terça-feira, 27 de janeiro de 2009

As Duas Faces da Lei - De Niro, Pacino e a decepção do ano...

As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, EUA, 2008)

De: Jon Avnet.

Com: Robetr De Niro, Al Pacino, Curtis "50 Cent" Jackson, Carla Gugino, John Leguizamo.

101 minutos.







A segunda parte da saga mafiosa "O Poderoso Chefão", lançada dois anos depois de seu antecessor, é lembrada até hoje como uma das poucas seqüências que superaram o primeiro filme em todos os aspectos. Nos créditos, os até então jovens talentos Al Pacino e Robert De Niro apareciam juntos pela primeira vez, ainda que seus personagens nunca se cruzassem em cena. Vinte e um anos depois, "Fogo Contra Fogo" se tornou um dos filmes policiais mais marcantes e perfeitos da história ao colocar os mesmos dois nomes, agora astros consagrados e agraciados com seus Oscar, em lados opostos da lei... e trocando diálogos em duas breves passagens. Num filme de quase três horas de duração, Pacino e De Niro contracenaram por menos de cinco minutos, e foi o bastante para colocar o filme entre os preferidos de qualquer crítico que se preze. E lá se foram outros treze anos para que as requisatídissimas agendas dos dois se cruzassem uma vez mais. Já consolidados nas posições de monstros sagrados do cinema e lendas vivas da atuação, os dois realizaram o antigo sonho (deles e de todos os cinéfilos) ao dividir grande parte das cenas de um filme. Obviamente, e não poderia ser de outro jeito, o projeto tomaria forma no gênero do suspense policial. O resultado de toda a expectativa e a espera foi As "Duas Faces da Lei", um show de atuação que encontra sua força nos dois protagonistas para guiar uma história esperta e envolvente.

Tudo bem, tiramos a conclusão geral e fria do caminho, agora podemos falar da questão crucial que todo espectador se pegará perguntando durante os 101 minutos da caça ao assassino empreendida por Pacino e De Niro. "O Poderoso Chefão – Parte II" e "Fogo Contra Fogo" cavaram, cada um a sua forma, um lugar de privilégio na história do cinema, influenciaram dezenas de filmes que vieram depois e se tornaram filmes obrigatórios para qualquer cinéfilo que deseje saber do que está falando. Mas e "As Duas Faces da Lei"? Que marca, que legado, que influência que o filme deixará para o futuro? A resposta é decepcionante perto das expectativas que o filme causava antes do lançamento. Simplesmente porque não há resposta. "As Duas Faces da Lei" não é um filme ruim, mas tampouco tem conteúdo o bastante para resistir ao passar do tempo como fizeram os filmes de Coppola e Michael Mann. E os erros começam justamente na cadeira do diretor. Por mais que tenha evoluído desde sua estréia com "Tomates Verdes Fritos", Jon Avnet não é nem de longe um nome gabaritado para assinar um filme tão esperado. O porte da produção não combina com o estilo intimista nova-iorquino, seus cortes carecem de criatividade e a grande maioria das cenas parecem ser amornadas e lapidadas com tanto cuidado que falta espaço para a competência brutal dos atores brilhar.

Ainda assim, é preciso reconhecer o louvável trabalho de Russell Gewirtz no roteiro, que já havia demonstrado habilidade no engenhoso "O Plano Perfeito", e aqui brinca com as percepções do espectador e cria um final surpreendente até para o espectador mais atento, subvertendo a estrutura linear que ele próprio parece seguir por boa parte do filme. Turk (De Niro) e Rooster (Pacino) são parceiros de longa data na polícia de Noa York que começam a investigar os crimes de um serial killer que deixa pequenos poemas na cena do crime e só executa os criminosos que escaparam da justiça. Enquanto isso, a integridade psicológica dos dois é contestada pelo próprio chefe (Brian Dennehy), que os encaminha para um psiquiatra especializado em policiais. É nas sessões que o roteiro de Gewirtz disseca os personagens, evidenciando principalmente a revolta fácil de Turk e a calma atípica de Rooster. Conforme a história vai se desenrolando, o roteirista lança mão de todos os seus recursos para iludir o espectador com pistas falsas e seqüências enganadoras. Mas o show a parte, é claro, fica por conta dos dois atores.

De Niro incorpora a raiva contida de Turk com a perfeição e o detalhismo de sempre, numa atuação que pode não chamar a atenção pelos trejeitos, mas sem dúvida alcança um nível muito mais realista sem os típicos exageros dos atores menos experientes. Pacino, por outro lado, põe todo o seu repertório de expressões e recursos para funcionar, e entrega o desempenho magnífico com que nos acostumamos, repleto dos detalhes mais significativos e das entonações particulares do ator acima da média que ele sempre foi. A química entre os dois é outra surpresa, trocando diálogos com uma precisão impressionante que apenas dois mestres conseguiriam. Pelo menos nesse quesito o filme não decepciona. Vê-los contracenar é tudo o que os cinéfilos esperaram, especialmente quando os dois passam por cima da falta de ousadia do diretor para criar cenas antológicas que parecem não se encaixar a embalagem pouco atraente do filme. O elenco coadjuvante não tem muito o que fazer, mas ainda assim é possível apreciar uma anormalmente ousada Carla Gugino e o sempre competente John Leguizamo. Mas eles são apenas peças de fundo, personagens feitos para completar o quebra-cabeça da história que, afinal das contas, pouco importa. É nas conversas mais banais e sarcásticas entre De Niro e Pacino que o filme encontra seu grande triunfo e sua razão para ser visto. Só é uma pena que seja a única. No fim de seus 101 minutos, "As Duas Faces da Lei" é um daqueles filmes que decepciona... por ser normal. Tudo que a reunião de duas lendas não deveria ser.

Nota: 6,5

9 comentários:

Anônimo disse...

Me deixou interessado pelo filme agora, ainda mais com esses dois ícones...
Decepção ou não, terei que conferir.
Parabéns pelo Blog.
Abs.

Wagner

MicheLLe AmaraL disse...

Adoro cinema e filmes! Assisto a varios só acompanhada da minha bacia de pipoca e da minha caneca de guaraná, rs. Apesar de ter achado baixa a nota que deste, o filme parece ser interessante. Vou colocá-lo na minha lista de próximas locações.
Aguardo a sua visita: http://simplesmentemichelle.blogspot.com

Natália Valarini disse...

Boa tarde!

Estou luca de vontade de ver este filme, comecei a baixar, mas o arquivo estava corrompido...
:(

Mas você me atiçou, quero assistí-lo mais do que nunca!

Gostei muito do seu blog.

Kiso
http://garotapendurada.blogspot.com/

Gabriel G. disse...

Quer assistir o filme!Me interessei!!!

Léo disse...

Cara posso pq vc não escreve sobre o filme Epico " A fulga de alcatraz"? seria otimo, pode deixar que vou acompanhar seu blog adoro filmes, me visita lá vai ser uma honra ter vc lá.

http://leozukinho18.blogspot.com/

Abraço Brother

DuDu Magalhães disse...

Bom, quando a equipe realmente é boa, colhe os frutos. Acredito que o filme seja bom mesmo pelo o que você falou, quando tiver uma oportunidade vou assistir.

grupo gauche disse...

não assisti, mas agora quero assistir pra saber se é isso mesmo... abraço

Jota disse...

vo assistir agora

Anônimo disse...

NÃO CONHEÇO TANTO DE CINEMA COMO VOCÊ, LONGE DISSO, MAS PELO QUE ENTENDI FOI MAIS UM PROBLEMA DE ROTEIRO E DIREÇÃO DO QUE PROPRIAMENTE ATORES (O QUE SERIA MUITO ESTRANHO)..