

De: Guillermo Del Toro
Com: Ron Perlman, Selma Blair, Doug Jones, Luke Goss, Anna Walton.
120 minutos
Quando Guillermo Del Toro fez um estudo fantástico e emocionante sobre a brutalidade dos homens e o meio de escape pela fantasia em "O Labirinto do Fauno", ele estava tentando provar para o mundo que por trás das frases cool e das cenas de ação estilizadas de "Blade II" estava um artista. Missão cumprida, como provam os três merecidos Oscar ganhos pelo filme. Agora era a hora de Del Toro se divertir fazendo o que ele mais gosta: filmes visualmente impressionantes, com roteiros interessantes e monstros bizarros. "Hellboy II: O Exército Dourado" é ao mesmo tempo o retorno do mexicano quarentão ao campo da aventura fantástica e o primeiro fruto do passe livre que o diretor ganhou nos grandes estúdios hollywoodianos. E se não bastasse tudo isso, "Hellboy II" é ainda a seqüência mais improvável da década. O primeiro filme do demônio de chifres cerrados que combatia ameaças sobrenaturais por meio de uma organização secreta do governo americano não foi exatamente um grande sucesso. De fato, os menos de 100 milhões de dólares arrecadados por "Hellboy" ficaram minúsculos perto dos mais de 700 de "Homem-Aranha 2", lançado no mesmo mês. Pensar na seqüência de um filme que mal conseguiu pagar seu orçamento é quase uma blasfêmia em Hollywood. O fato de tal blasfêmia não ter apenas sido lançada, mas com um orçamento ainda maior do que o do primeiro filme e ainda ter feito nas bilheterias americanas o mesmo que o antecessor havia conseguido no mundo inteiro é apenas a primeira demonstração da influência de Del Toro em Hollywood. Isso sem contar que é um filme bom demais.
E a única razão por "O Exército Dourado" realmente funcionar e não cair no limbo dos filmes “legais, mas descartáveis” é Del Toro. A começar pelo roteiro, que joga para segundo plano a trama absurda e prefere estudar com cuidado seus personagens, humanizando de uma forma peculiar e fascinante as criaturas que povoam ambos os lados da tradicional luta do bem contra o mal. Ou talvez não seja tão tradicinal assim. Na forma como Del Toro nos impõe a “oposição”, é quase impossível não se questionar qual dos dois lados merece a vitória. O Príncipe Nuada (Luke Goss) não deixa de ter sua prcela de razão na raiva pelos seres humanos em geral, que massacraram e oprimiram a raça de qual faz parte, habitantes originais do planeta Terra. Mesmo contra a vontade de seu pai, o soberano de tal raça, ele planeja reunir as quatro partes de uma coroa dourada que lhe dá poder sobre o exército dourado do título, construído na época da guerra entre as duas espécies e cuja crueldade foi causadora da trégua quebrada pelos humanos. Como é possível não dar alguma razão para um homem que luta pela preservação de sua raça, e pensando melhor, como não perceber que somos nós as verdadeiras ameaças para o planeta? É claro que Hellboy (Ron Perlman) não exatamente um homem de questionamentos filosóficos, mas Del Toro consegue incutir alguns conflitos no personagem sem descaracterizá-lo. Hellboy é mais parecido com aqueles que combate do que com aqueles que protege. Outro que ganha mais personalidade é Abe Sapien (Doug Jones), que acaba se apaixonando pela irmã do vilão, Princesa Nuala (Anna Walton), e encontra dificuldades e conflitos pela primeira vez na vida.
Mas não pense, de forma nenhuma, que "O Exército Dourado" é uma enrolação sem dó. As cenas de ação são criativas, o visual é estourado, imprevisível e fascinante, somos bombardeados com as bizarrices típicas de Del Toro a cada segundo e os efeitos especiais são arrebatadores, mas o filme consegue impressionar em todos esses aspectos sem perder o foco em seus personagens. O elenco talvez seja o único ponto em que "O Exército Dourado" não consiga alcançar um nível acima das produções hollywoodianas convencionais. Ron Perlman continua icônico como Hellboy, mas quando ele e Doug Jones precisam encarar as cenas mais densas, o desempenho de ambos não passa do morno. A Liz Sherman de Selma Blair talvez seja a mais bem representada de todo o filme. A atriz incorpora bem a insegurança contida de Liz, na interpretação mais interessante do filme. Luke Goss e Anna Walton pouco podem fazer escondidos por trás da maquiagem. Mas para além da pouca inspiração do elenco, Del Toro demonstra desavisada familiaridade com efeitos especiais e conduz as cenas de ação com habilidade e inteligência. Afinal, como resistir a um filme que coloca o filho do demônio e um anfíbio intelectual bêbados para discutir as peculiaridades de um relacionamento ao som de “Can’t Smile Without You”? Mais um acerto infernal de Guillermo Del Toro.
Nota: 8,0

3 comentários:
É, é um filme muito bom mesmo. 8 tá de bom tamanho. A parte técnica é um atrativo a parte deste filme, muito bom mesmo.
Eu assiti o primeiro e não gosatei muito!!
Mas vou ver o 2º. apesar que muitos falam -Se o primeiro "vc" não gostou o 2º esquece -Mas vou ver assim mesmo!!! srsrsrs
Abç.
opa valeu pelo comentário em meu blog, espero que tenha gostado..
http://jcdavid.blogfatal.com/
tomara que hellboy 2 seja melhor que o primeiro
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