

Controle Absoluto (Eagle Eye, EUA/Alemanha, 2008).
De: D.J. Caruso.
Com: Shia LaBeouf, Michelle Monaghan, Rosario Dawson, Billy Bob Thornton.
118 minutos.
Há quem diga que cinema é arte, a sétima delas, a combinação perfeita entre imagem, som e movimento, uma orquestração de elementos complexos trabalhando em harmonia para criar experiências únicas. A definição é bonita, o conceito é agradável, é bom para quem gosta pensar assim. Mas a verdade é que, em sua concepção e em sua definição mais enraizada, cinema é entretenimento. Por baixo de todo verniz artístico, o que todos nós buscamos quando vamos ao cinema são duas horas de envolvimento, seja ela provido pelo calvário emocional de algum personagem desafortunado ou pelas explosões e câmeras trepidantes dos blockbusters hollywoodianos. De nada adianta um “filme de arte” que não prenda a atenção do espectador, capture seu olhar e faça-o viajar com a história, de certa forma atrair seus pensamentos para uma realidade diferente, por mais que ela seja parecida com aquela que vemos todos os dias na rua. Um bom filme leva nossa capacidade de apreciação para um nível instintivo, automático, quase primitivo. Percebemos que uma boa atuação é uma boa atuação sem saber porquê, apreciamos uma paisagem conforme ela se encaixa na história, e não como uma pintura pendurada na parede de um museu. Por essas e por outras, o pior pecado que um filme pode cometer é ser entediante. Aquele filme que permite que seu pensamento fuja para outro lugar não merece seu respeito. Muita gente conceituada e respeitada criticou muitos aspectos de "Controle Absoluto", novo filme da parceria de D.J. Caruso e Shia LaBeouf (diretor e ator de "Paranóia"), um thriller de ação que discute uma vez mais os limites da vigilância urbana, missão da qual "Inimigo do Estado" saiu vitorioso dez anos atrás. Mas se o bom cinema é aquele que eletriza, causa impacto e envolve, então há muito tempo que não há blockbuster como "Controle Absoluto". Não é fácil definir um filme como esse. Em termos comparativos, imagine a paranóia de "Inimigo do Estado" elevada ao quadrado, combinada com o realismo fantástico da ação na série "Duro de Matar" e ainda coloque na receita os efeitos especiais mais realistas que você se lembra de ter visto ("Homem de Ferro", talvez). Agora imagine tudo isso diluído em um filme que tem algo a dizer.
Talvez o que salve "Controle Absoluto" do rótulo de “apenas mais um blockbuster” e eleve-o ao patamar de entretenimento de primeira seja o roteiro coeso e certeiro de um quarteto que contraria a regra de quanto menos gente melhor que corre entre os profissionais da área. John Glenn ("Entre a Vida e a Morte"), Hillary Seitz ("Paranóia"), Dan McDermott ("Angela’s Eyes") e o estreante Travis Wright fazem um trabalho exemplar ao não temer a ambição e ainda assim não se perder em meio aos vários temas que sua obra pretende abordar. Para começar, Controle Absoluto é sobre as conseqüências de atos impensados. Jerry Shaw (Shia LaBeouf) escolheu abandonar a família que lhe fazia sentir-se um estranho no ninho e partiu para uma vida de viagens que acabou aportando em um emprego medíocre. Para piorar, seu irmão gêmero morre em um acidente no trânsito e logo em seguida vê seu apartamento misteriosamente cheio de caixas com armas de nível militar e invadido por uma equipe do FBI chefiada por Thomas Morgan (Billy Bob Thornton). Quer destino mais cruel? Rachel Holloman (Michelle Monaghan) deixou de ir com o filho tocador de trompete para um importante concerto em Washington, tudo para não perder alguns dólares. Enquanto festeja a liberdade com as amigas, seu celular toca e uma voz feminina lhe mostra nas telas espalhadas pelas ruas de Nova York o trem em que o garoto viaja, aparentemente seqüestrado. É motivo o suficiente para ela seguir as complicada ordens dadas pela voz, e não demora para seu destino cruzar com o de Jerry, também contatado pela tal entidade, que parece ser capaz de controlar de linhas de trem a sinais de trânsito, passando por câmeras de vigilância e até portas lacradas de carros-forte. Enquanto os dois são perseguidos por uma série de instituições governamentais, o que leva as mais sensacionais cenas de ação do cinema desde "Duro de Matar 4.0", o roteiro passa por uma série de outras discussões que acabam levando a pergunta fundamental: temos nós o direito de passar por cima de nossas próprias leis para “cortar o mal pela raiz”, mesmo que isso signifique a perca de centenas, milhares talvez, de vidas? Ficou curioso com a resposta para tal pergunta, ela te fez pensar?
Pronto, é o bastante para saber que, sob nenhum aspecto, "Controle Absoluto" é blosbuster comum. É claro que simplesmente um bom roteiro não é o bastante para sustentar propostas como as descritas nas linhas anteriores, e é um alívio perceber que nenhum dos envolvidos com essa raridade decepcionou em sua função. D.J. Caruso, que antes de "Paranóia" já havia dirigido suspenses como "Rubando Vidas" e projetos mais descompromissados como "Tudo Por Dinheiro", é provavelmente o artesão de tensão mais habilidoso surgido em nosso século. Desde que David Fincher surgiu em 1995 com seu arrasador "Seven – Os Sete Pecados Capitais" que não se via uma câmera tão sombria e perfeitamente imperfeita, tanto que os âgulos criativos de ambos os diretores funcionam muito melhor à sombra do que em ambientes ensolarados. Se a habilidade é passageira ou estamos diante de um futuro grande diretor, só o tempo dirá. A verdade é que a câmera de Caruso é ainda mais criativa e impressionante quando Shia LaBeouf está em cena, demonstrando o carisma a flor da pele que lhe fez ser “adotado” pela faceta de produtor de Steven Spieberg, que já dirigiu o garoto no nostálgico e delicoso "Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal". O fato é que, se personagens como Jerry Shaw são ensaio e o consolidamento de um estrelato, as perspectivas são boas para o futuro. Shia é o corpo e a alma de "Controle Absoluto", controlador absoluto das cenas em que está presente e centro das atenções duranto o tempo que for preciso. E, para aqueles que apreciam atuações mais profundas, o garoto também não decepciona ao contruir um anti-herói desiludido e fascinante, um trabalho que ofusca os bons desempenhos dos veteranos (cada um a sua medida) como Rosário Dawson ("Sin City") e Billy Bob Thornton ("A Última Ceia"). Assista e tente criticar. Se você conseguir, parabéns. Se não, bem-vindo ao clube.
Nota: 8,0

5 comentários:
Eu vi, xi, faz tempo !
depois de 3 dias depois do lançamento já tava baixando..
sei, pirataria, mas fazer o que né?
bom, o filme, vinha acompanhando desde dos trailers..(fanático é assim mesmo)
e sabia que ia ser bom, um genero que gosto né?
o shia é bom ator, e espero muito dessa parceria dele com spilberg.(virão muitas)
bom, bom seu blog.
abraço !
Oia ai mais um filme estilo conspiração, adoramos essa idéa,... pensar que o mundo não só o que nos rodeia!
Realmente,o cinema é uma coisa incrivel,é a Sétima Arte
http://ownedando.blogspot.com/
Varios colegas já comentaram sobre esse filme e ainda não tive omo assistir ... como vai ter o carnavl e eu não vou viajar mesmo já estou com a minha seleção pronta e esse está icluso ..s rsrsrs
Abç.
Ótima crítica, tão grandiosa quanto o filme (é o que aparenta, já que eu não vi o filme, ainda).
Do Shia eu só vi Transformres mesmo, uhsuahuhs, mas logo logo devo tah alugando Paranóia e Controle Absoluto. Depois de ler este artigo, sou obrigado a ver o filme.
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