

De: Phyllida Lloyd.
Com: Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgard, Julie Walters, Amanda Seyfried, Christine Baranski.
108 minutos.
Se alguém se dispusesse a fazer um levantamento do acervo de todos os DJs do mundo, um dos resultados mais garantidos seria a presença de pelos menos algumas músicas do grupo sueco ABBA. "Dancing Queen" é até hoje, mais de três décadas depois de seu lançamento, presença garantida em qualquer balada, freqüentada por qualquer público, em qualquer país do mundo. A capacidade de fazer dançar dos arranjos complexos, do piano típico dos anos 80 e dos backing vocals excepcionais que marcaram a banda são mundialmente conhecidos, mas (quase) ninguém notava que as letras do quarteto eram narrativas, realistas, algumas vezes melancólicas e excepcionalmente dramáticas. Ou melhor, ninguém notava até que Phyllida Lloyd, Catherine Johnson & Judy Craymer resolveram integra-las a uma trama e montaram, em Londres, um dos musicais teatrais mais bem-sucedidos de todos os tempos. Mais de 30 milhões de pessoas já assistiram "Mamma Mia!" nos palcos, já que o musical rompeu as fronteiras inglesas para se espalhar da China até a Broadway. Quando surgiu o projeto de levar o musical para os cinemas, não foi surpresa: quando o cenário de uma peça é uma ilha grega paradisíaca, não há caminho mais natural para ela do que a tela grande. A sensação que temos ao assistir o filme é que a história nasceu e sempre pertenceu àquele lugar, daquela forma, em cada detalhe. Grande parte do mérito deve ir, é claro para Catherine Johnson, a escritora tanto da peça quanto do filme, que escreve seqüências musicais sublimes e diálogos incrivelmente inteligentes e interessantes para uma estréia cinematográfica.
As músicas surgem naturalmente, como algo necessário, e não forçado, no roteiro de Catherine, e as letras se encarregam menos de evoluir a trama e mais de ambientar e mostrar nuances suaves de cada personagem, que se revelam em frente a câmera criativa de Phyllida Lloyd, criando uma experiência única. E eles são fascinantes. É impossível escolher o personagem mais complexo e interessante da galeria. A protagonista é Donna Sheridan (Meryl Streep), dona de um hotel que tenta a todo custo parecer confortável na vida medíocre que leva e com o casamento precoce da filha, Sophie (Amanda Seyfried), uma jovem ingênua que tenta a todo custo descobrir a identidade de um pai que nunca conheceu. Para isso, ela lê o antigo diário da mãe e chega a três candidatos em potencial: Sam Carmichael (Pierce Brosnan) largou Donna ao relento após um romance de verão para se casar. Harry Bright (Colin Firth) é apenas uma sombra do metaleiro bem humorado que consolou Donna após a partida de Sam. E por fim Bill Anderson (Stellan Skarsgard), um irresponsável aventureiro e escritor que se define como um “lobo solitário”. A trama se desenrola de forma encantadora, leve e divertida, uma abordagem diferente e interessante que transforma a trama-padrão do melodrama em algo que prende a atenção sem ser tenso e diverte sem ser fútil. O equilíbrio perfeito, tudo embalado pelas lindas músicas do ABBA, que protagonizam alguns dos números musicais mais sensacionais dos últimos tempos. É difícil escolher o melhor. O show de interpretação de Meryl Streep e a densidade de "The Winner Takes it All"? O ritmo contagiante e o final divertidíssimo de "Dancing Queen"? Ou talvez o momento-show de Christine Baranski em "Does Your Mother Know"? Quem sabe a complexidade e a confusão coordenada de "Voulez-Vous"? Eu poderia continuar enumerando por um bom número de linhas.
O melhor de tudo é que esses números são filmados com habilidade por Phyllida Lloyd, que apresenta invejável intimidade com a câmera, coordenando cenas musicais complexas e meticulosas com habilidade e ousadia de dar inveja em muito diretor experiente por aí. Sua direção é um dos fatores que contribuem para tornar "Mamma Mia!" um espetáculo completo, mas não há como negar que é o elenco que comanda o espetáculo. A começar por Meryl Streep, arrasadora e brutalmente competente como sempre na pele de Donna. Sua interpretação no já citado The Winner Takes it All é simplesmente insuperável, seu olhar triste é de quebrar o coração e seu conformismo ao cantar ao lado de um admirado Pierce Brosnan é de impressionar até os mais preparados. E ela sabe ser engraçada quando quer, visivelmente se divertindo em números como Super Trouper e até no exagerado Money, Money, Money. Amanda Seyfried detem a voz mais impressionante da produção, arrancando admiração em como a intérprete de "Gimme! Gimme! Gimme!" e "Lay All Your Love on Me". Sua interpretação não é ruim, mas é na cantoria que a garota impressiona. Exatamente o oposto de Pierce Brosnan, que se despe do charme de James Bond para encarnar um amargurado Sam com propriedade, ainda que sua voz soe apagada perto da de Amanda ou Meryl. Julie Walters, a Sra. Weasley dos filmes de "Harry Potter", mostra mais uma vez porque é considerada a atriz mais carismática de sua geração ao encarnar a hilária melhor amiga de Donna, sempre acompanhada da competente Christine Baranski. A performance de Walters em "Take a Chance on Me" é memorável. Colin Firth e Stellan Skarsgard também fazem bons trabalhados, cada qual encarnando o papel que mais se encaixa em seu perfil. No final de seus deliciosos 108 minutos, "Mamma Mia!" é mais que apenas mais um show de produção e interpretação: é um dos melhores filmes do ano. Impossível não sair cantando.
NOTA: 8,5

4 comentários:
Eu ainda não assisti o filme, mas tneho vontade ^^
parabens pelo blog
http://istosimmsica.blogspot.com/
Também não assisti ao filme, mas ouvi falar muito bem, assim como você citou, da atuação brilhante da Maryl Streep! Tô com muita vontade de ver...
V^?o procurar algum filme aí para baixo que eu já tenha visto para eu poder ler sabendo do que se trata =D
Estou retribuindo a visita lá no Tatu com Cobra. Bem legal seu Blog, e a prapagação de cultura seja ela qual for, tem meu apoio.
Voltarei mais vezes.
Humberto
tatucomcobra.blogspot.com
Hj no MEGAPIX........ PERFEITO
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