segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Missão Babilônia - Mais uma decepção de Hollywood e a falta de sorte de Vin Diesel


Missão Babilônia (Babylon A.D., EUA/França/Inglaterra, 2008).

De: Mathieu Kassovitz.

Com: Vin Diesel, Michelle Yeoh, Mélanie Thierry, Gérard Depardieu, Charlotte Rampling.

90 minutos.






Quando entramos no novo século, não foram apenas grandes acontecimentos históricos que ficaram um numeral romano atrás. Astros cinematográficos, por incrível que possa parecer e por mais que Hollywood tente negar, também não resistem ao tempo. Tudo bem que Sylvester Stallone mostrou ao mundo que ainda tinha alguma coisa para oferecer ao público em seu ressurgimento, mas o fato é que tanto ele quanto o celebrado Harrison Ford precisaram de velhos personagens para conquistar o novo público. Rocky, Rambo, Indiana. Enquanto o revival das décadas de 70 e 80 ainda não assombrava a terra do cinema, e isso diz respeito a um intervalo de pelo menos seis anos (2000-2006), o cinemão americano precisou procurar por novos ídolos. Um dos nomes mais expressivos dessa nova leva de astros de ação foi Vin Diesel, nova-iorquino que começou a ser notado na ficção científica independente "Eclipse Mortal", que surpreendeu nas bilheterias ao chegar aos 50 milhões de dólares somente em solo americano (quantia expressiva para um filme orçado em menos de 30 milhões). E ele não perdeu tempo para tomar Hollywood de assalto com os mega-sucessos "Velozes e Furiosos" e "xXx – Triplo X", ambos comandados pelo apoteótico Rob Cohen. Foi quando caiu na armadilha de tentar ressucitar uma magia que já estava perdida que Diesel conheceu o sabor das queda súbitas da indústria do cinema. "As Crônicas de Riddick", pretensa continuação de "Eclipse Mortal", ia contra tudo aquilo que o primeiro filme propunha, transformando a saga do anti-herói de um suspense claustrofóbico para um épico interestelar. Desde então, o ator seguiu carreira tentando outros gêneros (e se dando bem no drama de tribunal "Sob Suspeita"), mas sem nunca alcançar o status e sucesso absoluto que teve durante seu curto reinado. Especializado nos tipos anti-heróicos, não é difícil ver porque o ator escolheu apostar suas últimas fichas nesse "Missão Babilônia". Baseado no polêmico livro de ficção científica carregado de drama de Maurice G. Dantec, o filme é uma mistura de referências que tem seus momentos, mas não funciona como um todo.

Talvez o grande culpado disso seja o diretor e roteirista francês Mathieu Kassovitz ("Rios Vermelhos"), que parece desaprender o próprio ofício a cada filme, remando contra a maré do que seu próprio roteiro propõe e entregando uma direção histérica, equivocada e mal-trabalhada. Não que seus movimentos careçam de ousadia, pelo contrário: ela é encontrada em excesso. A forma blockbusteriana (se é que esse adjetivo existe) de Kassovitz guiar não casa bem com as propostas mais sérias e implicações de roteiro que poderiam ter se tornado no mínimo interessantes de se assistir. Embora estrague o próprio trabalho ao assumir o cargo diretivo, é impossível negar a habilidade com que Kassovitz redige o roteiro, assim como é impossível não se lamentar do potencial não-realizado que seus diálogos prossuiam. Em parceria com Eric Besnard ("Cash – O Grande Golpe"), o diretor costura a história a primeira vista simples e convencional com uma claríssima crítica a religiões controladoras e ambiociosas, pincelando ainda no polêmico tema da engenharia genética e nunca se esquecendo de dar profundidade aos personagens envolvidos em toda essa trama. O que o roteiro tenta fazer é criar um "Matrix" com coração, mas parece que o diretor está mais interessado em emular de forma pouco convincente o estilo inconfundível e ousado de filmes como "Equilibrium". A trama principal trata de uma garota com alguma espécie de poder psíquico, Aurora (Melanie Thierry), alvo da perseguição de uma religião pouco ortodoxa comandada pela mulher chamada apenas de Madre Superiora (Charlotte Rampling). Aparentemente, outros grupos estão interessados na garota, já que o mercenário Toorop (Vin Diesel) é contratado por um velho colega (Gérard Depardieu) para escoltá-la em segurança até Nova York, a única grande metrópole de um mundo pós-apolaptíco. Outro elemento da equação é a freira treinada em artes marciais e protetora da desejada, Rebeka (Michelle Yeoh).

Qualquer cinéfilo iniciante pode encontrar ecos de filmes como o superestimado "Filhos da Esperança", de Alfonso Cuarón, numa trama como essa, mas é perfeitamente possível aceitar uma outra visão de um mesmo acontecimento, mesmo porque o apocalipse tem sido um tema muito popular nos últimos anos. O elenco, alma e discernimento de um filme como esse, não decepciona. Vin Diesel entrega a interpretação padrão de sua carreira, carregada de carisma e entendimento impressionante do personagem. Nada comparado a performance inesquecível em "Sob Suspeita", mas ainda assim trata-se uma confirmação espetacular da empatia do astro com o público. Yeoh, Rampling e mesmo Depardieu tem pouco a fazer para costurar a trama, personagens secundários e puramente práticos que interpretam. Mas o grande destaque é a jovem Melanie Thierry, praticamente desconhecida fora de terras francesas, que demonstra vulnerabilidade e comoção impressionantes, encarando a personagem mais complexa e fascinante de toda a trama, o epicentro sobre o qual giram todas as circunstâncias. Realmente um desempenho marcante, apaixonado e apaixonante, que denota um futuro muito promissor. Pena que mesmo o roteiro se perca depois da densa primeira hora e desbanque em uma jornada anabolizada e sem sentido. No final de seus rasteiros 90 mintuos, a grande verdade é que pouca coisa em "Missão Babilônia" merece realmente muita atenção. Não foi dessa vez, Vin. Em algum lugar distante, ouvem-se ecos de “Eye of The Tiger” e do tema marcante de um certo aventureiro. O tempo voa.

Nota: 6,0

Um comentário:

Anônimo disse...

Ultimamente, não tenho gostado de nenhum filme. Nem de Batman O Cavaleiro Das Trevas Gostei.