terça-feira, 28 de abril de 2009

Boletim Cinéfilo – As Notícias do Dia (28/04/2009)

Apunhalados pelas costas

Quadrinhos underground são um ramo que pouca gente toma conhecimento e menos ainda se empolga quando a eventualidade ocorre. Portanto, fazer sucesso é um lance de sorte raro. “The Losers”, por exemplo, pode ter sido uma publicação do braço alternativo da DC (o sempre polêmico Vertigo), mas chamou a atenção dos críticos pela qualidade ao adaptar para o século XXI a trama da já pouco conhecida minissérie dos anos 1970 de mesmo nome, um conto da Segunda Guerra sobre uma singular tropa americana composta apenas por homens que já viram a tragédia passar por suas vidas. Pouco do espírito aventureiro do original ficou na nova versão, escrita por Andy Diggle (“Batman Confidential”), que se sustentou nas bancas por três longos anos e mais de 700 páginas da história de um grupo de ex-agentes secretos traídos pela CIA que se reúnem para orquestrar sua vingança. Os Losers eram um grupo de alta hierarquia na agência durante os anos 1990, quando a guerra contra o terrorismo ainda engatinhava, mas se tornaram obsoletos e acabaram sabendo demais, o que levou o contato Max a armar uma cilada para que todos fossem friamente assassinados. Eventualmente, eles escaparam. Uma década escondidos depois, eles estão de volta com um plano mirabolante para conseguir sua vingança e a retirada de seus nomes da lista de procurados da CIA. A história, prato cheio para os delírios pirotécnicos das super-produções, despertou a ganância de Hollywood em 2005, mas passou três anos de sua vida com problemas para encontrar a casa em que tomaria vida cinematográfica. Primeiro, a Warner contratou Peter Berg (“Hancock”) para desenvolver o roteiro e Tim Story (“Quarteto Fantástico”) para a cadeira de direção. Três anos depois, porém, a Dark Castle abocanhou o projeto e lhe deu um novo rumo mais sóbrio, com James Vanderbilt (“Zodíaco”) escrevendo e Sylvain White (“O Poder do Ritmo”) conduzindo. Felizmente o projeto continua de pé na produtora, mesmo que as escolhas de elenco cheguem a confundir. Jeremy Renner (“Extermínio 2”) tem o perfil perfeito para encarnar Jensen, o hacker e alívio cômico da equipe, mas deu a entender que iria interpretar o protagonista Clay ao definir seu personagem como “um anti-herói bem interessante”. Por sua vez, Jeffrey Dean Morgan (“Watchmen”), que não faria feio na pele de Clay, pode se tornar o cowboy atirador Cougar. Sobrou para Chris Evans (o Tocha Humana em pessoa) encarar o hacker ao lado de Columbus Short (“Encontrando Forrester”) na pele do piloto Pooch e Zoe Saldana (“Star Trek XI”) como a gélida Aisha.

C.S.I. com tortura

edge

O que se esperar de um filme de Mel Gibson? Há quem diga loucura, há quem prefira ousadia e há quem goste de usar o termo ambição, mas a bem da verdade o que todos nós esperamos e invariavelmente encontramos é violência. Uma violência refinada, ainda que crua, é verdade, níveis acima dos “Jogos Mortais” que vemos por aí, mas ainda assim tarda mas não falha: Gibson não consegue passar duas horas na tela do cinema sem assistir a uma tortura, uma morte violenta, uma cena ensangüentada, um acidente horroroso ou qualquer coisa do tipo. É de se tirar o chapéu para um homem que nunca negou isso, nunca abriu mão de suas opiniões sempre controversas e ainda continua vivo na terra do cinema sem precisar fazer uma dezena de filmes por ano. Gibson é um astro por natureza, e é isso que “Edge of Darkness”, projeto que vem tocando da forma que bem entende desde o começo do ano passado, vem para provar. Sem das as caras em frente as câmeras desde “Crimes de um Detetive”, de 2003, Gibson volta a atuar no projeto, um remake (para variar) de uma minissérie britânica que acumulou prêmios em seu país em meados da década de 1980. A trama se aproveitava da investigação pessoal do detetive de polícia Ronald Craven, na época interpretado pelo desconhecido Bob Peck, sobre o assassinato da própria filha para expor as entranhas mais sombrias da corrupção dentro da polícia inglesa da época. Polêmico para sua época, “Edge of Darkness” atravessou os anos como uma espécie de clássico escondido da TV que voltou a vida com o interesse de Gibson e o conseqüente embarque do diretor Martin Campbell (“007 – Cassino Royale”) no projeto de reviver a trama e transportá-las para terras ianques na atual paranóia pós-11 de Setembro. A coisa tomou outra proporção quando os cinéfilos salivaram com a possibilidade de ver Gibson se confrontando com ninguém menos que Robert De Niro (“As Duas Faces da Lei”), que poderia ser o intérprete de um oficial enviado para limpar as evidências na cena do crime, o que desperta o primeiro interesse no investigador, agora rebatizado de Thomas Craven. O elogiado Danny Huston (“30 Dias de Noite”) se juntou a gangue como um homem de negócios suspeito do crime na visão de Craven. A coisa começava a ficar boa de verdade quando as famosas “diferenças criativas” tiraram De Niro do projeto, sendo substituído pelo sempre eficiente Ray Winstone (“Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”), o que não impediu que as filmagens começassem, a Warner garantisse a distribuição do thriller e a primeira imagem fosse lançada (aí em cima).

Soldados decadentes 

universal soldier

A conjunção de astros em que se tornou “Soldados Universal” no início dos anos 1990 não foi de se subestimar. Sob o comando do veterano Roland Emmerich (“O Dia Depois de Amanhã”), os dois maiores astros de ação da época batalhavam por longos 103 minutos em uma perseguição que empolgou os fãs do gênero e chegou a ganhar duas continuações para a TV tidas como não-oficiais ainda na década em que nasceu. Em 1999, o belga Jean-Claude Van Damme (“Street Fighter”) até tentou recuperar a fama ao produzir uma seqüência picareta, sem o seu co-astro no original, o sueco Dolph Lundgreen (“Rocky IV”). “Soldado Universal II” até chegou a ser lançado nos cinemas, mas naufragou e selou de uma vez por todas a decadência de seu astro. Sem uma sombra de sua fama no novo século, Van Damme entrou para o mundo dos filmes direto para vídeo e lá amargurou por longos oito anos até experimentar uma espécie de renovação discreta com o esperto “J.C.V.D.”, bizarra semi-biografia ainda inédita no Brasil que provocou furor entre os apreciadores de cinema independente e críticos especializados que descobriram, afinal, que o belga sabe atuar. Lundgreen ensaia o mesmo com o igualmente estranho “Command Performance”, com o qual ele pretende voltar as salas de exibição contando a história de um baterista de uma banda de rock que fica, por alguma razão, com a responsabilidade de salvar o presidente americano de um atentado. Mais provável é que ambos cheguem juntos a seu objetivo de renascimento olhando para o passado. Depois de anunciar a primeira parceria com Steven Seagal (“A Força em Alerta”) no antecipado “Weapon”, Van Damme lançou-se em um vôo mais ambicioso ao acertar os ponteiros com Lundgreen e chamá-lo para retornar aos personagens do original em “Universal Soldiers: The Next Generation”, cuja trama permanece guardada a sete chaves longe dos blogueiros de plantão prontos para dissecar a produção. O que se sabe até agora é que ambos ganharam a companhia de ilustres desconhecidos como Zahary Baharov (“Guerra S.A.”) e Jon Foo (“O Protetor”) no filme roteirizado por um estreante e dirigido pelo documentarista John Hyams. Estreante na ficção, o nome do cineasta chama a atenção por ser o filho do talentoso Peter Hyams, que anda meio esquecido mas chegou a dirigir, veja só, o próprio Van Damme nos tempos de glória de “Timecop”. A primeira foto dos protagonistas foi liberada (aí em cima), mas o filme ainda não tem data para chegar aos cinemas. Ou as locadoras, quem sabe.

O último rei da ficção

O título é apoteótico, o nome do escritor é conhecido nos círculos dos apreciadores de ficção científica e, mais recentemente, em Hollywood, e talvez por isso seja difícil acreditar no quão intimista pode se tornar “The End of Eternity”. Isso se os grandes estúdios deixarem. A impressão, é claro, só fica para quem não conhece de verdade a obra de Isaac Asimov, considerado por muitos o melhor escritor de ficção científica de todos os tempos. Não é a toa. Ler as palavras do escritor é como uma viagem por todos os elementos do gênero. Há mistério, o medo do desconhecido, a vontade de explorar, a empolgação ao construir o futuro e o lirismo nas discrições. Tudo isso sempre para suportar tramas que poderia tomar a proporção que fosse e ainda não se desviavam do cerne emocional e da personalidade de cada personagem. Quem prefere o cinema deve ter conhecido um Asimov distorcido em “O Homem Bicentenário” e, especialmente, no recente “Eu, Robô”. Nada contra o filme, uma aventura de ficção científica eficiente e instigante, mas pouco sobrou dos princípios geniais que o escritor lançou para a robótica no livro inspirador da obra cinematográfica, dividido em curiosos contos para revelar a natureza e evolução da robótica em um fantástico exercício de imaginação carregado de sincera dedicação. Se o talentoso e visualmente genial Alex Proyas (“O Corvo”) fez sua mágica mas não conseguiu reproduzir a que Asimov guardava em sua escrita, as chances de Kevin MacDonald não são tão maiores quanto se pensa. Cineasta habilidoso em matérias políticas como demonstrou no recente “O Último Rei da Escócia” e no ainda inédito no Brasil “Intrigas do Estado”, MacDonald acaba de assinar para sair de seu ambiente natural e assumir a direção de “The End of Eternity” assim que terminar de rodar seu épico romano “The Eagle of the Ninth”. Ou talvez não seja tão distópica assim essa mudança de gênero. Apesar de ser uma história de ficção científica, o livro que originará a obra tem nas entrelinhas muito de política. Em suma, é Asimov brincando de ser Philip K. Dick em plenos anos 1950. A trama acompanha a trajetória de uma organização que recruta homens de todas as épocas da história da humanidade para controlar o futuro. Com modificações meticulosamente calculadas, os “Eternals” são capazes de minimizar o sofrimento da humanidade séculos depois. Quando Andrew Harlan, um dos “Eternals”, descobre que é parte de um plano da organização para garantir a própria criação em uma modificação muito grande no passado que pode até mesmo afetar a vida da mulher que ele ama. Confuso ou não? Boa sorte para MacDonald.

Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… quero me desculpar, ando muito atarefado, então os boletins estão começando a sair periodicamente… primeiro, porque é semana de provas… segundo, porque eu percebi que deixei muita coisa para trás com a promessa de atualizar esse blog duas vezes por dia. Acho que preciso de um pouco mais de tempo para fazer as outras coisas que gosto de fazer. Estava pensando em marcar dias para o Boletim sair… algo como três ou quatro vezes por semana. Mas isso é coversa para outro dia. Agradeço a compreensão. Até mais!

2 comentários:

Renan Barreto disse...

Vou falar sobre o Gibson. Ele é ótimo. Gosto mais dele como diretor do que como ator. Paixão de Cristo foi ótimo. O único filme de cunho religioso que gostei, e olha que nem gosto de histórias biblicas. Apocalypto foi legal, mas achei que faltou algo, se bem que o final é foda!!! Acho que o novo filme dele tem tudo pra dar certo, principalmente se ele usar bem o talento que tem. E De niro é outro cara fantástico.

Enfim, VAleu, Caio!!

PS: Depois dizem que texto pra internet tem que ser curto. Vc prova que não é bem assim.

Nat Valarini disse...

Olá!

A trama de 'The Losers" promete.

Se os produtores não pisarem na bola no momento de fazer a adaptção, como acontece em muitos filmes, teremos um bom filme, em breve, eu espero.

Faz uma pá de tempo que não vejo nada de Gibson em atuação, por exemplo, não assisti ao "Crimes de um detetive". Fiquei curiosa pelo novo projeto.

Kiso