O retorno do homem
Hollywood é incapaz de passar por uma década sem venerar um roteirista e fazer de cada nova obra do infeliz um acontecimento gigantesco. Apesar de não serem normalmente os nomes mais aplaudidos de uma produção cinematográfica e de raramente chegarem a boca dos apreciadores mais casuais de cinema, uns poucos afortunados tiveram toda a terra do cinema a seus pés por algum tempo. Nos anos 1990 o terror adolescente esperto de Kevin Williamson, o homem por trás da franquias “Pânico” e “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, teve de conviver com as comédias existencialistas do excêntrico Charlie Kauffman, responsável por “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”. Mas o século XXI bateu a porta e os dois nomes citados aí em cima ficaram ultrapassados, deixando Hollywood órfã de um grande astro do roteiro. Foi quando, em 2006, Zach Helm ascendeu do total anonimato para o posto mais alto da escada de Hollywood, através da obra-prima cômico-dramática “Mais Estranho Que a Ficção”, a espetacular história de um homem que começa a ouvir a narração da própria vida. Estrela menor na primeira obra de Helm, o veterano Dustin Hoffman (“O Júri”) tomou o palco central no subestimado e encantador “A Loja Mágica de Brinquedos”. Sem seu nome estampando um filme desde então, Helm prepara seu retorno triunfal ao palco do cinema em mais duas aulas de como contar histórias criativas e envolventes. E agora seu parceiro é ilustre. Ainda sem título, o novo roteiro de Helm deve ser filmado pelo documentarista Errol Morris, ganhador do Oscar na categoria pelo trabalho excepcional em “Sob a Névoa da Guerra” e autor de mais uma dezena de pequenas obras-primas do cinema de verdade. Sem dirigir ficção desde “A Brisa da Morte”, de 1991, Morris embarcou para contar a trama centrada em Robert F. Nelson, um técnico de televisão nos anos 1960 que se junta a um grupo de pessoas que acredita ser possível enganar a morte através do congelamento de corpos. É claro, o processo é bem menos fácil do que Nelson esperava. Quase ao mesmo tempo, Helm deve retornar a direção em “The DisAssociate”, que versa sobre um homem que começa a receber cartas de... Deus. Alguém duvida que de uma das duas fontes sai uma nova obra-prima?
Van Helsing neo-noir?
Duas das maiores manias da moderna Hollywood juntas em um único projeto que tem tudo para ser diversão culpada e herética das boas. Um pouco perdido? Vamos começar do começo. Primeiro, o neo-noir. Tentativa muitas vezes fracassada de ressuscitar o célebre estilo de filmar dos anos 1940-1950, o movimento liderado pelos grandes estúdios que pretendem “se adequar a tendência de heróis falhos nos filmes de ação” só rende mesmo quando combina respeito as origens e direção responsável de gente que sabe o que faz como Robert Rodriguez (“Sin City”). Segundo, a cada vez mais recorrente reedição dos monstros clássicos da literatura de terror em uma única e geralmente absurda história. Quem conferiu o desastre divertido de “Van Helsing” sabe o que eu estou falando. Os afortunados que nem se deram ao trabalho de assistir ao filme de Stephen Sommers (“A Múmia”) só precisam ficar sabendo que o protagonista luta até contra o monstruoso Dr. Jekyll, personagem de “O Médico e O Monstro”. De qualquer forma, é pegando carona nessas duas tendências que “I, Frankenstein” deve chegar ao mundo em forma de quadrinhos nos próximos meses, com edição da Dark Horse Comics (o braço independente da DC) e texto sob os cuidados de Kevin Grevioux. O americano, ao menos, está acostumado com vampiros e criaturas do gênero já que é um dos co-criadores da franquia “Anjos da Noite” e um dos poucos nomes presentes em toda a trilogia. A parceria com o francês Patrick Tatopoulos, diretor estreante no terceiro e recém-lançado filme da série, deve ter sido proveitosa, já que Grevioux deve unir forças com o ex-técnico de efeitos especiais uma vez mais na adaptação de sua própria obra. Com Tatopoulos na direção, Grevioux no roteiro e o novato estúdio Death Ray Films bancando a brincadeira, é de esperar que a fidelidade a obra original seja quase absoluta. O que, infelizmente nesse caso, não garante a qualidade. Afinal, estamos falando de uma série em quadrinhos passada na atualidade que repagina personagens como Frankenstein, Drácula e o Corcunda de Notre-Dame. Se não fosse o bastante, o monstro de partes humanas aprendeu a controlar seus instintos e trabalha como detetive na caça do rei do crime, (adivinhem) Drácula em pessoa.
O mundo de Sofia
A diretora mais em evidência em nosso século, Sofia Coppola tem um ritmo todo próprio para encontrar e desenvolver seus projetos. Em sete anos exercendo o ofício aprendido com o pai, o próprio Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão”), a talentosa nova-iorquina entregou quatro filmes compostos por delicadeza, detalhismo e uma manipulação de emoções mais do que eficiente. Também notável roteirista com sua forma oscilante de conduzir a trama, Sofia tem agora um desafio um pouco maior a sua frente. Ao se propor a contar a história de um pai irresponsável que vê sua vida mudar com o retorno da filha pequena a sua vida, a cineasta deixa também no ar a esperança de uma injeção de personalidade e criatividade a uma fórmula que já tem soado repetitiva há algum tempo. O cenário, ao menos, é sofisticado e o mundo a explorar, familiar para a diretora. O protagonista será um ator famoso, que se hospeda no popular Chateau Marmon e vive uma vida de excessos típica das celebridades que freqüentam as revistas de fofocas. Isso até sua filha, uma garota de doze anos, buscar desamparado abrigo no apartamento do pai e frear essa vida fugaz pela qual ele passava sem perceber, forçando-o a reavaliar suas recentes atitudes. Para interpretar o protagonista, o sumido Stephen Dorff, cujos últimos trabalhos foram em minisséries televisivas (“XIII” e “O Fator Hades”) e como coadjuvante em produções de porte médio (“As Torres Gêmeas”). Ao seu lado, a pequena Elle Fanning, irmã mais nova e menos famosa de Dakota e atriz de pequenos papéis em filmes como “O Curioso Caso de Benjamin Button”, que deve ter sua grande oportunidade para mostrar que o talento não fica apenas em um lado da família como a intensa garota que vem pedir abrigo junto ao pai que aprendeu a odiar. O título do projeto, “Somewhere”, de alguma forma incompreensível lembra a abstração de “Encontros e Desencontros”, até hoje a obra mais contundente da filmografia de Sofia, e as semelhanças são confirmadas pelo presidente da Focus Features, James Schamus, responsável por ambos os filmes. Segundo ele, o novo filme “tem a empatia, a emoção o espírito que marcaram a produção estrelada por Bill Murray e Scarlett Johansson”. “Somewhere” é também um projeto em família, já que na produção executiva estão Roman Coppola, irmão de Sofia, e o próprio Francis Ford.
Monstros da ação
Jean-Claude Van Damme acaba de experimentar sua dose maior de notoriedade nos últimos anos com o comentado mas nem tanto “J.C.V.D.” e ainda provocou polêmica ao confirmar ter declinado a proposta de Stallone para atuar em “The Expendables”, mas isso não o impediu de preparar seus próximos enlatados para DVD a aportar nas locadores brasileiras e americanas nos próximos anos. E quem melhor para fazer companhia a ele do que outro ex-astro maior da pancadaria que encontrou o caminho das estantes no novo século? Quem pensou imediatamente em Steven Seagal pode se congratular. “Weapon” passa por um momento um pouco turbulento nas mãos do recém-criado estúdio Flagship, mas tem tamanho apelo que parece quase impossível que não se concretize. Afinal, quem resiste a ver dois ícones lado a lado? Ícones do passado, é verdade, e com obras recentes que deixam mais do que uma dúvida no espectador, mas é sempre melhor esperar para elogiar ou criticar. A trama do filme, divulgada recentemente, soa como uma espécie de reedição sofisticada de “Assassinos”, estrelado por Sylvester Stallone e Antonio Banderas em 1995. Ao que parece, Seagal (“A Força em Alerta”) deve interpretar um matador de aluguel especializado em todos os tipos de armas de fogo que se une ao seu maior concorrente no ramo, a ser vivido por Van Damme (“Soldado Universal”) para derrubar um chefe do tráfico de drogas que conta com a própria divisão de narcóticos do FBI ao seu lado. Que os dois juntos são capazes de tirar a missão de letra ninguém duvida, mas será que a dupla de heróis conseguirá ultrapassar as barreiras financeiras de Hollywood? Não que “Weapon” ambicione ser uma grande produção, é claro, mas a dupla de produtores Alison Semenza (“Garotos Perdidos – A Tribo”) e Todd Moyer (“Timecop”) continua firme na atitude de negar qualquer projeto semelhante em andamento, o que pode indicar uma tentativa pífia de esconder o andamento do filme dos internautas de plantão ou talvez uma produção complicada e problemática. Enquanto o dilema continua sem solução, a data do começo das filmagens (Junho desse ano), as locações (Novo México e Vancouver) e o roteirista (Aaron Thomas, da série “Numb3rs”) já vazaram na grande rede.
Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… algumas notícias bombásticas para os fãs de ação, algumas de dar medo aos de literatura de terror e, esperamos todos, todas para alegrar os amantes do bom cinema. Por enquanto, deixo vocês por aqui mesmo! Os melhores filmes para todos vocês sempre e até mais!
2 comentários:
Nunca liguei para o roteirista...
Não me pérgunte o pq! huahuauah
Ah! estou copiando e colando o seu perfil do blog na revista, até eu elaborar um texto melhor ou tu me dizer que prefere algo mais personalizado.
Apesar que um texto para falar de vc vindo da sua propria persona seria interessante! :)
Nos vemos em junho!
Um blog de cinema, muiiito bom mesmo.
adoro filmes, eles são minha vida..
:D
Parabéns :D
http://semfronteiraas.blogspot.com/
(:
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