

De: Robert Zemeckis
Com: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Sally Field, Haley Joel Osment.
142 minutos.
Uma boa parte dos grandes filmes possui uma primeira cena essencial, ainda que isso não transpareça a olhos destreinados. São as idéias mais simples, os conceitos e propostas mais resumidos, que realmente encantam. Seja de uma forma metafórica ou numa levada mais realista, é praticamente infalível que a cena busque, de uma forma ou de outra, preparar o público para o que vem em seguida. Pois bem, "Forrest Gump" começa com uma pena branca sendo levada pelo vento. Assim como a maioria das metáforas encantadoras, ela não tem uma origem, não tem uma razão, e o mais importante, não tem um destino. Vigiada pela câmera viajante e imperfeita de Robert Zemeckis ("Uma Cilada Para Roger Rabbit"), ela começa na torre mais alta de uma suntuosa Igreja e passa pelo cenário por demais apressado de alguma cidade americana até pousar aos pés de um dos poucos homens que não a dispensariam como algo estranho, talvez até repulsivo. Forrest Gump não é como um homem qualquer, e nem foi um garoto normal. Para começar, o QI de Forrest conta cinco pontos abaixo do nível considerado regular, e quando criança ele ainda foi portador de um grave problema nas pernas que o fazia usar um aparelho grotesco. Ao mesmo tempo, ele funciona para a história como uma representação inocente e maravilhosa de todos nós. É um personagem, uma pessoa, que resume a essência maior da vida humana: nós fazemos nosso próprio destino. Ou não. A verdade é que, essencialmente, "Forrest Gump" é um filme sobre a vida e os caminhos para os quais podemos levá-la (ou quem sabe simplesmente sejamos levados).
E embora veja o mundo com outros olhos, muito menos cínicos e pessimistas que os nossos, Forrest é o nosso representante nessa viagem. Como um garoto excpecional, ele teve uma vida excepcional. Nascido no Alabama e criado pela mãe, Forrest contrariou todas as expectativas e completou os estudos, incluindo a faculdade, apenas para logo em seguida partir para o Vietnã. Sua visão amargamente divertida dessa parte de sua vida talvez seja uma das partes mais inspiradas de "Forrest Gump". É quando somos apresentados ao Tentente Dan, por exemplo, um dos militares mais complexos e marcantes que o cinema produziu em algumas décadas. Ele ganha uma interpretação a altura na pele de Gary Sinise, hoje conhecido como o protagonista da versão nova-iorquina da série "C.S.I.", mas que ganhou fama graças a sua performance explosiva e visceral neste filme. Embora seja em sua essência um coadjuvante, o personagem aos poucos cria uma ligação tão forte com o público quanto Forrest, e grande parte da responsibilidade por isso é Sinise, que traduz os conflitos e culpas do personagem com perfeição e entrega uma interpretação que só pode ser descrita como marcante (embora essa palavra não lhe faça jus). Talvez baste dizer que apenas a indicação para o Oscar foi pouco. De volta da guerra, Forrest se transforma de forma meteórica em ídolo do pingue-pongue (sim, você leu direito) e herói nacional graças a seus feitos em batalha. Mas, assim como todo mísero ser humano caminhando por essa terra, ele continua sentindo falta de algo. Todo grande herói precisa de um amor eterno, e quem faz esse papel é Jenny Curran, vizinha e melhor amiga de infância de Forrest, razão de boa parte das decisões corajosas tomadas pelo protagonista e, acima de tudo, a ligação do público com o tempo que passa durante a história. Enquanto Forrest segue uma trajetória guiada pela fidelidade e retidão de princípios que só pode ser definida como ingênua (embora não a seja verdadeiramente, de maneira nenhuma), Jenny se deixa levar pelas tendências e mudanças que o tempo provoca.
Nos anos 60, quando Forrest estava na Guerra, ela viveu com hippies. As décadas seguintes apenas serviram para afundá-la em uma realidade que ela mesmo odiava, mas da qual não tinha a coragem de se libertar. Robin Wright, mais conhecida pela nova geração de cinéfilos como uma das intrépidas atrizes que se arriscaram em "A Lenda de Beowulf" (e a única que se deu bem, diga-se de passagem), encara essa personagem com naturalidade e o resultado é uma interpretação profundamente emocional, que vai do contido ao explosivo em pouquíssimo tempo. Acima de todos, porém, quem brilha é Tom Hanks. Só mesmo um ator tão habilidoso, carismático e cativante poderia criar um personagem tão icônico, sutil, crível e fascinante. Talvez não haja até hoje outro nome capaz de dar a persona de Gump uma interpretação tão complexa, cheia de detalhes e ao mesmo tempo tão clara e ínspida em passar sua mensagem. De fato, é quase impossível encontrar palavras que possam fazer justiça a uma atuação tão incrivelmente identificável, popularesca sem cair no ridículo e detalhista sem passar perto do incompreensível. Hanks é preciso, certeiro e cria, por isso, um desempenho inesquecível, que prova que talvez o Oscar concedido a ele um ano antes, por "Filadélfia", tenha sido prematuro. Num raro momento de inspiração, a Academia concedeu ao ator a honra de se juntar a Spencer Tracy como vencedor de dois Oscar de Melhor Ator seguidos. Não apenas isso, o prêmio maior do cinema ainda se rendeu a "Forrest Gump" nas categorias de Melhor Edição, Melhores Efeitos Especiais (usados de forma sutil e complementar, como deveria ser), Melhor Roteiro Original para o excepcional e auto-explicativo trabalho de Eric Roth ("Munique"), Melhor Diretor e Melhor Filme. Zemeckis, aliás, guia com muita competência, nunca sobrepondo estilo a conteúdo, mas arrancando algns bons suspiros com algumas tomadas amplas e admiração na habilidade de dirigir momentos dramáticos. Levado por uma trilha-sonora calcada em hits pop e bem lapidada por Alan Silvestri ("A Múmia") durante todos seus 142 minutos, "Forrest Gump" é, afinal das contas, um estudo sobre a vida e suas pequenas peculiaridades. E sobre como o destino pode ser tão parecido com o vento que carrega uma pena pelos ares. Irônico, não?
Nota: 8,5

7 comentários:
ESSE FILME EU INDICA TB
É ANTIGO
MAIS É D+
OLÁ TE VI NA COMU DE DIVULGAÇÃO DOS BLOGS
VI QUE VC QUER COMENTARIOS
VOU TE PROPOR UM COISA
VC VOTA EM MIM NESSA ENQUETE:
http://www.linksdovasco.blogspot.com/
VOTA EM VASCO MINHA PAIXAO
EM TROCA COMENTO EM DOIS POSTS TEUS!
[BLUE] QDO VC VOTAR ME MANDA UM COMENTARIO DIZENDO Q VOTOU
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VALEU
Muito legal o resumo do filme, pior que ainda nem assisti ele por completo!
10 d + seu blog!
Aquele do tabuleiro do post passado parece ser bom, vou ver se assisto!
Assisti esse fime na segunda, é Lindo, e seu resumo ficou otimo, parabens brother.
Idiota é quem faz idiotisse...
Excelente filme
o melhor filme que ja assisti,impossivel nao se emocionar com a historia de forrest,daria tudo para ter a coragem dele....principalmente a respeito de seu grande amor...
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