segunda-feira, 30 de março de 2009

Boletim Cinéfilo – As Notícias do Dia (30/03/2009)

Novos limites

Não seria uma mentira dizer que os filmes de esporte passam por uma fase bem favorável. Com gente como Mark Wahlberg (“Invencível”) e Matthew McCounaughey (“Nós Somos Marshall”) lucrando com a vertente cinematográfica que desafia os limites humanos dentro de uma quadra e um filme com absolutamente nenhum potencial comercial (“Tudo Pela Vitória”) se tornando uma das grandes surpresas de bilheteria dos últimos anos, não dá para dizer que o momento seja ruim para investir em filmes do gênero. Tanto não é que parece que o esporte planeja tomar de assalto os outros gêneros e se integrar a tramas com outras veias como um elemento a mais para deslumbrar ou distrair o público. Em suma, para jogar um pouco de ar fresco a gêneros que não andam tão populares. O drama familiar, por exemplo, vai ganhar um astro do futebol em “The Blind Side”, próximo projeto do diretor e roteirista texano John Lee Hancock, responsável por obras tão díspares como o histórico “O Alámo” e o eletrizante “O Novato”. Ex-protegido do diretor Clint Eastwood, que filmou sua ascensão a fama em “Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal”, o diretor deve assinar a adaptação do livro de Michael Lewis sobre uma família rica do subúrbio que acolhe um jovem sem-teto e descobre o talento do garoto para o futebol americano. Eventualmente, ele se torna um astro. O elenco por enquanto conta com Sandra Bullock (“Premonições”) como a matriarca da tal família e a incansável Kathy Bates (“O Dia em Que a Terra Parou”) como uma educadora agressiva contratada pela mãe. Enquanto as duas se vêem as voltas com jardas e touchdowns, Tobey Maguire descansa do traje do “Homem-Aranha” dentro do cockpit como o maior ícone do automobilismo na terra do Tio Sam. Phil Hill foi o único ianque a vencer um campeonato de Fórmula 1, mas viu sua vitória selada pela morte de seu colega de equipe, Wolfgang Von Trips, com quem viera brigando pela liderança desde o início do campeonato. “The Limit”, o filme, tem no roteiro Anthony Peckham, vindo direto do novo “Sherlock Holmes” de Guy Ritchie.

Improváveis seqüências

Hollywood está mesmo perdendo a linha na busca por mais continuações lucrativas para suprir a crise série de idéias que a terra do cinema anda passando. Para quem acha que os grandes mestres estavam imunes a essa e qualquer outra mania, já se prepare para ficar profundamente decepcionado com o já sexagenário canadense David Cronenberg. Sem filmar ou dar quaisquer notícias desde 2007, o diretor de pequenas pérolas da subversão cinematográfica como “A Mosca” e “Crash – Estranhos Prazeres” pode ter finalmente cedido as pressões e se disse interessado em uma possível seqüência de seu último filme, o relativamente bem-sucedido “Senhores do Crime”. A obra, que rendeu uma indicação ao Oscar para o protagonista Viggo Mortensen (“O Senhor dos Anéis”) e exaltadas críticas dos especialistas por sua brutalidade sem concessão e pela elegância da condução de Cronenberg, marcou também as passageiras pazes dele com Hollywood, que garantiu um elenco estrelado que ainda incluía Naomi Watts (“King Kong”) e Vincent Cassel (“Doze Homens e Outro Segredo”). Agora, depois de alguns rumores, o diretor apareceu empolgado na MTV dizendo que “nós estamos avançando neste assunto e estamos animados com a idéia de fazer a seqüência”. O diretor ainda mencionou a volta de Mortensen e do roteirista Steven Knight (“The Detectives”) para a continuação, ainda sem trama ou data de lançamento definida. Em situação ligeiramente mais adiantada está o ainda mais surpreendente “Jovens, Loucos & Rebeldes 2”, seqüência do fracasso cult dirigido por Richard Linklater (“Antes do Amanhecer”) em 1993 que, ironicamente ou não, abriu as portas do estúdio para seu estilo alternativo de dirigir. Estrelado pelos então desconhecidos Jason London (“Casa de Vidro 2”), Rory Cochrane (“Homem Duplo”) e Wiley Wiggins (“Waking Life”), o filme contava a simplista história de um grupo de jovens tentando se divertir no último dia de aula de suas vidas, tudo isso nos anos 70 psicodélicos. A seqüência já tem até trama: dessa vez a bagunça acontecerá no primeiro fim-de-semana de faculdade.

De volta aos tribunais

Treze anos atrás, um então pouco conhecido Matthew McConaughey (“Um Amor de Tesouro”) encarou de frente as complicações dos intrincados casos do escritor John Grisham, responsável pelas melhores novelas criminais da atualidade, em “Tempo de Matar”, quarta adaptação da obra de um escritor que tinha o mesmo número de obras publicadas. O filme de Joel Schumacher (“Número 23”) veio com toda a pompa e circunstância de uma grande produção e um elenco quase ofuscante de tão estrelando, contando nesse balaio gente como Sandra Bullock (“Premonições”), Samuel L. Jackson (“The Spirit”), Kevin Spacey (“Beleza Americana”), Donald Sutherland (“Maldição”) e Ashley Judd (“Beijos que Matam”). Se a bilheteria não foi tão astronômica quanto se esperava, tampouco passou longe de decepcionar com seus quase 150 milhões. Agora, mais de uma década e um sem-fim de sucessos maiores na carreira, o astro vem no embalo da participação em “Trovão Tropical” para mirar em outro dos maiores escritores do gênero nos Estados Unidos e voltar aos tribunais em grande estilo com a trama quase incompreensível de “The Lincoln Lawyer”. A novela, lançada em 2005, traz o advogado Mickey Waller encarando um caso de homicídio que o desafia logo de cara por se tratar da defesa de alguém inocente. Louis Roulet, para ajudar, ainda tem uma história cheia de furos para sustentar sua inocência, que aos poucos acaba apontando para um preso em uma penitenciária de segurança máxima, ex-cliente do próprio Waller, que pode ou não ser a própria vítima do assassinato. Ficou confuso? Essa é exatamente a intenção, e quem conferiu o trabalho de Michael Connelly em desenrolar a própria trama ficou admirado com a habilidade. É claro, não é só por méritos que “The Lincoln Lawyer” será a primeira novela de Connelly a ganhar adaptação desde o desastre que Clint Eastwood construiu em “Dívida de Sangue”. O personagem já foi protagonista de uma segunda aventura, recém-lançada e intitulada “The Brass Veredict”. Afinal, Hollywood não faz ponto sem nó.

Polêmicas viagens

 

Em 2006, o mundo conheceu de uma vez por todas o humor sem concessões do inglês Sasha Baron Cohen por meio do surpreendente sucesso da aventura cinematográfica de seu personagem mais famoso, o repórter cazaque que dá o título a “Borat – O Filme”. Depois de participar como notável coadjuvante em filmes dos mais diversos como “Sweeney Todd” e “Madagascar 2”, o ator e roteirista indicado ao Oscar de melhor roteiro original pelo trabalho com o anárquico repórter, investe mais uma vez em uma de suas famosas criações para dar vida a mais uma lição de sarcasmo e crítica em “Bruno”. Como ele não se contenta apenas em massacrar o american way of life e seguir com suas viagens para expor todo o preconceito que mora naquele país, as bobagens impróprias para menores são presença garantida em suas investidas solo, o que causa um sorriso nos apreciadores do estilo mais escachado de comédia e uma expressão de espanto nos censores do mundo inteiro. Para agradar um pouco os primeiros, o gigantesco título completo da obra sobre o entrevistador alemão gay que não se furta a colocar os convidados em situações constrangedoras: “Bruno – Delicious Journeys Through America for the Purpose of Making Heterossexual Males Visibly Unconfortable in the Presence of a Gay Foreigner in a Mesh T-Shirt”, cujo subtítulo pode ser traduzido como “deliciosas viagens através da América com o propósito de fazer homens heterossexuais visivelmente inconfortáveis na presença de um gay estrangeiro usando uma camiseta de couro”. Agora, parece que a ousadia de Cohen foi demais para os impiedosos censores americanos, que deram a versão integral do filme a classificação NC-17, a mais alta do país, que não permite que menores de 18 anos entrem no cinema sob nenhuma circunstância. A Universal, que agora se vê com um enorme abacaxi nas mãos, deve aceitar os cortes propostos pela MPAA para trazer “Bruno” para uma classificação R, ou seja, que permite menores de 17 anos acompanhados dos pais.

Bom, pessoal, e por hoje é isso… um pouco de polêmica no final, alguns filmes para esperar no recheio… um dia bom para o cinema. Enfim, quero como sempre agradecer a todos os comentários e a todas as visitas que fazem desse trabalho algo com sentido e significado. Obrigado a todos, os melhores filmes para vocês e até amanhã!

6 comentários:

Renan Barreto disse...

Eu adoro o Sasha!! Ele é muito sem graça, ams de tão tosco que é, ele torna-se engraçado. Lembro dele em Borat falando com as feministas que 5 mulheres só poderiam estar juntas na cova, ou algo do tipo... Eu o vejo pelo lado de critico da sociedade e não como um comediante imbecil.

Bem, Caio, eu tô com problemas com a net e Muito trabalho e muito trabalho da facul. rs Mas sempre que posso vou dar uma passada aqui. Sabe que é o blog sobre cinema que mais gosto. Tá melhor do que os grandes sites. Para que eu vou ler o G1 se tenho o senho blog, que inclusive é muito melhor escrito. Sério mesmo.

Bem, tenho que ir, mas um abração! Depois a gente se fala mais.

Valeu!!!!!!!!!!

gamelinha disse...

Eu gostei do seu blog,é bom ver alguém que ver os filmes e depois expressa a sua opinião do mesmo.
Pena que eu não sou fã de filmes, foram pouquissimos que eu assisti..
bjss

Lua- Eu Crio Moda disse...

MEU DEUS E UM TEXTO BM EXTENSO HEIN
CONFESSO Q LI PELA METADE POIS ACHEI CANSATIVO
PERDAOOOOOOOOOOOOO?
PERDOU?
?!!!!!!!!!
OIBRIGADA PELA VISITA
BJOS

Inez disse...

Otexto é muito grande, mas como sempre ótimo comentário sore os filmes.

Anônimo disse...

Ao menos o programa de televisão do Sasha, o "The Ali-G Show", tem mostrado um ótimo humor com os personagens Ali-G, Borat e Bruno. É uma situação chata para a Universal. Talvez depois do período de mostra do filme com censura no cinema, a publicação de uma versão sem cortes em DVD seja mais lucrativa e popular (como geralmente acontece com filmes censurados).




http://quartodealuguel.blogspot.com/

bones disse...

por partes:
Sandra Bulock está em muitos filmes,não? Será interessante vê-la como mãe de um jogador.

parece que todo mundo conhece Sasha e comentou sobre ele, eu não gostei de borat e passo longe do show dele,então...

Não conheço o livro que vc menciona, mas pareceu interessante, seria o lincoln do título um carro? Taí o proximo livro que eu vou procurar, obrigada.

é sempre refrescante ler seu blog, até o próximo.