sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Expresso Polar - A inocência antes da ambição

O Expresso Polar (The Polar Express, EUA, 2004).

De: Robert Zemeckis.

Com: Tom Hanks, Leslie Zemeckis, Nona Gaye, Chris Coppola.

99 minutos.









Robert Zemeckis é um dos poucos cineastas que consegue conciliar um enorme prestígio crítico com uma carreira extremamente bem-sucedida nas bilheterias. Desde 1984, quando "Tudo por Uma Esmeralda" revelou esse americano de Chicago, Zemeckis sempre esteve a frente de seu tempo em termos de cinema. Inventou a ficção científica adolescente com a inesquecível trilogia "De Volta Para o Futuro", foi o primeiro a combinar desenho animado e atores reais em "Uma Cilada Para Roger Rabbit" e mostrou ao mundo como fazer um filme patriótico sem ser óbvio com "Forrest Gump" (um filme que Oliver Stone precisa assistir com urgência), e ainda levou o Oscar de Melhor Diretor na brincadeira. Revisado seu histórico, não é de se surpreender que quatro anos atrás, quando as bilheterias americanas sofriam uma queda considerável, tenha sido ele o primeiro a perceber que inovação era o que o público queria. "O Expresso Polar" estreou em 10 de novembro de 2004 nos EUA como uma tentativa desesperada e arriscada de recuperar-se da crise, mas também como o primeiro filme produzido através da tecnologia de captura de performance. O resultado não foi exatamente o estouro de bilheteria que se esperava, mas o fato é que "O Expresso Polar" fechou a conta com mais de 160 milhões em caixa. Mas quer saber qual é o fator que faz de "O Expresso Polar" um dos filmes natalinos mais irresistíveis? Simplicidade. Simples assim.

Para começar, não há vestígios dos clichês desse gênero em "O Expresso Polar": não há ninguém tentando impedir o Natal de acontecer, nenhum inimigo mortal quer seqüestrar o Papai Noel ou algo do tipo. De fato, "O Expresso Polar" não tem nem uma fagulha de tensão durante seus 99 minutos. O que nós acompanhamos aqui é pura e simplesmente a jornada de um garoto em busca do retorno de uma crença que ele parece ter perdido pelo caminho. Nosso pequeno herói não tem nome, e de fato poucos personagens o tem em "O Expresso Polar": o que importa é que o garoto, já desencantado com a lenda do Papai Noel, vê sua certeza a prova ao embarcar no expresso do título, que clama se dirigir ao Pólo Norte. Na companhia de dezenas de outras crianças, o garoto passará por situações que colocarão a prova sua descrença, seja na figura de um misterioso fantasma que vive no teto do trem ou num “vagão dos brinquedos abandonados”. Apesar de ser uma história infantil, o roteiro do próprio Zemeckis em parceria com William Boyles Jr ("Náufrago", "Soldado Anônimo") deixa muita coisa no ar para a interpretação, uma jogada hábil para não afugentar os adultos e os mais “entendidos” de cinema. Os críticos procuraram desesperadamente por algo banal em "O Expresso Polar" na época de seu lançamento, e é claro que o fardo acabou caindo sobre os três números musicais. Pura bobagem. Todos são divertidos, interessantes e filmados com a habilidade de sempre por Zemeckis. Por falar nisso, é na câmera experiente dele que "O Expresso Polar" encontra sua maior virtude. O revolucionário hollywoodiano não se deixa deslumbrar pelas possibilidades da nova tecnologia mas também não se esquece de aproveitá-la ao máximo, compondo um visual único e deslumbrante. Seus cortes são discretos, pouco intrusivos.

Seu maior acesso de ousadia se dá numa espécie de reedição da cena da pena em "Forrest Gump", trocando o objeto por um bilhete do tal expresso polar. A auto-referência funciona e acaba por se mostrar uma das seqüências mais interessantes de todo o filme, talvez só superada pela pequena viagem do trem fora dos trilhos em um lago congelado. Esta, aliás, é uma das mais engraçadas e empolgantes cenas de ação desde muito tempo em Hollywood. Para finalizar a equação vencedora de "O Expresso Polar", Tom Hanks parece confortável em cinco (sim, cinco) papéis diferentes. Tornado em criança na pele do protagonista, munido de um belo bigode no papel do Condutor, exercitando seu lado sinistro como o tal fantasma acima do trem e por fim assumindo o manto do bom velhinho perto do final do filme. Seu desempenho não é tão notável quanto em "Náufrago" ou "O Terminal", por exemplo, mas não dá para negar que ele se mostra um dos poucos atores a conseguir driblar a parafernália digital, missão na qual o próprio Anthony Hopkins falhou em "Beowulf". Mas acima de efeitos impressionantes, a prova da competência do ator e do diretor ou mesmo os números da bilheteria, "O Expresso Polar" é um dos poucos filmes hollywoodianos que se mostram munidos de uma coisa rara na indústria que o cinema se tornou: inocência. Às vezes, menos é mais.

Nota: 8,0

8 comentários:

Giuliana disse...

Nunca assisti esse filme, mas agora filmes sobre o Natal, eu acho muito mágico! haha
Não acredito em Papai Noel e nem nada... mas a esperança é a ultima que morre.. hahahaha

Ótimas informações sobre filmes.
Pretende ser cineastra?

SBIE disse...

Eu pensei em assistir,
então eh bom mesmo?

Rosangela A. Santos disse...

Nunca fiquei tão bem informada de filmes como estou agoro.. ando sempre dando uma passadinha aqui e vendo os filmes que me interessa ... olha a lista ta ficando grande ..s rsrs

Abç.

Amanda Guerra disse...

Ainda não assisti o filme... mas confesso que agora deu vontade.

Interessante esse seu espaço aqui... gostei!

Abraços

Anônimo disse...

opa !! valeu pelos comentários amigo...filme com Tom Hanks (ou na maioria das vezes) muito bom...

olha você faz parceria ??

Anônimo disse...

Jah vi esse filme! Eh um bom filme! recomendo!

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http://jokers.mimhospeda.com/

Andréia Silva disse...

Esse eu assiti, concordo com a nota!

Anônimo disse...

ai amigo, quando eu falo em parceria..é colocar seu link no meu blog...e você colocar o link do meu blog no seu, entende...é isso, você topa ??