrangeiros”. Logo após o discurso emocionado de Santoro, foi a vez de Reynaldo Giannecchinni receber o troféu Horizon, concedido ao ator ou atriz pronto para iniciar uma carreira internacional.

Reunião decisiva para a vindoura greve
Depois de muita tensão rolando pela terra do cinema e a renúncia do linha-dura Doug Allen na presidência do sindicato dos atores (também conhecido como Screen Actors Guild, ou SAG), parece que os produtores e executivos pretendem negociar as reivindicações do outro lado da briga. Uma grande reunião de dois dias está agendada entre os líderes do SAG e os representantes do Sindicato dos Produtores (AMPTP). Os atores lutam por um aumento na sua parcela de lucros com as vendas em DVD e os downloads na Internet. Até então, os produtores haviam considerado os pedidos absurdos e se negavam a aumentar a oferta do contrato vencido em junho passado.

Johnny Depp de volta ao rum

Infelizmente ainda não estamos falando de "Piratas do Caribe 4", mas ainda assim essa é uma notícia que deve animar os fãs do ator Johnny Depp, intérprete do Capitão Jack Sparrow na trilogia marítima. Um dos projetos adiados com a greve dos roteiristas, "The Rum Diary" voltou a movimentar os boatos na Internet com a contratação do diretor e roteirista Bruce Robinson, ganhador do Oscar pelo trabalho no script de "Os Gritos do Silêncio", para comandar a adaptação. O filme se baseia na autobiográfica novela "Rum: Diário de Um Jornalista Bêbado", em que Hunter S. Thompson conta sua experiência como escritor de um jornal caribenho. O escritor já foi interpretado por Depp no filme "Medo e Delírio", de Terry Gilliam.

Patrick Swayze sem tratamento

Uma má notícia para todos aqueles que torciam pela recuperação do ator Patrick Swayze ("Ghost – Do Outro Lado da Vida") do câncer de pâncreas descoberto há cerca de um ano. Recentemente a revista National Enquirer publicou que o ator desistiu do tratamento por quimioterapia após os médicos lhe dizerem que nada se pode fazer para a doença não avançar. Uma pessoa próxima a Patrick declarou que “o máximo que podemos fazer agora é mantê-lo o mais confortável possível”. Segundo a mesma fonte, a condição do ator piora a cada dia e a perda de peso é irreversível. Durante as filmagens da série "The Beast", da qual é protagonista, Swayze suspendeu os remédios por conta própria. O ator curou-se recentemente de uma pneumonia, que o levou a ser internado em janeiro do ano passado.

Bruckheimer em Zorro sem Banderas

Embora sejam oficialmente personagens distintos, é impossível não notar a semelhança entre o Zorro que a nova geração aprendeu a identificar com o rosto de Antonio Banderas e o Lone Ranger (ou “Cavaleiro Solitário”) da série homônima exibida entre 1949 e 1957. Enquanto o primeiro é a encarnação oficial da lenda do justiceiro mascarado mexicano, o segundo é uma adaptação da mesma lenda para o Velho Oeste americano, eternizado pelo rosto de Clayton Moore na TV. Como o produtor Jerry Burckheimer não faz questão de se prender em um único gênero, é ele que está por trás da versão cinematográfica de "The Lone Ranger", e as primeiras declarações do homem podem assustar os fãs. Primeiro, ele disse que “a trama pode ter aspectos sobrenaturais, já que os roteiristas são os mesmos de Piratas do Caribe”. Depois, Bruckheimer anunciou que o marcante papel do índio Tonto seria dado para ninguém menos que Johnny Depp.

Esclarecimentos e novidades em “Besouro Verde”

Alguns dias depois das confusas notícias sobre o engavetamento da adaptação da série sessentista estrelada por Bruce Lee, o estúdio que produziria o filme esclareceu as coisas e ainda fez um anúncio que sem dúvida causará algumas contestações entre os fãs da série. Para começar, o filme não foi cancelado, já que o protagonista e roteirista Seth Rogen ("Ligeiramente Grávidos") continua fazendo de tudo para o projeto sair do papel. Outra boa notícia é que a saída do astro asiático Stephen Chow ("Kung Fu-são") diz respeito somente a cadeira do diretor, já que o papel de Kato continua pertencendo ao ator. Agora, vamos as notícias de verdade: Adam Sandler foi anunciado pelo próprio Rogen como o intérprete de um “super-herói surpresa” que aparecerá na trama. A importância do personagem ainda não foi revelada.

E surge a estatueta!
Apesar do atraso em relação aos outros anos, a espera pelo pôster oficial do 81st Academy Awards, muito mais conhecido simplesmente como Oscar 2009, os dias extras valeram a pena. Remando contra a maré dos anos anteriores, em que as imagens ligavam o prêmio aos filmes clássicos antigos, a imagem desse ano é mais centrada na cerimônia em si, mostrando a estatueta no palco, em frente a grandiosa platéia, o que condiz com a proposta de “renovação sem perder a pompa” das indicações desse ano. Atenção especial para a frase no topo do cartaz, que pode ser traduzida como “o maior evento cinematográfico do ano”, e para as pequenas letras que apontam o apresentador do evento. Será o momento de Hugh Jackman mostrar suas verdadeiras garras?

Bom, pessoal, e por hoje é só! Um dia um pouco atribulado para mim, tive que recorrer a minha reserva de críticas porque simplesmente não tive tempo para assistir um filme... mas é isso aí, essas são as notícias do dia, certo? Bons filmes para todos vocês e até amanhã!

Hellboy II: O Exército Dourado - Diversão de primeira no inferno de Del Toro

Hellboy II: O Exército Dourado (Hellboy II - The Golden Army, EUA/Alemanha, 2008)

De: Guillermo Del Toro

Com: Ron Perlman, Selma Blair, Doug Jones, Luke Goss, Anna Walton.

120 minutos




Quando Guillermo Del Toro fez um estudo fantástico e emocionante sobre a brutalidade dos homens e o meio de escape pela fantasia em "O Labirinto do Fauno", ele estava tentando provar para o mundo que por trás das frases cool e das cenas de ação estilizadas de "Blade II" estava um artista. Missão cumprida, como provam os três merecidos Oscar ganhos pelo filme. Agora era a hora de Del Toro se divertir fazendo o que ele mais gosta: filmes visualmente impressionantes, com roteiros interessantes e monstros bizarros. "Hellboy II: O Exército Dourado" é ao mesmo tempo o retorno do mexicano quarentão ao campo da aventura fantástica e o primeiro fruto do passe livre que o diretor ganhou nos grandes estúdios hollywoodianos. E se não bastasse tudo isso, "Hellboy II" é ainda a seqüência mais improvável da década. O primeiro filme do demônio de chifres cerrados que combatia ameaças sobrenaturais por meio de uma organização secreta do governo americano não foi exatamente um grande sucesso. De fato, os menos de 100 milhões de dólares arrecadados por "Hellboy" ficaram minúsculos perto dos mais de 700 de "Homem-Aranha 2", lançado no mesmo mês. Pensar na seqüência de um filme que mal conseguiu pagar seu orçamento é quase uma blasfêmia em Hollywood. O fato de tal blasfêmia não ter apenas sido lançada, mas com um orçamento ainda maior do que o do primeiro filme e ainda ter feito nas bilheterias americanas o mesmo que o antecessor havia conseguido no mundo inteiro é apenas a primeira demonstração da influência de Del Toro em Hollywood. Isso sem contar que é um filme bom demais.

E a única razão por "O Exército Dourado" realmente funcionar e não cair no limbo dos filmes “legais, mas descartáveis” é Del Toro. A começar pelo roteiro, que joga para segundo plano a trama absurda e prefere estudar com cuidado seus personagens, humanizando de uma forma peculiar e fascinante as criaturas que povoam ambos os lados da tradicional luta do bem contra o mal. Ou talvez não seja tão tradicinal assim. Na forma como Del Toro nos impõe a “oposição”, é quase impossível não se questionar qual dos dois lados merece a vitória. O Príncipe Nuada (Luke Goss) não deixa de ter sua prcela de razão na raiva pelos seres humanos em geral, que massacraram e oprimiram a raça de qual faz parte, habitantes originais do planeta Terra. Mesmo contra a vontade de seu pai, o soberano de tal raça, ele planeja reunir as quatro partes de uma coroa dourada que lhe dá poder sobre o exército dourado do título, construído na época da guerra entre as duas espécies e cuja crueldade foi causadora da trégua quebrada pelos humanos. Como é possível não dar alguma razão para um homem que luta pela preservação de sua raça, e pensando melhor, como não perceber que somos nós as verdadeiras ameaças para o planeta? É claro que Hellboy (Ron Perlman) não exatamente um homem de questionamentos filosóficos, mas Del Toro consegue incutir alguns conflitos no personagem sem descaracterizá-lo. Hellboy é mais parecido com aqueles que combate do que com aqueles que protege. Outro que ganha mais personalidade é Abe Sapien (Doug Jones), que acaba se apaixonando pela irmã do vilão, Princesa Nuala (Anna Walton), e encontra dificuldades e conflitos pela primeira vez na vida.

Mas não pense, de forma nenhuma, que "O Exército Dourado" é uma enrolação sem dó. As cenas de ação são criativas, o visual é estourado, imprevisível e fascinante, somos bombardeados com as bizarrices típicas de Del Toro a cada segundo e os efeitos especiais são arrebatadores, mas o filme consegue impressionar em todos esses aspectos sem perder o foco em seus personagens. O elenco talvez seja o único ponto em que "O Exército Dourado" não consiga alcançar um nível acima das produções hollywoodianas convencionais. Ron Perlman continua icônico como Hellboy, mas quando ele e Doug Jones precisam encarar as cenas mais densas, o desempenho de ambos não passa do morno. A Liz Sherman de Selma Blair talvez seja a mais bem representada de todo o filme. A atriz incorpora bem a insegurança contida de Liz, na interpretação mais interessante do filme. Luke Goss e Anna Walton pouco podem fazer escondidos por trás da maquiagem. Mas para além da pouca inspiração do elenco, Del Toro demonstra desavisada familiaridade com efeitos especiais e conduz as cenas de ação com habilidade e inteligência. Afinal, como resistir a um filme que coloca o filho do demônio e um anfíbio intelectual bêbados para discutir as peculiaridades de um relacionamento ao som de “Can’t Smile Without You”? Mais um acerto infernal de Guillermo Del Toro.

Nota: 8,0

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (28/01/2009)

Um filme qualquer

A Internet está cheia de recursos para cinéfilos bem-informados e que conheçam um mínimo da língua inglesa. Da procura exclusivamente cinematográfica do Google (basta digitar “movie: o nome do filme em inglês”) aos registros para lá de completos do IMDb (Internet Movie Database), parece que dessa os britânicos se superaram ao colocar no ar o site que promete “encontrar qualquer filme”, dos mais populares aos mais obscuros, e ainda informar as possíveis formas de assisti-lo. A idéia foi colocada em prática pelo UK Film Council, uma das instituições com mais iniciativas para legalizar o dowload virtual de filmes. Cinema, DVD, exibições on-line e downloads legalizados estão na agenda do site. Quer conferir? Esse é o link do Find Any Film: http://www.findanyfilm.com/

Um filme, dois Neil’s


Autor da série em quadrinhos "Sandman" e escritor de livros como "Lugar Nenhum" e "Stardust", Neil Gaiman pode migrar uma vez mais para os cinemas com a adaptação de "The Graveyard Book". O livro conta a história de um garoto que é adotado pelos moradores de um cemitério, e é composto de várias histórias independentes que, juntas, formam uma biografia do protagonista. Os primeiros rumores sobre a adaptação apontavam Henry Selick ("O Estranho Mundo de Jack"), que já trabalhara com o escritor no inédito "Coraline", como o diretor do projeto, que seria feito em animação stop-motion. Recentemente, porém, o autor anunciou em seu site pessoal que o filme seria feito de maneira convencional, sob o comando de Neil Jordan ("Entrevista Com o Vampiro"), também encarregado do roteiro.

Dos morros cariocas para as ruas de Los Angeles

Depois do estrondoso sucesso de "Tropa de Elite" e a boa recepção de "Garapa" no Festival de Berlim, José Padilha acaba de ser contratado para não um, mas três projetos de grande porte na terra do cinema. O primeiro, "The Willing Patriot", é um thriller criminal bancado pela Warner Bros e produzido por ninguém menos que Brad Pitt (a presença do astro no elenco ainda não foi confirmada). O segundo, "Marching Powder" tem veia mais dramática, já que se trata da adaptação da obra literária homônima de Rusty Young sobre a vida de um traficante de drogas, a ser interpretado por Don Cheadle ("Hotel Ruanda"). O terceiro projeto é o mais impressionante: "The Sigma Protocol" é a adaptação do último livro lançado pelo escritor Robert Ludlum, o mesmo da trilogia "Bourne", passado durante a 2ª Guerra Mundial.

Mais nostalgia nos cinemas


Os apaixonados pelas séries de TV antigas tem muitos motivos para comemorar nos últimos tempos. Entre o anúncio de um terceiro "As Panteras" e o lançamento do bom "Agente 86" nos cinemas, mais e mais notícias sobre novas adaptações repletas de nostalgia chegam aos cinéfilos de plantão. A mais recente é sobre a esperada versão cinematográfica do seriado "Esquadrão Classe A", exibido entre 1983 e 1987. O filme, cuja data de lançamento já está marcada para 11 de Julho de 2010, passou brevemente pelas mãos de John Singleton ("Quatro Irmãos"), e agora passa por uma remodelagem ao descansar sob a batuta do diretor Joe Carnahan ("A Ultima Cartada") e do roteirista Skip Woods ("Hitman"). Não há elenco definido ainda.

Sem olhos puxados para Spielberg

Diretor de grandes filmes originais, Steven Spielberg acabou com as esperanças de alguns fãs ao anunciar recentemente que seu próximo projeto (depois de "Tintim", que fique bem claro) seria a refilmagem do filme asiático "Oldboy", que por sua vez já era baseado em um mangá. O original, capítulo central da “trilogia da vingança” do coreano Chan-wook Park, ganhou vários prêmios dentro e fora do circuito asiático, incluindo o Festival de Cannes, onde o diretor faturou o prêmio do júri. A adaptação marcada para 2010 já conta com o roteirista Mark Protosevich ("Eu Sou a Lenda") no trabalhoso processo de adaptação, e rumores indicam que Will Smith pode colaborar com Spielberg pela primeira vez no papel principal, o de um homem que passe 15 anos preso em um apartamento, jurando vingança contra os assassinos de sua mulher.

O futuro aguarda Sansão

Transformada em clássico pelas mãos de Cecil B. DeMille ("Os Dez Mandamentos") em 1949, a lendária história de Sansão e Dalila pode ganhar as telas novamente em breve, com uma pequena e fundamental diferença. Por incrível que pareça, o script de Scott Silver ("8 Mile – A Rua das Ilusões") não apenas atualiza a história bíblica, mas vai além: transporta-a para o futuro. Com um potencial arrasa-quarteirões desse, é claro que o projeto, intitulado apenas como "Sansão", foi disputado ferozmente pelos estúdios. No final da briga, a Warner Bros saiu vitoriosa e ainda trouxe a tiracolo o anúncio do badalado Francis Lawrence ("Eu Sou a Lenda") para a direção do longa. Ainda não há previsão para o lançamento.

Bom, e por hoje é isso... não foi um dia de grandes notícias para os cinéfilos, mas está aí o resultaod de muita garimpagem nos sites especializados... certo? Aproveito para agradecer como sempre por todos os comentários, e digo até amanhã para todos vocês!

Revolver - Brilhantismo além da compreensão

Revólver (Revolver, França/Inglaterra, 2005)

De: Guy Ritchie.

Com: Jason Statham, Ray Liotta, Vincent Pastore, Andre Benjamin.

115 minutos.







Segundo Gustav Jung, célebre psiquiatra suíço, o ego é “um dado complexo”, um resultado da combinação entre nossa percepção de nós mesmos e as memórias que acumulamos durante nossa vida. Que me perdoem os profissionais dessa área, mas minha interpretação de tal definição é que, se em algum tempo distante fizemos algo muito importante ou fomos elogiados e celebrados, nossa consciência sempre viverá nessa época, como se estivesse parada no tempo. E um pensamento grande em um momento não tão majestoso pode ser mortalmente perigoso. Desde que surgiu com seus diálogos afiados e ressucitou a inteligência cinematográfica britânica, Guy Ritchie passou por alguns momentos bem distintos de sua carreira. Primeiro, veio a repentina ascenção de cineasta independente ("Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes") para queridinho de Hollywood, também conhecido como o Tarantino britânico ("Snatch – Porcos e Diamantes"). Depois, uma certa estrela pop e pretensa atriz tratou de colocar humildade no então marido com o fracasso retumbante "Destino Insólito", que lhe rendeu, entre outros “elogios”, o Framboesa de Ouro de Pior Diretor. Esnobado pela mesma indústria que o celebrou por breves anos como o “maior talento da nova geração”, Ritchie exilou-se de volta ao seu país natal e maquinou durante longos três anos sua vingança particular contra Hollywood e os egos destruidores que a habitam. O resultado de tanta elaboração é "Revólver", um dos filmes mais inteligentes e subestimados dos últimos anos e um estudo brilhante sobre quem são os verdadeiros inimigos do homem. O fato de o filme ter sido mal-votado pelos críticos e pouco visto pelo público evidencia apenas que nenhuma das duas classes consegue aceitar que um filme não precisa ser compreendido totalmente para ser apreciado. Uma das coisas mais intrigantes e apaixonantes da vida real são os mistérios não resolvidos. É para isso que vivemos, afinal, para ir além das descobertas e o tempo todo abrir novos caminhos. Porque não deveria ser assim também no cinema?

Talvez a dieta de filmes explicados com minuciosidade e didatismo dos grandes estúdios de Hollywood tenha sido prejuducial para os espectadores, afinal de contas. Ou talvez subverter esssa percepção tenha sido exatamente a intenção de Guy Ritchie. Não que ele deixe isso ridiculamente claro em seu roteiro, é claro. Como mestre em redigir histórias, Ritchie encontra na jornada de seu protagonista e nas sutilezas de seu destino uma forma de explorar, mas nunca entender, as sutilezas da mente humana e as ilusões que ela pode criar. O tempo todo, o roteiro deixa quase implícito o que é verdade e o que alucinação. A premissa parece tão simples no início, mas se intrinca com tanta rapidez e detalhismo que é impossível não se ver ansioso pelo desfecho. E, quando chegamos a ele, é quase como se pedíssemos por um pouco mais. E o mais curioso é que em toda essa quebra de clichês hollywoodianos, Ritchie impute uma motivação comum a seu protagonista. Acima de tudo, o Jake de Jason Statham é um homem a procura de vingança. Preso por sete anos em uma solitária, o homem sai da prisão e não precisa de mais de dois anos para reunir todo o dinheiro que precisa para sua revanche. O alvo dela é Macha (Ray Liotta), um violento dono de cassino e teoricamente responsável pela prisão de Jake. As coisas começam a complicar quando ele descobre estar sofrendo de uma grave doença, que pode matá-lo em três dias. Quem se aproveita disso são os trapaceiros Zach (Vincent Pastore) e Avi (Andre Benjamin), que prometem ajudá-lo com a vingança e despistar os capangas de Macha sob a condição de Jake lhes ceder todo o seu dinheiro. A partir daí, as ramificações são complexas demais para serem explicadas em meras palavras.

É impressionante a habilidade de Ritchie em não se perder por tantas subtramas e camadas. Cada pequeno acontecimento tem suas implicações e detalhes expostos com tanto realismo que as referências (brilhantes, diga-se de passagem) de Tarantino ficam obsoletas perto da habilidade de Ritchie. Enquanto o primeiro encontra dificuldades em se adaptar ao novo século, o segundo parece só ter melhorado com a passagem dos anos. E isso inclui a própria câmera do diretor, que não recorre a grande sousadias, mas deixa a trama se desenvolver com competência, uma espécie de estilo próprio e discreto, que combina perfeitamente com o clima sóbrio e fascinante do filme. São poucas, mas marcantes, às vezes que Ritchie se deixa levar pelo estilo caótico que ele mesmo criou uma década atrás. Mais do que nunca em sua filmografia, Ritchie confia plenamente em seus atores para dar uma tradução realista, e ao mesmo tempo etérea, a seus personagens. Jason Statham faz um trabalho louvável com o protagonista, nunca se revelando demais em frente a câmera e transmitindo uma espécie de emoção contida e desavisada. Cada vez mais ousado em suas escolhas, Statham aos poucos deixa para trás a imagem de astro de ação descerebrado, tendo o cuidado de voltar ao gênero eventualmente para garantir a visibilidade. Encarnando mais um hipotético vilão, Ray Liotta entrega o desempenho brutal e eficiente de sempre, visceral como nunca, o ator traduz a perfeição as nuances do personagem, seja nas cenas mais prática ou no final, sobre o qual obviamente não me alongarei. Basta dizer que a expressão de Liotta ao encarar o protagonista pela última vez não deixa dúvidas sobre o talento que o Oscar custa a reconhecer. Surpresa mesmo é o desempenho de Andre Benjamin, misterioso e impassível na pele do semi-místico Avi, dono da devastadora fala final do filme. Frase não, aliás, palavra é um termo mais apropriado. Uma palavra. É o que Guy Ritchie precisa para ganhar o jogo e mostrar a Hollywood o tamanho da genialidade que ela jogou fora. Xeque-mate.

Nota: 9,0

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (27/01/2009)

“Maysa”, agora nos cinemas

A exemplo de minisséries em poucos capítulos como "O Auto da Compadecida" e "Caramuru – A Invenção do Brasil", a bem-sucedida transposição da vida da cantora Maysa para as telinhas deve agora ganhar as telas de cinema. A idéia é resumir todo o material usado na TV, e acrescentar algumas cenas filmadas especialmente para os cinemas. "Maysa", o filme, seria o primeiro crédito cinematográfico da carreira do escritor Manoel Carlos.

Alguns nomes confirmados (e outros cogitados) para “As Panteras 3”

Apenas alguns dias depois de Drew Barrymoore ter expressado seu interesse em um terceiro filme da série "As Panteras", os primeiros rumores e confirmações já surgiram. Para começar, o diretor McG, que acaba de sair do trabalho pesado de "Exterminador do Futuro 4", anunciou que retornaria ao projeto com um sorriso no rosto, enquanto as outras integrantes do trio principal ainda aguardam convites formais para voltar a suas personagens. Quase ao mesmo tempo que McG confirmava, a produtora Nancy Junoven pronunciou-se sobre a possível “quarta pantera” que estaria no filme, dizendo que sua primeira escolha para o papel seria a da cantora Rihanna. Numa rara discordância, Barrymore disse que contracenar com Penélope Cruz seria “um sonho”.

Spielberg define herói e vilão de “Tintim”

Desde que Steven Spielberg e Peter Jackson deixaram na expectativa os fãs de literatura pop-clássica ao anunciar uma trilogia, produzida com tecnologia inovadora, sobre o intrépido detetive belga de "Tintim", poucos boatos correram ao redor do primeiro filme, com lançamento previsto para 2010 e direção a cargo de Spielberg. Nos últimos dias, no entanto, o projeto ressurgiu das cinzas do esquecimento com o anúncio dos dois protagonistas do filme. Enquanto o personagem-título ficou a cargo do britânico Jamie Bell ("Billy Elliot"), o vilão Red Rackham caiu nas mãos do atual 007 Daniel Craig. Os dois atores contracenaram recentemente no épico de guerra "Defiance". As filmagens de "Tintim: O Segredo de Licorne" começam nessa segunda-feira, dia 02.

Depois do Oscar... os ringues

Um dos favoritos ao Oscar de Melhor Ator esse ano pela sua encarnação do lutador Randy The Ram em "O Lutador", Mickey Rourke está negociando sua entrada no circuito de luta-livre americano. Segundo o próprio ator, o convite chegou até ele através de Vince McMahon, diretor do circuito, e dizia respeito a uma única luta contra o atual campeão, Chris Jericho. Antes de se tornar ator e por um breve momento durante a carreira, Rourke trocou as telas pelos ringues. O resultado: meia dúzia de plásticas antes de retornar a atuação, para esconder as seqüelas das lutas.

Nada se cria... Hillary Duff assume papel em refilmagem

Uma das dezenas de atrizes/cantoras adolescentes espalhadas por aí, Hilary Duff ("A Nova Cinderela") foi escalada recentemente para mais uma refilmagem sessentista independente, dessa vez da biografia em forma de road movie dos notórios ladrões de banco "Bonnie & Clyde", filmada em 1967 por Arthur Penn, com Warren Beatty e Faye Dunaway nos papéis título. A refilmagem, marcada para 2010 e sob o comando da desconhecida Tonya S. Holly, traz Hilary no papel que fora de Dunaway e o desconhecido Kevin Zegers para substituir Beatty. A julgar pelo último "O Dia em Que a Terra Parou", não pode se esperar nada de extraordinário.

E a greve se aproxima no horizonte...

Mais de um ano e muitos milhões de dólares depois da marcante greve dos roteiristas ocorrida entre o fim de 2006 e o começo de 2007, Hollywood vê com temor uma outra paralização surgir no horizonte. E dessa vez o resumo da ópera pode ser mais grave. Enquanto os braços cruzados dos escritores causariam prejuízos apenas a longo prazo, os recentes rumores e negociações apontando uma greve dos atores poderiam causar uma estagnação repentina na terra do cinema, já que não há filmagens sem os intérpretes. Depois de uma longa reunião a portas fechadas que não resultou em nenhuma conclusão, o diretor do sindicato de atores, Doug Allen, renunciou ao cargo nessa segunda-feira, o que apenas deixou mais tensas as negociações. A reivindicação é, como sempre e em qualquer categoria, aumento do pagamento.

Dos robôs gigantes para as relíquias lendárias

Megan Fox, recentemente considerada uma das mulheres mais sexys do mundo, pode assumir o lugar de outra integrante inevitável da lista, Angelina Jolie. Enquanto a mulher de Brad Pitt envolve-se em filmes mais sérios e angaria suas indicações ao Oscar, o par romântico de Shia LaBeouf em "Tranformers" surge como um dos nomes principais para a sucessão da personagem Lara Croft, caçadora de tesouros e ícone dos vídeo-games interpretada por Jolie em dois filmes, lançados em 1999 e 2001. Ainda que Megan esteja sendo fortemente cogitada para o projeto, um terceiro filme de "Tomb Raider" não foi sequer anunciado pela 20th Fox, produtora dos dois primeiros filmes.

O Fabuloso Destino de Coco Chanel

Uma das atrizes francesas mais presentes no cinema americano na atualidade, Audrey Tatou ainda é mais conhecida pela sua marcante interpretação na comédia dramática surreal "O Fabuloso Destino de Amelie Poulin", o filme francês mais premiado de nosso século. Isso pode mudar com "Coco Avant Chanel", biografia da célebre estilista comandada por Anne Fontaine ("Como Matei Meu Pai") na qual Audrey incorpora o papel-título. As primeiras fotos da atriz caracterizada surgiram hoje na Internet, e o comentário geral entre os críticos e apreciadores de moda é que a postura de Audrey é perfeita para a personagem. "Coco Avant Chanel" tem estréia marcada para 29 de Maio desse ano no Brasil.

“Machete”, breve em um cinema perto de você

Quem assistiu "Planeta Terror" de Robert Rodriguez ou mesmo foi um dos poucos sortudos a conferir o projeto completo nos cinemas, sob o nome de "Grindhouse", deve ter ficado salivando para conferir o resultado final dos falsos-trailers exibidos antes do filme. Pois uma boa notícia acaba de chegar para os fãs do diretor texano e do ator Danny Trejo ("Pequenos Espiões"): a Weinstein Company, produtora dos últimos três filmes de Rodriguez, acaba de anunciar que a realização de "Machete" é prioridade em sua agenda. Pelo pouco que se pode advinhar através do trailer exibido em "Grindhouse", a história é de um ex-policial (Trejo), que parte em uma caçada sangrenta aos homens que o traíram após contratá-lo para o assassinato de um senador. O filme está sendo dirigido, é claro, por Rodriguez.


Bom, pessoal, por hoje é só isso... aproveito aqui para agradecer a todos os comentários, estou simplesmente adorando fazer esse blog! Amanhã retornamos com mais uma crítica e um Boletim, certo? Bons filmes para todos e até a próxima!

As Duas Faces da Lei - De Niro, Pacino e a decepção do ano...

As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, EUA, 2008)

De: Jon Avnet.

Com: Robetr De Niro, Al Pacino, Curtis "50 Cent" Jackson, Carla Gugino, John Leguizamo.

101 minutos.







A segunda parte da saga mafiosa "O Poderoso Chefão", lançada dois anos depois de seu antecessor, é lembrada até hoje como uma das poucas seqüências que superaram o primeiro filme em todos os aspectos. Nos créditos, os até então jovens talentos Al Pacino e Robert De Niro apareciam juntos pela primeira vez, ainda que seus personagens nunca se cruzassem em cena. Vinte e um anos depois, "Fogo Contra Fogo" se tornou um dos filmes policiais mais marcantes e perfeitos da história ao colocar os mesmos dois nomes, agora astros consagrados e agraciados com seus Oscar, em lados opostos da lei... e trocando diálogos em duas breves passagens. Num filme de quase três horas de duração, Pacino e De Niro contracenaram por menos de cinco minutos, e foi o bastante para colocar o filme entre os preferidos de qualquer crítico que se preze. E lá se foram outros treze anos para que as requisatídissimas agendas dos dois se cruzassem uma vez mais. Já consolidados nas posições de monstros sagrados do cinema e lendas vivas da atuação, os dois realizaram o antigo sonho (deles e de todos os cinéfilos) ao dividir grande parte das cenas de um filme. Obviamente, e não poderia ser de outro jeito, o projeto tomaria forma no gênero do suspense policial. O resultado de toda a expectativa e a espera foi As "Duas Faces da Lei", um show de atuação que encontra sua força nos dois protagonistas para guiar uma história esperta e envolvente.

Tudo bem, tiramos a conclusão geral e fria do caminho, agora podemos falar da questão crucial que todo espectador se pegará perguntando durante os 101 minutos da caça ao assassino empreendida por Pacino e De Niro. "O Poderoso Chefão – Parte II" e "Fogo Contra Fogo" cavaram, cada um a sua forma, um lugar de privilégio na história do cinema, influenciaram dezenas de filmes que vieram depois e se tornaram filmes obrigatórios para qualquer cinéfilo que deseje saber do que está falando. Mas e "As Duas Faces da Lei"? Que marca, que legado, que influência que o filme deixará para o futuro? A resposta é decepcionante perto das expectativas que o filme causava antes do lançamento. Simplesmente porque não há resposta. "As Duas Faces da Lei" não é um filme ruim, mas tampouco tem conteúdo o bastante para resistir ao passar do tempo como fizeram os filmes de Coppola e Michael Mann. E os erros começam justamente na cadeira do diretor. Por mais que tenha evoluído desde sua estréia com "Tomates Verdes Fritos", Jon Avnet não é nem de longe um nome gabaritado para assinar um filme tão esperado. O porte da produção não combina com o estilo intimista nova-iorquino, seus cortes carecem de criatividade e a grande maioria das cenas parecem ser amornadas e lapidadas com tanto cuidado que falta espaço para a competência brutal dos atores brilhar.

Ainda assim, é preciso reconhecer o louvável trabalho de Russell Gewirtz no roteiro, que já havia demonstrado habilidade no engenhoso "O Plano Perfeito", e aqui brinca com as percepções do espectador e cria um final surpreendente até para o espectador mais atento, subvertendo a estrutura linear que ele próprio parece seguir por boa parte do filme. Turk (De Niro) e Rooster (Pacino) são parceiros de longa data na polícia de Noa York que começam a investigar os crimes de um serial killer que deixa pequenos poemas na cena do crime e só executa os criminosos que escaparam da justiça. Enquanto isso, a integridade psicológica dos dois é contestada pelo próprio chefe (Brian Dennehy), que os encaminha para um psiquiatra especializado em policiais. É nas sessões que o roteiro de Gewirtz disseca os personagens, evidenciando principalmente a revolta fácil de Turk e a calma atípica de Rooster. Conforme a história vai se desenrolando, o roteirista lança mão de todos os seus recursos para iludir o espectador com pistas falsas e seqüências enganadoras. Mas o show a parte, é claro, fica por conta dos dois atores.

De Niro incorpora a raiva contida de Turk com a perfeição e o detalhismo de sempre, numa atuação que pode não chamar a atenção pelos trejeitos, mas sem dúvida alcança um nível muito mais realista sem os típicos exageros dos atores menos experientes. Pacino, por outro lado, põe todo o seu repertório de expressões e recursos para funcionar, e entrega o desempenho magnífico com que nos acostumamos, repleto dos detalhes mais significativos e das entonações particulares do ator acima da média que ele sempre foi. A química entre os dois é outra surpresa, trocando diálogos com uma precisão impressionante que apenas dois mestres conseguiriam. Pelo menos nesse quesito o filme não decepciona. Vê-los contracenar é tudo o que os cinéfilos esperaram, especialmente quando os dois passam por cima da falta de ousadia do diretor para criar cenas antológicas que parecem não se encaixar a embalagem pouco atraente do filme. O elenco coadjuvante não tem muito o que fazer, mas ainda assim é possível apreciar uma anormalmente ousada Carla Gugino e o sempre competente John Leguizamo. Mas eles são apenas peças de fundo, personagens feitos para completar o quebra-cabeça da história que, afinal das contas, pouco importa. É nas conversas mais banais e sarcásticas entre De Niro e Pacino que o filme encontra seu grande triunfo e sua razão para ser visto. Só é uma pena que seja a única. No fim de seus 101 minutos, "As Duas Faces da Lei" é um daqueles filmes que decepciona... por ser normal. Tudo que a reunião de duas lendas não deveria ser.

Nota: 6,5

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Boletim Cinéfilo - As Notícias do Dia (26/01/2009)

“Quem Quer Ser um Milionário” confirma o favoritismo

Como ontem eu avisei sobre a realização do SAG, hoje nada mais natural do que anunciar os vencedores. Não que eles tenham sido muito surpreendentes, mas já dão um indício de que as apostas da maioria tem muitas chances de se confirmar na cerimônia da Academia. O prêmio principal da noite, Melhor Elenco, foi para o filme britânico "Slumdog Millionaire", favorito ao Oscar de Melhor Filme. Sean Penn foi condecorado uma vez mais por sua atuação no drama político "Milk – A Voz da Igualdade", enquanto a veterana Meryl Streep provou que não está fora da briga pela estatueta principal ao levar o prêmio de Melhor Atriz. Enquanto isso, a opinião pública foi agraciada com mais um troféu para a impressionante atuação de Heath Ledger em "Batman – O Cavaleiro das Trevas".

Pixar homenageada em Veneza

O festival de Veneza figura sempre entre os mais importantes do circuito europeu. E parece que esse ano os italianos resolveram partir na frente de todos os outros e homenagear uma das produtoras mais competentes e criativas, não apenas da animação, mas do cinema em geral. É claro que estamos falando da Pixar, mais badalada do que nunca graças ao sucesso crítico do conto de fadas futurístico e irresistível "Wall-e". Enquanto a Academia negou ao filme a primeira indicação a Melhor Filme de uma animação desde 1992, John Lasseter e companhia vão receber a homenagem em Veneza por “terem revolucionado o cinema”.

James Brown – O Filme

A onda de biografias de músicos continua em alta depois do cult-instantâneo "Control". Agora é a vez de James Brown, falecido um par de anos atrás, ganhar um filme sobre sua vida. O roteiro, que já foi trabalhado por inúmeros dos nomes mais gabaritados da indústria, agora caiu no colo de Spike Lee, que pretende filmá-lo logo depois da seqüência de "O Plano Perfeito", já em fase de pré-produção. Rumores dão conta do ator Wesley Snipes, mais conhecido como o intérprete do vampiro Blade, incorporando o cantor.

Pixar desbrava novos territórios
Depois de mudar a face da animação para sempre, a Pixar parece querer fazer o mesmo com os filmes “convencionais”. E o primeiro filme nesse sentido será "John Carter of Mars", adaptação literária de um clássico da ficção científica, cujo roteiro e direção estão nas mãos de Andrew Stanton, responsável por "Procurando Nemo" e "Wall-e". Recentemente o diretor declarou que esse é o projeto de seus sonhos e que pretende filmar tudo num estilo bem realista, “como se a equipe do National Geographic chegasse a uma nova civilização enquanto explorava uma caverna”. O filme já está em pré-produção e deve ser lançado em 2010. O estúdio não descartou a criação de uma trilogia.

Drew, Lucy e Cameron juntas novamente
Sumida nos últimos tempos e compenetrada no trabalho como produtora, Drew Barrymore pode voltar as telas numa nova continuação de "As Panteras", adaptação cinematográfica da série dos anos 60. Segundo ela, existem várias idéias surgindo entre os roteiristas, inclusive a inclusão de uma quarta pantera (como aconteceu na série com a atriz Cheryl Ladd). Barrymoore disse sobre as filmagens e cenas de ação que “são filmes difíceis de fazer, mas são divertidos”. As outras atrizes ainda não confirmaram participação.

E a “Alice” de Tim Burton fica cada vez mais badalada...

Recheada de personagens bizarros e cenários psicodélicos, a história de Alice no País das Maravilhas parecia perfeita para o estilo marcante e visualmente genial de Tim Burton. Talvez pela oportunidade de participar de uma possível obra seminal do diretor, uma boa quantidade de astros já embarcou no elenco. Johnny Depp já foi anunciado há algum tempo como o Chapeleiro Maluco, e Helena Bonham Carter colabora uma vez mais com o marido interpretando a Rainha de Copas. Anne Hathaway, badalada pela indicação ao Oscar, tratou de cavar sua vaga como a irmã da vilã, enquanto Crispin Glover (o Willy Wonka falso de "Deu a Louca em Hollywood") assinou para viver o Valete de Copas. Alan Rickman aceitou despir-se da vaidade para encarnar a Lagarta, enquanto o personagem de Christopher Lee ainda não foi revelado.

“Besouro Verde” pode não sair do papel

Os fãs de Bruce Lee e os saudosos dos anos 60 acabam de perder uma de suas maiores esperanças de relembrar os bons tempos. Depois de ser anunciado como o próximo projeto do badalado comediante Seth Rogen ("Ligeiramente Grávidos") e ganhar o astro de ação oriental Stephen Chow ("Kung-Fusão") no papel que fora de Lee, a adaptação cinematográfica da série sessentista "O Besouro Verde" parece ter encontrado algum obstáculo pelo caminho, já que um envolvido no projeto se pronunciou dizendo que é “muito improvável” que as filmagens comecem em 2009. O primeiro a abandonar o projeto por o próprio Chow, alegando os famosos “conflitos de agenda”.

Mais boatos de “Lua Nova”

A continuação das aventuras românticas vampíricas de Stephenie Meyer, dessa vez sob a batuta de Chris Weitz, continua agitando os boatos virtuais. Após a desistência de Vanessa Hudgens ("High School Musical") para o papel da lobisomem (ou seria "lobismulher"?) Leah, parece que a sumida Lindsay Lohan ("Meninas Malvadas") almeja o papel para sua volta triunfal aos arrasa-quarteirões. Ela se disse “obcecada pelos livros”, e ainda afirmou possuir todo o potencial para interpretar a amarga monstrenga que vive atormentando Jacob Black e, por tabela, a protagonista Bella Swan.

George Clooney, nostálgico

Um dos poucos sobreviventes da complicada transição da televisão para o cinema, George Clooney anunciou recentemente que provavelmente retornará para uma participação nos derradeiros episódios da última temporada de "E.R. – Plantão Médico", série da qual participou por quatro temporadas entre 1994 e 1998 como o célebre Doutor Doug Ross. Depois de quinze bem-sucedidas temporadas, a série entra em sua fase final e pretende promover o retorno de todos os atores que alçaram outros vôos para os últimos episódios. Portanto, o retorno de Noah Wyle ("O Guardião") também é esperado.

Bom, pessoal, e por hoje é isso... dia cheio hoje, hein? Aproveito aqui para agradecer todos os comentários, prometo dar uma passada no blog de cada um e deixar o meu também, certo? Então agora é até amanhã e bons filmes para todos vocês!