terça-feira, 10 de março de 2009

Boletim Cinéfilo Especial – Dias 06/03/2009 a 10/03/2009

Tome a pílula vermelha... uma vez mais

Hollywood não deixa para trás uma idéia antes de tê-la esgotado completamente. Talvez por isso tenha sido uma surpresa, depois do sucesso estrondoso de um pequeno filme cult chamado “Matrix” em 1999, que uma tonelada de outros filmes sobre realidades alternativas e filosofia simplificada não aportassem no cinema. Em um primeiro momento, as obras dos Irmãos Wachowski influenciaram mais pelo visual do que propriamente pelo conteúdo ou pelo tema, que de fato não era tanta novidade assim para aqueles estudiosos de certo filósofo grego chamado Platão. Séculos antes, ele havia idealizado o Mito da Caverna, uma parábola publicada no sétimo volume de sua obra “República” que idealizava uma sociedade em que os homens vivessem uma grande caverna, uma projeção infiel da realidade, representada pelo que havia fora da caverna, cuja entrada era bloqueada por um muro altíssimo, pelo qual só se podia enxergar através de um pequeno vão entre seu pé e o chão. Talvez o termo certo para descrever o que os irmãos cineastas realizaram seja uma “radicalização” do que disse o filósofo, implantando brincadeiras contextuais para agradar os críticos e ação das mais arrebatadoras para conquistar o público. E lá se vai quase uma década desde que “Matrix”, o original, foi lançado nos cinemas, aplaudido no mundo inteiro e elevado rapidamente ao status de novo criador de tendências. Pois parece que esse foi o tempo que a terra do cinema precisou para digerir tanta informação e seguir o mesmo caminho, buscando o mesmo êxito em todos os sentidos. Marcado para estrear em 2010, “The Adjustment Bureau” será o primeiro projeto a tentar repetir o fenômeno com um tom menos fantasioso. O roteiro de George Nolfi (“Doze Homens e Outro Segredo”, “Sentinela”) estava a procura de um estúdio até pouco tempo, quando foi acolhido pela Universal. Ao que parece, o filme será uma adaptação de um conto homônimo de Philip K. Dick, escritor conhecido pelos tomos de ficção científica paranóicos que chegaram a inspirar “Blade Runner”, e já tem Matt Damon (“O Ultimato Bourne”) como o protagonista, um congressista que descobre as misteriosas identidades que controlam nosso planeta artificial ao investigar quais circunstâncias o separam da bailarina Elise Sellas, o amor de sua vida.

Gringos de sorte

O filme é facilmente um dos mais esperados dos próximos anos, especialmente para os amantes do cinema de ação, e ainda mais para os brasileiros. Com tamanho atrativo, é de se esperar que a maioria dos que se dão ao trabalho de se informares em nossos boletins já ouviram falar do elenco estelar comandado por Sylvester Stallone (“Rocky Balboa”) no vindouro “The Expendables”, o filme que pretende reunir o elenco dos sonhos para um filme de ação e até agora conseguiu com louvor. E tudo isso tendo como cenário os paradisíacos (ironia é mesmo uma arte) morros cariocas, os mesmos que Edward Norton (“O Ilusionista”) percorreu em “O Incrível Hulk”. Além do homem que eternizou o boxe no cinema, que como de costume assume também a direção e o roteiro, os nomes escalados impressionam pela seletividade. Jason Statham (“Carga Explosiva”) está lá para representar o legítimo astro de ação do século XXI, enquanto gente como Jet Li (“O Reino Proibido”), Dolph Lundgreen (“Soldado Universal”) e Mickey Rourke (“O Lutador”) garantem a ligação com o saudoso passado do gênero. Já para elevar o nível geral de atuação, Stallone não se furtou em recrutar dois atores que podem não estar no auge, mas sem dúvida nenhuma fazem diferença em um filme: Forest Whitaker (“O Último Rei da Escócia”) e Eric Roberts (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”), atuando supostamente como o contratante e o alvo, respectivamente, do grupo do título, mudado para “Os Mercenários” no Brasil (uma tradução mais fiel seria “Os Dispensáveis”). As grandes notícias para os brasileiros em relação ao filme giravam, além das filmagens, em torno de uma atriz tupiniquim contracenando com os astros gringos como a integrante latina do grupo. A primeira a disputar o papel foi Cléo Pires (“Meu Nome Não é Johnny”), mas parece que a sempre vilanesca Rede Globo não a liberou das filmagens do folhetim “Caminho das Índias”. Semanas depois da notícia, veio uma confirmação repentina e uma grata surpresa: a atriz brasileira em “The Expendables” será Gisele Itié, conhecida pelo trabalho na novela global “O Profeta”. É quase impossível definir quem é mais sortudo, ela que sem dúvida nenhuma vai dar um mega-pulo na carreira ou eles que terão um colírio como esse perambulando pelos sets.

Fora dos rótulos

Hugh Grant pode ser tudo, menos burro. O londrino, que vai completar meio século de vida no ano que vem, já tem mais de duas décadas de carreira, um número invejável de sucessos comerciais, e ainda tem a oportunidade de contracenar com uma nova beldade de Hollywood a cada filme. Só para listar as últimas que se renderam ao carisma do ator nas telas: Drew Barrymore em “Letra & Música”, Sandra Bullock em “Amor a Segunda Vista” e Renée Zellweger nos dois filmes da série “Bridget Jones”. Em comum entre todos, o prolífico gênero da comédia romântica, uma das especialidades da terra do cinema. Como toda fórmula lucrativa, não é difícil cair na mesmice nesse tipo de filme, e ao contrário do que muita gente pensa o trabalho de um diretor ao manter o interesse do público para a velha história da paixão acidental não é exatamente a mais fácil. De qualquer forma, o nova-iorquino Marc Lawrence, diretor dos dois primeiros filmes citados na lista acima, parece sempre se sair bem na missão, seja se utilizando de uma levada mais tranqüila, quase européia, ou da comédia rasgada e deliciosamente caricata que povoa alguns momentos de ambos os filmes. Mais conhecido como roteirista de filmes como “Miss Simpatia”, Lawrence pode se tornar o primeiro diretor com três obras no currículo e o mesmo protagonista em todas as três. A bola da vez é fugir sem volta das amarras do gênero para criar um filme que agrade aos olhos e ouvidos, e ainda seja capaz de provocar tensão como um suspense criminal. “Did You Hear About the Morgans?” é o recém-divulgado título do projeto, que como de costume traz o script do próprio Lawrence. Dessa vez, ele centra a história em um casal já estabelecido de classe alta que, em meio aos conflitos de relacionamento, se vêem envolvidos em uma trama abrangendo assassinatos, julgamentos e até o programa de proteção a testemunhas. Venhamos e convenhamos, Sarah Jessica Parker (“Sex and The City”) não é exatamente um modelo de beleza perto das parceiras anteriores do ator, mas ainda assim deve garantir uns trocados a mais para o filme, que pode ser o retorno do inglês as grandes bilheterias depois do pouco notado “Tudo Pela Fama”. Ainda não há data de estréia para o filme.

Voando alto (demais?)

A grama do vizinho é sempre mais verde. Bastou a editora de quadrinhos Marvel, maior fonte de idéias para a Hollywood de hoje, se tornar um estúdio independente e assinar contrato com a Paramount para a distribuição do mais que bem-sucedido “Homem de Ferro” e os outros estúdios, donos por direito dos personagens que ganharam vida em seus corredores, quererem imitar a fórmula. Só soa estranho que justamente a 20th Fox tenha sido a primeira a anunciar oficialmente suas “reinvenções” para se adaptar ao universo de realismo fantástico que editora vem impondo em suas produções próprias. Seria até compreensível se o alvo prioritário fosse o equivocado (mas de certa maneira injustiçado) “Demolidor”, um fracasso de sucesso e público que estourou no colo do estúdio quase sete anos atrás, mas parece que os executivos da Fox resolveram partir justamente para a mais bem sucedida franquia do estúdio no campo das adaptações de quadrinhos. Lançado em 2005 como uma esperadíssima adaptação dos heróis originais da editora, “Quarteto Fantástico”, dirigido por Tim Story (“Táxi”) não exatamente satisfez as expectativas, mas acabou por ganhar um lugar de honra nos admiradores desse novo gênero que se consolidava em Hollywood graças a diversão familiar que proporcionava e, é claro, aos mais de 300 milhões de dólares que o filme rendeu ao redor do mundo. A continuação não foi assim tão bem vista pela crítica, mas ainda assim pagou seu orçamento com sobras e não deixou dúvidas de que um terceiro filme seria mais do que possível. Isto é, até a “reinvenção” surgir. Segundo o estúdio, a super-equipe será completamente repaginada sob o comando de um novo diretor e com novos atores desempenhando os papéis principais. No original, Ioan Gruffud (“Rei Arthur”) era o Sr. Fantástico, Jessica Alba (“Sin City”) encarnava a Mulher Invisível, Chris Evans (“Celular”) cuidava da ação como o Tocha Humana e por fim Michael Chiklis (“The Shield”) atuava na pele do grotesco Coisa. Ao que parece, nenhum deles está envolvido na nova versão da equipe, assim como o diretor Tim Story, atualmente finalizando o drama “Hurricane Season”, estrelado por Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia”).

Astros em polêmica

 

Foi como um surto epidêmico dos mais terríveis, facilmente traduzido por Hollywood em um de seus filmes apocalípticos genéricos. Dois dias, quatro astros (dos recém-nascidos aos mais experientes) e quatro declarações que de uma forma ou de outra causaram comoção entre a imprensa e o público. Promovendo o trabalho no thriller de espionagem “Duplicity”, em que contracena com Clive Owen (“Rei Arthur”), a maior estrela do pavilhão americano, Julia Roberts (“Jogos do Poder”), soltava o verbo quando uma afirmação um tanto auspiciosa saiu de sua tão fotografada boca sorridente. Segundo ela, não havia absolutamente diferença entre trabalhar com Owen e contracenar com gente como George Clooney e Brad Pitt, parceiros de cena em “Onze Homens e Um Segreo” e suas continuações. Não querendo deixar uma impressão de frieza que já derrubou várias estrelas bem-formadas, ela logo emendou: “Temos um senso de humor semelhante, a nossa lista de prioridades das nossas vidas não são diferentes, somos ambos felizes com a família e vivemos uma vida normal”. Então, menos de doze horas depois, falando sobre sua sensual personagem na adaptação de quadrinhos mais esperada do ano e muito provavelmente do século (“Watchmen”, é claro), a atriz sueca Malin Akerman (“Vestida Para Casar”) comparou seu figurino de látex apertadíssimo com... uma camisinha. Nas palavras dela: “Quando experimentei a roupa, conclui que era extremamente desconfortável. E o cheiro? Quando tirava a roupa, parecia que tinha vestido uma camisinha do tamanho de um ser humano!”. A partir daí, a epidemia começou a estourar de vez, chegando a um dos mais sensatos e brilhantes atores da terra do cinema, o experiente Dustin Hoffman (“Rain Man”) que parece ter resolvido dividir seu tempo entre a atuação e tardias aulas de piano. Enquanto divulgava a comédia romântica “Last Chance Harvey”, Hoffman disse que: “Prometi a mim mesmo que, antes de me aposentar, quero me tornar um músico de jazz decente. O cara que está me dando aulas disse que isso pode ocorrer depois de um ano de treinamento. Se Deus me desse um tapinha no ombro e me fizesse escolher entre a atuação e o piano, tomaria minha decisão rapidamente”. Enquanto ele quase se debandou para o outro lado, a sempre contida Charlize Theron (“Hancock”) mostrou-se mais envolvida do que nunca na sétima arte ao declarar em entrevista ao jornal espanhol El País que é impossível interpretar sem estar “apaixonada pelo personagem”. Disse ela: “Eu acho que ator tem que amar seu personagem e amor não é algo fácil de explicar. Nenhum ator deveria interpretar um personagem pelo qual não sinta algo de muito forte”. Ela viaja pela Europa promovendo do drama “The Burning Plain”, primeiro filme dirigido pelo roteirista mexicano Guillermo Arriaga (“21 Gramas”).

Mais Riddick

Tudo começou com um pequeno filme de 2000 chamado “Eclipse Mortal”. Para uma produção tão modesta com seu orçamento de 23 milhões de dólares, o barulho provocado por essa pérola escondida (e descoberta por acaso) da ficção científica não foi pouco. De lá saiu gente que dá o que falar até hoje na terra do cinema, incluindo o carismático e talentoso Vin Diesel, que quatro anos depois, no auge do sucesso de filmes como “Velozes e Furiosos” e “xXx – Triplo X”, resolveu trazer de volta das cinzas o personagem que lhe rendeu a fama e o título até então incontestável de “astro de ação do século XXI”. É estranho como o destino pode ser irônico em Hollywood. “As Crônicas de Riddick”, a continuação das aventuras do personagem-título pelos estranhos mundos criados pela mente do diretor David Twohy (“Submersos”), teve o efeito diametralmente oposto ao da primeira investida da franquia dos cinemas. Lançado em larga escala, com ares e publicidade de superprodução, um orçamento inflado de 110 milhões e um roteiro mal-resolvido que deixava para o protagonista toda a responsabilidade de carregar a história e lhe dar algum sentido, “As Crônicas de Riddick” deixou a Universal com um déficit de mais de 30 milhões de dólares. Desde então, a carreira de Diesel despencou ladeira abaixo com filmes cada vez mais mal-sucedidos que só encontrou uma nova esperança no novo “Velozes & Furiosos”, o retorno de seu personagem a franquia, a ser lançado em Abril. Quem pensou que ele havia aprendido a lição se enganou feio. Pelo menos a teimosia ele não perdeu, e a franquia inconstante do anti-herói acaba de ganhar, juntamente com um novo jogo para os videogames da nova geração, a esperança de uma terceira aventura. Nada está confirmado ainda, mas Diesel parece entusiasmado com o projeto: “Talvez ainda estejamos muito quietos sobre o próximo Riddick, mas na época do lançamento do jogo vocês vão começar a ouvir sobre o filme. Está sendo desenvolvido”. É esperar para ver se alguma coisa ele aprendeu com o fracasso.

Investimento garantido

 

Até hoje, não houve sequer um filme da série “Jornada nas Estrelas” que tenha deixado o estúdio no prejuízo. Afinal, como uma franquia tão cheia de fãs poderia decepcionar nas bilheterias, onde os fanáticos tem o momento máximo de ver sua paixão na tela do cinema? Até o criticado “Nemesis”, última investida da franquia no cinema, lançado em 2002, amealhou seus quase 70 milhões de dólares ao redor do mundo, um número baixo para a série, mas aceitável para os padrões do gênero. Resumindo um pouco toda a ladainha, um filme de “Jornada nas Estrelas”, por baixo de toda a paixão e o fanatismo, ainda é fundamentalmente um investimento garantido. Com o orçamento girando em torno dos 150 milhões de dólares, a reinvenção da franquia nos cinemas comandada por J.J. Abrams (“Lost”) pode estar almejando um pouco mais que alguns milhões guardados no cofre da Paramount. Pelo menos é isso que o estúdio demonstrou ao montar uma campanha de marketing massiva para não apenas colocar os fãs da série em polvorosa, mas atrair novos espectadores para o filme, com data marcada para 08 de Maio desse ano. O filme, que causa tanto empolgação quando desconfiança aos assim chamados trekkies graças a sua estratégia um tanto duvidosa de reiniciar toda a linha cronológica da franquia em uma espécie de “Star Trek Begins”, já gastou a impressionante quantia de 150 milhões de dólares apenas com a divulgação de seu produto para todo o tipo de público. Os gastos incluem a turnê mundial de todo o elenco e equipe de produção para as primeiras sessões com cerca de 20 minutos do filme prontos para serem exibidos(que já passou por Roma, Madri, Paris, Londres, Nova York e Seoul), uma nova linha de brinquedos que deve sair em breve e atrair o público infantil, afastado da série pelo seu próprio caráter pomposo e uma promoção com a rede de lanchonetes Burger King. A própria realização de tanta estardalhaço pelo novo filme da franquia já incute a estranheza nos fãs, que não deixaram de ir verem sua série favorita no cinema mas podem entrar em sua sessão com um pé atrás. A partir daí, é com Abrams.

Bom, pessoal, aí está! Tiramos o atraso, finalmente, sete notícias fresquinhas (algumas mais quentes, na verdade), mas o que importa é que a partir de amanhã voltamos a normalidade, ou seja, uma crítica e um boletim por dia! E esperemos todos que a Santa da Internet não permita que meu computador pare novamente… Enfim, os melhores filmes para todos vocês e até amanhã!

2 comentários:

bones disse...

Jornada é o filme do ano, todo o resto fica pra depois.
Mas essa campanha de lançamento é no minino ousada (tem linha de perfumes até) mas esperadíssima

Que bom que vc voltou!!!!

Fabio Christofoli disse...

po cara, odei a noticias sobre o Quarteto Fantástico

vão tirar o melhor do filme q são os atores carismáticos...q faziam do filme algo gostoso de assistir, mesmo q sem mta inovação ou ousadia

=/