

O Grande Dave (Meet Dave, EUA, 2008).
De: Brian Robbins.
Com: Eddie Murphy, Elizabeth Banks, Gabrielle Union, Scott Caan.
90 minutos.
Eddie Murphy é um caso a ser estudado pelos psicólogos mais gabaritados. Nova-iorquino do Brooklyn, ele surgiu para o mundo na década de 1980 com a participação no elenco do "Saturday Night Live" por quatro temporadas, e seguiu carreira no cinema como o rei da comédia (eventualmente com pitadas de ação) sob o comando de gente como John Landis ("Trocando as Bolas", "Um Príncipe em Nova York"), Walter Hill ("48 Horas"), Tony Scott ("Um Tira da Pesada II") e até Wes Craven ("Um Vampiro no Brooklyn"). O que ele estava pensando ao embarcar em um remake suicida de um clássico de Jerry Lewis voltado para crianças é um mistério até hoje. Depois do fatídico "O Professor Aloprado", Murphy insistiu em se esconder por tras de quilos de maquiagem em filmes infantis que faziam cada vez menos dinheiro conforme os anos passavam. O auge da decadência veio com o retumbante naufrágio de "As Aventuras de Pluto Nash", superprodução que misturava comédia e ficção científica de 100 milhões de dólares que não passou dos cinco (!) nas bilheterias do mundo inteiro. Foi o que bastou. Depois de mais uma aparição em uma aventura da Disney ("A Casa Mal-Assombrada"), Murphy pareceu ter recuperado a consciência e o talento, entrando como um sério concorrente na corrida do Oscar 2007 por seu desempenho explosivo no musical "Dreamgirls". A lição parecia ter sido aprendida. Ledo engano. Dois anos depois da performance de sua vida (não vamos nem falar sobre "Norbit", por favor), Murphy retorna com… uma aventura cômica espacial. Só mesmo Freud para entender.
Brincadeiras a parte, "O Grande Dave" está anos-luz (desculpe o trocadilho) acima de "Pluto Nash". Só para começar, o script dos desconhecidos Rob Greenberg & Bill Corbett não joga no terreno perigoso da sátira aos clichês. Pelo contrário, prefere investir na criatividade de uma trama esperta e nas situações absurdamente engraçadas a que ele pode levar. O texto não perde a graça e a desenvoltura em momento nenhum, não há lapsos de inspiração ou momentos contrangedores em "O Grande Dave". Acompanhamos aqui a jornada de uma nave espacial projetada para parecer-se com um de nós, dentro da qual se encontram centenas de alienígenas que não passam de versões diminutas (e racionais como um vulcano) dos seres humanos. O objetivo da expedição: encontrar um pequeno orbe de pedra que deve drenar toda a água da Terra e envia-la para seu planeta natal, que se encontra perigosamente perto do fim de seus recursos. Murphy interpreta tanto o capitão dos alienígenas (sem maquiagem nenhuma, graças a Deus) quanto a nave em si, uma cópia perfeita em tamanho maior de seu comandante. É claro que a tal raça de pequenos aliens não demora a se identificar cada vez mais com os humanos, que até então eles pretendiam destruir. Não é realmente muito difícil prever o rumo da trama, mas as boas piadas sustentam com competência os clichês e não deixam "O Grande Dave" ficar parecendo um produto de estúdio.
Pelo menos não totalmente. O filme possui uma quantidade saudável e bem-aplicada de efeitos especiais, especialmente nas seqüências inicial (a queda do tal orbe em nosso planeta) e final, sobre a qual obviamente não falarei para não estragar a surpresa. O que importa é que toda a ação é guiada com uma insuspeita e bem-vinda habilidade (mas não ousadia) de Brian Robbins, que apesar de ser mais lembrado pelo terrível trabalho em "Norbit", também já foi diretor de comédias passáveis como "Nota Máxima". O fato é que Murphy parece ter simpatizado com o diretor, já que os dois já têm mais um projeto juntos agendado para outubro desse ano, o intrigante "A Thousand Words". O que nos leva a peça-chave de "O Grande Dave": Eddie Murphy. O astro entrega, mais na pele da nave do que na do capitão, um desempenho cômico que há muito tempo não se via em sua carreira. As ações da nave, especialmente no começo do filme, causam estranheza ao mesmo tempo em que fazem rir com eficiência. Para todos os efeitos, Murphy entrega uma interpretação perfeita, seja no sorriso artificial de Dave (o nome adotado pela nave) ou em seus atos desajeitados e porte rígido, é possível perceber o homem por trás das melhores comédias de décadas atrás pela primeira vez em muito tempo. Assistir "O Grande Dave" é como ver Eddie Murphy começar voltar para casa. Que ele não fique pelo caminho como certo E.T. da década de 80…
Nota: 7,0

7 comentários:
Não sou muito fã de Eddie Murphy, mas vou assistir esse filme pela indicação do blog! abraço
Eu assisti o trailer desse filme, o qual nao me atraiu nem um pouco. Mas o Eddie Murphy é um ótimo ator, eu acho!
haha
Obrigada pelo elogio! =)
Fico feliz que pense assim! hahaha
beijos!
vou confiar heim , depois venho cobrar . rsrs
eu num gosto mt dele
e ele teve muitas revira volta em sua carreira mas epoxa eu gostei do norbit :P
Adoro esse cara,espero que esse novo filme seja muito bom!
Já assisti ao filme, porque sou fã de Eddie. Apesar da esperança de dar algumas risadas, essa fórmula pastelão está cada vez mais oleosa pra mim. Mesmo asssim, sei que assistirei ao próximo dele por mais estúpido que seja..hehe
Muito bom ter encontrado o blog de um cinéfilo. Bem legal.
Voltarei!
De fato a carreira do Eddie Murphy naufragou, salvo por "Dreamgirls". O problema dele foi escolher os filmes errados. Ele é um bom comediante, tem ótimo timing.
Abraços e sucesso com o blog!
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