segunda-feira, 4 de maio de 2009

Boletim Cinéfilo – As Notícias do Dia (04/05/2009)

Tapete vermelho

O Festival de Cannes tem mais de seis décadas de existência, marco alcançado com pompa e circunstância, um charme especial que atrai como ímã qualquer cinéfilo que queira saber o que está rolando no mundo do cinema, não apenas americano como também europeu, asiático e latino. Enfim, no cinema mundial. Dessas 63 edições, o prêmio máximo ficou com o país dominador do cenário cinematográfico apenas 16 vezes, enquanto o time da casa ficou com modestos 9 prêmios. Isso porque Cannes não vê barreiras na vontade e no ato de apreciar cinema, não encontra preconceitos de nacionalidade ou qualidade de produção no caminho e premia aqueles que pura e verdadeiramente fazem o bom cinema, independente de gêneros, rótulos, dados de bilheteria ou orçamento. E decididamente não foge de polêmicas, ousando ao conceder a Palma de Ouro ao documentarista Michael Moore (“Roger e Eu”) pelo explosivo “Fahrenheit 9/11”, em que destrincha com uma mistura de sarcasmo e crítica pesada a série de ações suspeitas do governo americano durante e depois do ataque do 11 de Setembro de 2001. Não que tal falta de desprendimento a convenções impeça o festival de abrigar em sua mostra principal as super-produções mais esperadas do ano ou os novos trabalhos de gente de calibre. Na lista desse ano, recém-divulgada para a abertura entre 13 e 24 de maio, o destaque fica por conta de cinco novas obras aguardadas de diretores já consagrados. Primeiro, encabeçando a lista da competição principal, “Los Abrazos Rotos” traz o espanhol Pedro Almodóvar (“Volver”) de volta com uma boa chance de faturar o prêmio inédito em sua carreira. Enquanto os franceses estão devendo ao mestre espanhol, o dinamarquês Lars Von Trier (“Dogville”) chega ao festival tentando repetir o feito de “Dançando no Escuro” com sua visão do mundo criado pelo demônio no já polêmico “Antichrist”, estrelado por Willem Dafoe (“Homem-Aranha”). A pressão oriental está representada com a presença do norte-coreano Park Chan-Wok (“Oldboy”) e seu novo e elogiado “Thirst” e do taiwanês Ang Lee (“Brokeback Mountain”) e seu épico hippie “Taking Woodstock”. Para fechar a lista de destaques, o americano Quentin Tarantino (“Kill Bill”) retorna a Cannes catorze anos depois do prêmio por “Pulp Fiction” com o pastiche de guerra “Inglorious Basterds” estrelado por Brad Pitt (“Benjamin Button”). Fora da competição principal, o Brasil está representado por “À Deriva”, nova obra do diretor Heitor Dhalia (“O Cheiro do Ralo”). A briga vai ser boa.

Mutante musical

Não foram tão raras as ocasiões em que Hugh Jackman, conhecido do público mais usual dos cinemas como o mutante Wolverine da trilogia “X-Men” e do recente filme-solo, demonstrou sua paixão pelo musical. Entre 2002 e 2006, inclusive, ele aproveitou a fama alcançada com o sucesso da série mutante para estrelar em diversos espetáculos teatrais movidos a músicas das mais variadas. Em um deles, mais precisamente encarnando o cantor australiano Peter Allen na montagem de “The Boy From Oz” (aí em cima), ele adicionou a sua estante de prêmios um troféu Tony, o equivalente teatral do Oscar cinematográfico. Por falar em Oscar, Jackman também não perdeu a oportunidade de mostrar seu alcance vocal na cerimônia de 2009, apresentada de ponta a ponta por ele e cheia de inovadores números musicais. Tendo em vista dois episódios como esse e notando-se a desenvoltura do ator no palco, não deve ser surpresa que, depois de quase naufragar a própria carreira com “Austrália”, um desmerecido fracasso de bilheteria, Jackman tente voltar ao topo seguindo o filme-solo de seu personagem mais marcante com um musical. Para as telas, dessa vez. Pode ser que os mais puristas torçam o nariz ao ouvir que o australiano pretende estrelar a nova encarnação de “Carrossel”, uma peça clássica da Broadway levada para os cinemas pela primeira vez em 1956 pelo mestre Henry King (“As Neves do Kilimanjaro”). Um tremendo sucesso para sua época e um filme que continuou na lista dos melhores musicais mesmo décadas depois, a versão estrelada pelo americano Gordon McRae (“Oklahoma!”) foi um dos poucos musicais clássicos que nem mesmo o mercado de televisão ousou refazer. Pois Jackman não só pretende que o filme chegue aos cinemas até o fim do ano que vem como já tem experiência aprovada no papel principal, o batalhador durão Billy Bigelow, que se envolve em roubo de uma joalheria para pagar os gastos com seu filho prestes a nascer. Jackman já viveu o personagem em 2002, em uma apresentação única e especial em homenagem aos criadores de “Carrossel” e praticamente todos os outros musicais clássicos, a dupla Rogers & Hammerstein. Em processo de roteirização desde 2006, e segundo o ator, acaba de chegar a sua fase final. Nas palavras dele: “Conseguimos do jeito que queríamos. Trabalhamos durante três anos”.

Ele, o diretor

Atores atuando atrás das câmeras não são artigo raro em Hollywood e não raramente o trabalho como diretor até supera aquele desempenhado atuando, como notadamente é o caso de Mel Gibson (“Teoria da Conspiração” como ator, “Paixão de Cristo” como diretor, “Coração Valente” nas duas funções) e um par de outros intérpretes oscilantes que mostraram seu verdadeiro talento na condução de uma câmera. A primeira vista, em 1994, quando “Caindo na Real” estreou nos cinemas como a primeira investida de um Ben Stiller (“Entrando Numa Fria”) ainda em ascensão atrás das câmeras, a sentença dos críticos foi que era melhor ele continuar divertindo as platéias na frente delas. E assim também foi com “O Pentelho” em 1996 e com “Zoolander” em 2001, um naufrágio cômico grave que o obrigou a ficar sete anos recuperando a própria carreira em divertidos filmes comerciais até retornar triunfante e com um roteiro lapidado ao extremo em “Trovão Tropical”. O pastiche de guerra conduzido e protagonizado pelo ator foi um dos maiores sucessos comuns entre público e crítica do ano, angariando uma indicação para o Oscar (melhor ator coadjuvante para Robert Downey Jr) e a ambição de novos vôos para o seu subitamente apreciado diretor. Tudo bem, talvez ele tenha saído um pouco dos limites. “The Trial of the Chicago 7” não é uma comédia, para começar a conversa, e sim um pesado drama de tribunal sobre os sete manifestantes processados por conspiração governamental durante a Guerra do Vietnã, enquanto ocorria na cidade do título a convenção democrata daquele ano. O filme já foi o projeto de estimação ninguém menos que Steven Spielberg (“Guerra dos Mundos”), o homem que lançou Stiller ao mundo com a participação em seu épico de guerra “Império do Sol”. A história do julgamento já foi adaptada pelo menos outras duas vezes, em um filme para TV de 1987 e em uma produção independente que misturava animação a mão, técnica ao estilo “O Homem Duplo” e imagens reais dos acusados para narrar a complexa teia de defesas e acusações que se formaram sobre o caso. Por enquanto, Stiller cogita apenas o nome do desconhecido Daniel Morton, cujo currículo ostenta no máximo uma participação na série “The Division” e alguns outros créditos não oficiais, como um dos processados. Enquanto as coisas andam devagar no filme de tribunal, Stiller pode voltar antes a algo mais de sua área ao dirigir “Help me Spread Godness”, uma comédia dramática sobre um banqueiro de Chicago que envolve em uma fraude relacionada a um site na Nigéria.

Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… tivemos uma trinca de boas notícias para os apreciadores de cinema e filmes que vão criar expectativas… hoje não tive muito tempo, e essa é a primeira edição do Boletim que tem lançamento periódico marcado. Agora, notícias as Segundas, Quartas e Sextas, enquanto o fim de semana fica guardado para uma filmografia ou um post com posters (que jogo de palavras mais cretino…). Enfim, pessoal, só mais um recado antes da despedida: estaremos de olho em cada passo do Festival de Cannes 2009, hein? Preparem-se… Os melhores filmes para todos vocês sempre e até mais!

3 comentários:

paula s. disse...

Nossa, achei bem interessante. Eu AMO cinema e vou até marcar nos meus favoritos pra sempre dar uma olhadinha.

Beijos

Larissa disse...

Muito obg pelo seu comentário fico muito feliz : ) Beijos,volte sempre!

Anônimo disse...

eu venderia um rim pra ir no cannes. e não gostei de wolverine ;(