quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quantum of Solace – A polêmica vingança de Bond. James Bond.

007 – Quantum of Solace (Inglaterra/EUA, 2008)

De: Marc Forster

Com: Daniel Craig, Judi Dench, Olga Kurylenko, Mathieu Almaric

106 minutos

James Bond é invencível. Na ativa a quarenta e sete anos, desde que o mundo conheceu sua classe de lord inglês com a face e a interpretação impecável de Sean Connery (“A Liga Extraordinária”) no clássico “Dr. No”, o espião inglês do MI-6 faz parte daquele rol de personagens atemporais e eternos, cujos estigmas são capazes de se adaptar a qualquer realidade limitada e encantar qualquer geração. Afinal, a beleza do mistério e da adrenalina sempre foram uma atração inevitável para o homem. Astros vão e vem, ídolos passam e envelhecem, mas Bond é uma constante irremovível que simplesmente não pode deixar de existir porque sobrevive no inconsciente coletivo mundial. É uma daquelas coisas que conhecemos sem conhecer e nos fascinamos quando olhamos mais de perto. Testemunhar um filme de James Bond se realizando é, sem exageros, como assistir a um evento histórico de perto e posição privilegiada. Não é uma má bilheteria ou críticas duras que vão derrubar alguma coisa assim. Personagens tão eternos não desaparecem da noite para o dia e não importa o quanto lhe digam mal, ninguém vai deixar para trás a oportunidade de ver um filme de James Bond. Reflexões e fatos a parte, toda a repulsão da crítica por “Quantum of Solace”, nova investida do espião em terreno cinematográfico e guardião de uma série de inovações para a franquia, foi extremamente exagerada. Talvez fosse a expectativa alta que o elogiado Cassino Royale havia deixado em 2005, mas “Quantum of Solace” passa longe de ser um filme ruim, que dirá o pior filme da história de Bond. O espião já passou por fases bem mais negras e nem por isso perdeu prestígio ou expectativa dos fãs e curiosos. Que o filme, que prometia revolucionar como a primeira continuação direta de um filme de 007, deixa a dever para quem esperava ansioso não há dúvida. Ao contrário de seu predecessor, que resolveu reinventar o personagem e rendeu uma trama essencialmente emocional, “Quantum of Solace” é mais brutal e direto, tentando sempre criar adrenalina e saindo-se bem na m aioria das vezes. Mas, acima de tudo, o novo filme de Bond é sobre vingança. A vingança de um espião frio e elegante que não sabe até onde é capaz de ir e não mede esforços ou escrúpulos para conseguir o que deseja. Ver o espião na busca por retaliação pode não ser a viagem mais recompensadora da série, e muito menos a mais divertida, mas pelo menos não se afoga na própria ambição. Pecado do qual, diga-se de passagem, “Cassino Royale” passou raspando.

Da última aventura do espião, além do elenco, o único denominador comum é o trio de roteiristas, que triunfaram ao renovar o protagonista e trazê-lo para uma realidade mais atual e agora tentam estabilizá-lo em um nível um pouco mais ambicioso, como a própria trama exigia. É bom saber que, ao contrário da maioria dos filmes do espião, não seria nada prejudicial dar uma revisada em “Cassino Royale” antes de conferir “Quantum of Solace”. Isso porque, habilidosa e oportunamente, os escritores escolheram dar continuidade as conseqüências finais da última aventura para construir toda uma nova jornada. A bem da verdade, basta lembrar que Vesper Lynd (Eva Green), a única mulher que James Bond jamais amou de verdade, foi assassinada por uma organização incógnita responsável também pela morte do vilão do filme, Le Chiffre (Mads Mikkelsen). Nos últimos minutos de “Cassino Royale”, Bond não hesita em desferir um tiro na perna de Mr. White (Jesper Christensen), executor e espião da tal organização. Quando “Quantum of Solace” começa, Bond está sendo perseguido com White preso no porta-malas, rumo a cidade italiana de Siena, onde o agente se encontra com M (Judi Dench) apenas para descobrir que a organização tem homens infiltrados onde menos se espera. A partir daí, começa uma interminável caçada que tem como figuras centrais Dominic Greene (Mathieu Almaric), um bem-feitor de fala mansa que comanda na surdina operações anti-democráticas em países na América do Sul, e Camille (Olga Kurylenko), a ambígua amante do vilão, que logo se revela com motivos mais interessantes e se une a Bond na busca por uma vingança comum. Mesmo com a identificação inevitável que há entre os dois, o roteiro de Paul Haggis (“Crash – No Limite”) ao lado da dupla Neal Purvis & Robert Wade (“Johnny English”) é habilidoso ao deixar mais do que claro que, mesmo ausente, Vesper ainda é naquele momento a mulher da vida de Bond. Para além desse e de outros acertos na sutileza, nem sempre o script funciona, especialmente nos momentos mais práticos da trama, e ainda que a tensão seja imposta a todo tempo e a linha narrativa seja carregada com perícia, em alguns momentos o roteiro de “Quantum of Solace” carece de ritmo e regularidade. Não por acaso, tais momentos menos inspirados acabam influenciando na direção do alemão Marc Forster (“Mais Estranho Que a Ficção”), que só consegue sair aprovado de sua primeira experiência com um filme de ação porque possui um domínio narrativo impressionante, talvez igualado na Hollywood de hoje apenas por Christopher Nolan (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”).

Outro elemento que contribui bastante para “Quantum of Solace” funcionar apesar dos erros é a surpreendente familiaridade com que Daniel Craig (“Invasores”) encara o protagonista já pela segunda vez. Nas mãos do inglês, conhecido por papéis em filmes britânicos com mais conversa do que ação como o confuso “Nem Tudo é o Que Parece”, Bond ganha uma espécie de classe ambígua que acrescenta ao personagem uma estranheza inédita na interpretação dos outros astros da série ao longo das décadas. Craig tem a aristocracia que o personagem exige, mas sabe como se tornar brutal e inflexível quando é exigido, ou seja, durante boa parte do tempo em “Quantum of Solace”. Aqui, Bond não é o agente submisso que passou pelas telas tantas vezes e tampouco o conquistador desenfreado que aprendemos a observar. Seus diálogos com M são de igual para igual e a batalha de interpretações entre Craig e Dench é empolgante de se observar. Não são poucas as vezes em que não há como apontar um vitorioso. Isso porque, do alto de seus 75 anos, Dench não se deixa ficar para trás e parece tão habituada a encarnar a chefe do espião que se tornou parte indissociável de sua aparência e personalidade. Com ela em cena, M deixa de ser uma alegoria para se tornar alguém que vale a pena observar e um acontecimento quase sobrenatural que se mostra na tela maior do que na memória. Em resumo, Dench dá um show de atuação que é capaz até mesmo de ofuscar a boa encarnação de Olga Kurylenko (“Hitman”) para a nova e obsessiva bondgirl. Presente por boa parte da projeção, Camille em algum momento deixa de ser coadjuvante para se tornar protagonista de sua própria história e a atriz encanta tanto pela beleza quanto pela determinação com que encarna esse papel. Ela faz da história de Camille uma que valha a pena ser ouvida. Completando o quarteto principal, o francês Mathieu Almaric (“Munique”) absorve com gosto cada traço da personalidade de Dominic Greene e o joga na tela como um retrato vibrante que brilha desde o segundo inicial até o último momento de glória antes de ser jogado em meio a adrenalina eficiente do clímax. Pode ser que nem todas as cenas de ação convençam e pode ser que os clichês tenham sido usados com ênfase demais, mas a verdade é que “Quantum of Solace” tem qualidades e acertos o bastante para valer a pena ser visto. Não que James Bond precise, disso, é claro. Afinal, elegante ou não, é sempre bom se divertir um pouco com um terno de agente secreto. Até a próxima, Bond.

Nota: 7,5

4 comentários:

Anônimo disse...

todos os blogs de filmes que eu vejo deram a mesma nota pra essa filme *o*
naoto nem mais afim de ver
rsrs

Lizzie Haubert disse...

Ei eu ainda não vi esse filme mas ele ta dando o que falar ainda quero ver adorei seu blog eu tenho uma dica de filme pra você recomendar o filme se chama: Queimando asfalto conheço varios filmes. Se puder dá uma olhadinha no meu novo blog: http://silvousplaitmadame.blogspot.com/

Inez disse...

Não assisti ao filme e nem sei se vou assistir.
James Bond, apesar do tempo e de tantos filmes já feitos com tantos atores diferentes ainda continua sendo um filme de sucesso.

Anônimo disse...

ainda não vi esse filme, deve ser
muito bom tirando essas notas, só assistindo pra veer ^^