Pancadaria repetida
O saudoso ator californiano Pat Morita foi um daqueles casos excepcionais de atores que passaram anos de trabalho infrutífero comercialmente para conhecer o gosto de uma fama efêmera e baseada no estigma de um único personagem. O filme em questão, o clássico oitentista da Sessão da Tarde “Karate Kid”, o filme que trouxe as artes marciais de volta para o cinema em 1984 e eternizou o mentor mais conhecido e amado do cinema, o Mestre Kesuke Miyagi. Morita nunca deixou seu personagem mais famoso para trás e talvez isso tenha influído na forma como o restante de sua carreira evoluiu, encontrando pouco sucesso fora da série, que teve três continuações e parecia estar morta e enterrada após “Karate Kid IV” decepcionar nas bilheterias. Como estamos falando de Hollywood, é claro que nem tudo é o que parece, especialmente nesses tempos em que “Kung Fu Panda” explode nas bilheterias e a capital do cinema não deixa escapar uma oportunidade de lucrar em cima do modismo mais recente. Os fãs do filme original podem chiar um pouco, mas é fato que a refilmagem anda em boas mãos. Os primeiros rumores até assustavam, dando conta de Will Smith (“Eu Sou a Lenda”) e seu rebento Jaden Smith (“O Dia em Que a Terra Parou”) envolvidos na nova produção, mas logo o furor dos fãs mais radicais foi aplacado pela notícia de que o pai apenas seria o produtor do filme, estrelado pelo filho. Menos mal, apesar de Jaden ainda ser mais novo que Ralph Macchio (“Meu Primo Vinny”) na época do lançamento do original. As mudanças, porém, não pararam por aí. O ilustre produtor da refilmagem revelou que a trama se passará na China, enquanto o original se localizava em solo americano, e que Mestre Miyagi seria chinês, e não japonês. A justificativa dele: “apesar de ter se desenvolvido no Japão, o caratê é baseado em um estilo de luta chinês”. Meses depois, o astro oriental Jackie Chan (“A Hora do Rush”) embarcou na produção e a polêmica com os fãs estava ficando grande demais para a Columbia, que decidiu entregar a direção para Harald Zwart (“O Agente Teen”) e mudar o encaminhamento do projeto para uma história original com elementos “emprestados” do longa de 1984. O título foi mudado para “The Kung Fu Kid”, o mestre de Chan passou a se chamar Mr. Han e Jaden interpretará Dre, um garoto americano viciado em games de skateboard que se muda com a mãe solteira para a China. O novo roteiro do estreante Chris Murphy deve chegar aos cinemas em Junho de 2010.
Mitologia juvenil
Com a refilmagem do mitológico e potencialmente apoteótico “Fúria de Titãs” ganhando estrelas no elenco e credibilidade nos círculos de cinéfilos, a capital do cinema deve ter aberto os olhos para as possibilidades pirotécnicas de uma boa briga entre deuses. A mais nova vítima dessa onda que nem mesmo atingiu as pedras da praia vem direto da literatura infanto-juvenil. “The Lightning Thief”, primeiro tomo de uma série de cinco livros publicados entre 2005 e 2009 pelo autor texano Rick Riordan, tem aquele tipo de trama difícil de colocar em palavras. Percy Jackson, o protagonista, é um garoto de doze anos que se vê jogado em meio a uma confusão de proporções apocalípticas quando é acusado por Zeus, o deus mais poderoso da mitologia grega, de ter surrupiado um de seus trovões. Um pouco abstrato demais para você? Pois imagine no meio de tudo isso uma caneta que se transforma sem nenhuma explicação em uma espada poderosa e uma força sobrenatural responsável pela morte da mãe do menino, que acabou salvo por um ser que só pode ser descrito como uma força da natureza e se alia a filha da própria Atena, deusa da sabedoria, para impedir uma guerra entre deuses que pode terminar com a vida no planeta. E isso é só um esboço da trama que dá início a uma batalha muito maior nas continuações. Comentada desde 2007, a adaptação cinematográfica dessa confusão deliciosa está nas mãos sempre pacientes e moderadas de Chris Columbus, responsável por um começo perfeito para “Harry Potter” no cinema. Ele, ao lado de Craig Titley (“Doze é Demais 2”), é também responsável pelo roteiro e anda montando um elenco estrelado para dar vida aos personagens. Nada comparado ao time que está sendo montado por Louis Letterier (“O Incrível Hulk”) para “Fúria de Titãs”, mas ainda assim uma lista para se respeitar. Para o papel do protagonista, o escalado é Logan Lerman (“Número 23”), mas o filme ainda contará com Pierce Brosnan (“Mamma Mia!”) como o lendário centauro Chiron, Uma Thurman (“Kill Bill”) na pele da aterrorizante Medusa, Sean Bean (“A Ilha”) encarnando Zeus e Steve Coogan (“Trovão Tropical”) exercitando a maldade como o senhor do inferno grego, Hades. No campo humano da trama, Catherine Keener (“Um Crime Americano”) será a mãe do protagonista e Rosario Dawson (“Sete Vidas”), a esposa humana aprisionada do vilão. A constelação aí em cima deve subir ao Olimpo cinematográfico em 12 de Fevereiro de 2010.
Novos mares
O americano Wes Anderson (“Os Excêntricos Tenenbaums”) faz parte daquele grupo seleto de cineastas que não tem medo de inovar e, talvez por isso, normalmente fique a beira da máquina hollywoodiana. Ainda assim, é admirável a habilidade do diretor de atrair astros para seus projetos, por mais experimentais e arriscados que sejam. Depois de culminar em seu estudo do comportamento humano com “Viagem a Darjeeling” e ganhar aplausos da crítica, ele prepara seu novo projeto e pela primeira vez trabalha em cima de um roteiro adaptado de uma obra já publicada. O livro em questão, “The Fantastic Mr. Fox”, conhecido no Brasil como “Raposas & Fazendeiros”, é uma obra menor do escritor infanto-juvenil Road Dahl (“A Fantástica Fábrica de Chocolates”), que acompanha a história de uma família de raposas ameaçadas por três fazendeiros que querem exterminar os animais, julgando-os responsáveis pelo sumiço de galinhas, patos e perus na fazenda. A primeira notícia sobre a adaptação data de 2004, quando Anderson começou a escrever o roteiro e anunciou que o filme seria todo feito na técnica de animação conhecida como stop-motion, em que bonecos são fotografados em várias posições para dar a ilusão de movimento. O diretor já havia trabalhado com a técnica nas seqüências submarinas de “A Vida Marinha com Steve Zissou”, mas hesitou em assumir as câmeras de um longa-metragem no estilo, conhecido por ser muito trabalhoso. A direção chegou a estar atrelada ao especialista Henry Selick (“James e o Pêssego Gigante”), mas uma pausa de mais de um ano na produção tirou-o do projeto para dirigir “Coraline”. Só nos últimos meses de 2007 é que o projeto deu sinal de vida, com Anderson assumindo as câmeras e Scott Rudin (“Desventuras em Série”) tocando a escalação de um elenco estelar para a animação. Primeiro, George Clooney (“Boa Noite e Boa Sorte”) topou fazer seu primeiro trabalho de dublagem ao encarnar o personagem título, e ainda ganhou a companhia ilustre de Meryl Streep (“O Diabo Veste Prada”) dando voz a sua esposa, Mrs. Fox, papel que passou perto de Cate Blanchett (“Babel”). Além deles, o filme conta com habituais colaboradores do diretor como Bill Murray (“Encontros e Desencontros”), Owen Wilson (“Marley & Eu”), Willem Dafoe (“Homem-Aranha”) e Anjelica Huston (“A Creche do Papai”). O filme acabou de entrar em pós-produção e deve chegar em terras brasileiras em 04 de Dezembro.
Astros na Amazônia
A obsessão pode ser uma força tão grande sobre meras mentes humanas que fica difícil distinguir o que é real do que é fantasia. Quando procuramos muito ferozmente por algo ou simplesmente nos deixamos levar por uma imagem que encanta e intriga, nossa frágil resistência psicológica freqüentemente permanece enterrada palmos e palmos abaixo da terra pela qual procuramos. O coronel britânico Percy Fawcett provou o amargo gosto da falta de controle ao se embrenhar em meio a Amazônia para buscar o que ele chamava de Lost City of Z e desaparecer sem deixar rastros por volta de 1925. Ele teria partido em sua busca mais cedo se não fosse a Primeira Guerra Mundial em seu caminho, mas o fato é que o explorador cruzou com a lenda da cidade perdida em meio a selva do Mato Grosso por volta do começo do século passado, e partiu para Lisboa a fim de descobrir os encantos da localidade misteriosa, documentada nos Arquivos Reais lusitanos. Os detalhes da descrição e a falta de uma localização precisa foram o bastante para seduzi-lo e fazê-lo partir com o filho para o Mato Grosso. A partir daí, a jornada se torna enevoada até seu desaparecimentos em 1925. Tudo documentado no livro “Lost City of Z: A Tale of Deadly Obsession in the Amazon”, livro lançado em 2009 pelo jornalista americano David Grann que despertou o interesse de gente com dinheiro e poder dentro do Hollywood. Para dar nome aos bois, o envolvido no projeto de adaptar o livro e levar a história às telas é Brad Pitt (“Benjamin Button”) e sua produtora, a Plan B. Em desenvolvimento desde o começo do ano passado, o filme caiu nas mãos talentosas do roteirista e diretor James Gray (“Os Donos da Noite”), que pretende assumir os dois cargos da produção, batizada com o simplificado “Lost City of Z”. Com tudo pronto na pré-produção e a filmagem prestes a começar, Pitt veio para o Brasil procurar locações e se adaptar ao clima diferente do que anda enfrentando nessa época em Los Angeles. Ele está em Bonito, no Mato Grosso do Sul, e ao que parece as filmagens devem começar na cidade em no máximo três meses. Uma das locações já confirmadas é a linha ferroviária Trem do Pantanal, que deve ser inaugurada nesta semana ainda.
Bom, pessoal, primeiro eu sei que tinha prometido isso para ontem, mas simplesmente não tive o tempo que achei que teria… mas aí está, espero que vocês me perdoem pelo atraso. Enfim, gente, assisti alguns filmes esse fim-de-semana, portanto, em breve teremos algumas críticas por aqui, inclusive um filme indicado para alguns Oscar esse ano, hein? Por enquanto, quero saber o que acharam do novo visual! Os melhores filmes para todos vocês e até mais!
3 comentários:
Nossa, caio. Karatê Kid com o filho do Will Smith?! Mesmo que eu goste do garoto, acho que ele não tem nada a ver com o papel. Ele devia crescer um pouco mais. O lightining thief não posso dizer muito, mas gostei do nome. Promete ser um blockbuster, pelo menos divertido.
Agora, a paradinha do Bradd pitt não sabia. Será que o filme com essa temática vai mostrar uma realidade "real" ou uma interpretação americana? Eu tenho um pouco de receio quando vejo essas coisas. rs
Valeu!!
muito bem construídos os textos.
mas vc acredita que eu nunca vi karate kid?
Adorei todas essa informções ... bem legal mesmo ..
parabéns pelo blog ..
Abç.
Postar um comentário