domingo, 15 de fevereiro de 2009

Noites de Tormenta - O canto do cisne de Nicholas Sparks


Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe, EUA/Austrália, 2008).

De: George C. Wolfe

Com: Richard Gere, Diane Lane, Viola Davis, Scott Glenn.

97 minutos.





Nem todo clichê é uma armadilha mortal. De fato, o maior atestado da esperteza de Hollywood é o fato incontestável que algumas das convenções continuam funcionando a perfeição para construir a manipulação de emoções que todo filme se propõe a fazer. O problema é que a terra do cinema tem uma dificuldade histórica para saber quando um acerto está desgastado e quando é a hora de partir para uma inovação. O escritor Nicholas Sparks, nos últimos nove anos, foi adaptado para as telas nada menos que quatro vezes. Seu romance de velha guarda, que usa o ambiente e o cenário como pano de fundo para uma história de amor previsível funcionou bem em "Uma Carta de Amor" e "Diário de Uma Paixão", mas talvez o grande mérito disso tenha sido do elenco, que cumpriu, em ambos os filmes, a missão de humanizar os personagens envolvidos na trama e trazê-los de um plano astral no mínimo utópico para o mundo real. Tanto Kevin Costner & Robin Wright-Penn quanto Ryan Gosling & Rachel McAdams conseguiram fazer de seus filmes experiências recompensadoras, ainda que um tanto enfadonhas em sua concepção. "Noites de Tormenta", o último da fila nas quatro adaptações, é o que poderia se chamar de ponto de quebra quanto a eficiência da narrativa convencional de Sparks. Talvez tenha sido o desleixo de quem se envolveu em sua produção, ou quem sabe o tempo para os clichês do escritor tenha acabado em Hollywood. O fato é que, enquanto "Diário de Uma Paixão" alcançou e ultrapassou a marca dos 100 milhões em bilheteria apenas nos EUA, "Noites de Tormenta" não conseguiu chegar nem mesmo na metade. Aparentemente, não é apenas a crítica que finalmente se cansou da pieguice.

Já que falamos da competência do elenco nas adaptações anteriores da obra de Sparks, então é mais fácil partir para a questão fundamental de "Noites de Tormenta", que marca a reunião do casal Diane Lane e Richard Gere depois do sucesso do apimentado "Infidelidade". Se no filme de Adrian Lyne ("Atração Fatal") eles eram um casal perfeito que aos poucos caminhava para uma crise que culminava na traição da mulher, na nova parceria acontece o contrário: ambos acabam de sair de épocas perturbadas, se encontram, entram em conflito e aos poucos descobrem que podem ter muita coisa em comum. Em um casal como esse, não há dúvidas quem é o mais talentoso. Gere normalmente interpreta o intelectual charmoso que se enreda por um romance que nunca pensaria em viver, papel que quase nunca rende uma boa atuação, principalmente nas mãos desajeitadas do ator. Já Lane tem um currículo variado, que passeia do drama mais pesado a comédia mais descompromissada com desenvoltura, um talento que já foi agraciado com nominação ao Oscar, exatamente pela atuação em Infidelidade. Aqui, porém, a situação se inverte. Ela parece pouco inspirada, recorrendo ao choro fácil e a pieguice quando tem que carregar a trama sozinha, raramente demonstrando algum rompante do brilho de outros tempos, apagado por uma série de produções no mínimo duvidosas ("A Casa de Vidro", "Sem Vestígios") que deveriam tornar seu nome mais vendável, mas acabaram acabando com a boa reputação que tinha entre os críticos. Enquanto Lane fracassa lamentavelmente, Gere brilha mais do que o habitual, entregando uma atuação que não chega ao brilhante, mas sem dúvida nenhuma passa bem as emoções conturbadas de um personagem que só parece fácil de incorporar. É claro que, a bem da verdade, Gere ficou com o personagem mais interessante.

Ele é Paul Flanner, um cirurgião aposentado por um erro fatal que vai para a pequena cidade de Rodanthe, na Carolina do Norte, para reorganizar a vida e acertar as contas com o passado. Ele é o único hóspede de uma pradisíaca pousada a beira-mar, provisoriamente administrada por Adrienne Willis (Diane Lane), mulher recém-separada que tem que lidar com a proposta para reatar o relacionamento com seu ex-marido, Jack (Christopher Meloni) enquanto cuida do lugar para a amiga Jean (Viola Davis). O que vem a seguir é o mais previsível possível: enquanto um furacão se aproxima da cidade e promete derrubar a pousada, ambos resolvem ficar e enfrentar a natureza, o que obviamente acaba levando a uma paixão fulminante. O roteiro erra ao nem mesmo tentar fugir dos clichês, cumprindo cada uma das regras pré-estabelecidas do gênero e descambando em um clímax frio, que não alcança a emoção a que se propõe. O curioso é que os dois roteiristas demonstraram talento o bastante em seus currículos para tornar "Noites de Tormenta" em mais do que mais um romance. A sul-africana Ann Peacock, autora de scripts como "Em Minha Terra" e o primeiro "As Crônicas de Nárnia", não faria mal em colocar uma bem medida pitada de fantasia para temperar a história, e John Romano ("O Amor Custa Caro") poderia ter caprichado mais nos momentos cômicos, ainda que estes sejam o que há de menos entediante no filme. O elenco coadjuvante é o que mais se destaca, nas boas interpretações de Viola Davis, recém-indicada ao Oscar pelo trabalho em "Dúvida" e do veterano Scott Glenn ("Coragem Sob Fogo"). Destaque também para a participação não-creditada de James Franco ("Homem-Aranha"). O diretor George C. Wolfe, egresso da TV, estréia no cinema com uma câmera correta, mas sem personalidade própria, o que apenas torna "Noites de Tormenta" ainda mais ordinário. Nem mesmo os bons trabalhos da cantora Jeanine Tesori na trilha-sonora e do brasileiro Affonso Beato na deslumbrante fotografia tiram o filme da temperatura morna. Vale para quem gosta do gênero e não se importa com a falta de criatividade, mas é uma decepção para quem espera um filme diferente do convencional ou mesmo para quem se guia pela dupla principal. Para estes, nem o final trágico vai ser capaz de emocionar.

Nota: 5,0

5 comentários:

Leo Pinheiro disse...

Eu adoro a Diane Lane desde o 'Pequeno Romance' - seu filme de estréia, ao 12 anos.

Uma estrela que sabe envelhecer com dignidade!

Por ela vale a pena ver uma comédia romântica previsível...

luis Fernando s disse...

Não vi o filme

Não sou muito chegado nos filme de Richard Gere

rafinha batista disse...

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Anônimo disse...

Nao assisti , sou meio assim com filmes
alugo o que mais me chama atencao
hahahah
abracos!!

Anônimo disse...

Eu já vi o trailler desse filme e sinceramente verei apenas se tiver passando na tv, e não tiver nada melhor para ver.

Esses filmes agridoces, inofensivos de amor já cansaram.