

De: Ben Stiller.
Com: Ben Stiller, Jack Black, Robetr Downey Jr, Nick Nolte, Steve Coogan, Matthew McConaughey, Tom Cruise.
107 minutos.
107 minutos.
Tom Cruise não tem medo do ridículo. Se tivesse, aliás, talvez nem fosse tudo o que é hoje. Foi dançando de cuecas sob o comando de Paul Brickman em "Negócio Arriscado" que ele tomou Hollywood de assalto vinte anos atrás. Dezesseis anos depois, orientado por outro Paul (Thomas Anderson), ele chegou perto do Oscar pelo exibicionista Frank T.J. Mackey de "Magnólia". Agora ele despe-se da vaidade de um astro para aprecer gordo, careca, visceral, mau-caráter e impagável em "Trovão Tropical", quarta experiência de Ben Stiller atrás das câmeras, a primeira depois da desventura que foi "Zoolander". O resultado: sua composição grotesca do executivo de estúdio Les Grossman, cuja maior filosofia é “abaixe as calças deles e bata naqueles traseiros”, conquistou os críticos e já rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante. Bom, quando Tom Cruise exercita sua grosseria de forma tão evidente, a conclusão mais óbvia a que se pode chegar é que "Trovão Tropical" não é uma comédia comum. O que Ben Stiller arquiteta aqui não é a típica história engraçada que chega a um final feliz e comovente. É uma sátira carregada de humor ácido, referências e alfinetadas a mesma indústria que fez todos os efeitos e cenas de ação serem possíveis. É quase inconcebível pensar que Hollywood foi capaz de bancar uma comédia que critica de forma tão inteligente e ainda consegue divertir quem espera uma boa aventura. O roteiro do próprio Stiller, em parceria com o estreante Justin Theroux e Ethan Cohen ("Madagascar 2"), mostra as engrenagens que fazem a indústria do cinema se mover de forma subversiva, e é incrível como a versão deles é bem mais fácil de acreditar do que as que enxem as páginas das revistas especializadas.
Para tornar a sátira ainda mais cruel e crível, Stiller ainda insere um trio de protagonistas que não faria feio com uma estrela na Hollywood Boulevard. Ele próprio interpreta Tugg Speedman, o estereótipo de astro de ação qurendo ser levado a sério e tentando se recuperar de um homérico fracasso. Jack Black interpreta Jeff Portnoy, comediante de filmes escrachados e nojentos, cujos problemas de temperamento e vício em drogas alimentam a imprensa sensacionalista. O terceiro membro da estranha história é Kirk Lazarus (Robert Downey Jr), o típico ator multipremiado que submerge nos papéis que representa e acaba perdendo a própria identidade. Os três estão encarando uma longa, atrasada e problemática filmagem do que deveria ser o “melhor (e mais caro) filme de guerra já feito”. O fato é que a pressão do estúdio, aliada com a cobertura exagerada da imprensa e o estresse do diretor estreante Damien Cockburn (Steve Coogan) acabam levando a execução de um plano no mínimo insano: largar todos os atores na selva cheia de guerrilheiros, espalhar câmeras e ver como eles reagem diante de perigos de verdade. Com uma trama assim, o mais fácil (e o mais óbvio) para um roteirista seria descrever a gradual aproximação de tipos tão diferentes, chegar ao confronto final com os guerrilheiros e inventar alguma forma absurda de salvar a todos. Mas Stiller prefere destilar seu veneno contra Hollywood em doses pequenas. Em qual outro filme o agente (e melhor amigo) de seu personagem fica em dúvida entre salvar Tugg e ganhar um jatinho? Qual outro roteiro ousaria colocar um executivo dizendo que “nós vamos lucrar com a morte dele”? Tudo isso sem se esquecer de colocar um personagem chapado para render risadas antológicas e brincar com a própria proposta do filme, que é um bando de atores problemáticos perdidos na selva achando que estão gravando um filme.
"Trovão Tropical" é um filme que mexe num vespeiro de forma brutal, mas não é por isso que se esquece de dar ao espectador alguns dos momentos cômicos mais sensacionais do ano. Também é o filme que confirma de uma vez por todas que Ben Stiller é um potencial bom diretor. O que ele não teve nas últimas tentativas foi um bom roteiro para guiar, e muita sorte nas bilheterias. Afinal, com "Homem de Ferro" e "Kung Fu Panda" por aí, quem não apostaria no sucesso comercial de um filme com Robert Downey Jr e Jack Black? Além de guiar as câmeras com habilidade, Stiller exercita seu melhor estilo arrogante ao encarnar Tugg Speedman, nos fazendo lembrar porque ele ainda é um dos melhores comediantes de sua geração. Jack Black dá um show de atuação ao ser presenteado com as melhores piadas do filme, seja quando seu Jeff Portnoy está sob o efeito de uma grave crise de abstinência, seja quando ele já está relativamente sóbrio. Para completar o trio, Robert Downey Jr toma o exemplo de seu personagem e parece incorporar a personalidade do personagem que seu personagem faz na produção fictícia. É complicado entender sua performance, mas basta dizer que ela for marcante ao ponto de ser notada pelos críticos e indicada ao Globo de Ouro. O elenco coadjuvante conta ainda com gente como Nick Nolte, divertindo-se a beça no papel do autor do livro que serviu de inspiração para o filme fictício. Matthew McCounaughey se revela bom comediante ao encarnar o obstinado agente de Speedman (papel que deveria ser de Owen Wilson antes de sua tentativa de suicídio), que se vê pressionado ao descobrir que seu cliente, quem diria, ainda não recebeu o serviço de TV digital no set de filmagem. Futilidades de Hollywood... Ainda bem que ela ainda se lembra que o segredo do negócio, afinal, é não se levar a sério.
Nota: 8,0

3 comentários:
Ainda bem que gostou!!!
O seu blog tb tem coisas muito bacanas de cinemas
Continue certo!!
Abraço
Que elenco de peso hein?
Ben Stiller, Jack Black e Cruise em um unico filme?
acho que vale o ingresso apesar da nota 8 que vc deu...
bjus
Já assiste à esse filme. É bem engraçado.
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