Indefinição no reino bárbaro
Faz menos de um mês desde a última vez que este mesmo humilde cinéfilo os deixou informados sobre a saga do bárbaro Conan para voltar aos cinemas quase duas décadas depois de sua última aventura cinematográfica. Para quem não se lembra, o projeto vem sendo desenvolvido de forma inconstante desde 2001, quando o próprio John Millius, o diretor do original de 1982 estrelado pelo hoje governador Arnold Schwarzenegger, chegou a escrever um roteiro, intitulado King Conan: Crown of Iron, mas terminou por deixar o leme do barco, que a Columbia entregou a Robert Rodriguez (Sin City), que por sua vez o passou a Boaz Yakin (Duelo de Titãs). Porém, foi nas mãos do sempre eficiente Brett Ratner (A Hora do Rush) que o projeto ganhou rumo definitivo, sob um novo roteiro, de autoria da dupla responsável pelo surpreendente Outlander. Howard McCain e Dirk Blackman viram seu script mudar de mãos mais uma vez e dessa vez parecia que de fato o diretor definitivo para o projeto seria James McTiegue, o culpado pela câmera estilosa de V de Vingança e protegido dos Irmãos Wachowski (Matrix), que estiveram envolvidos no filme desde o primeiro projeto. A ilusão de que as coisas finalmente estariam indo por um caminho foi destroçada logo no dia seguinte a notícia dando conta de McTiegue. Ao que parece, a disputa da vez é entre os dois estúdios que produzem Conan. Enquanto a Millenium teria indicado McTiegue para o comando, a Lionsgate apareceu com uma extensa lista de candidatos que incluía o diretor francês Christophe Gans (Silent Hill) e o britânico Neil Marshall (Abismo do Medo). No final das contas, um mês depois do começo da disputa, os dois lados saíram em um acordo baseado na presença conciliadora do badalado Marcus Nispel, responsável pelos mais recentes remakes de O Massacre da Serra Elétrica e Sexta-Feira 13. A imprensa, ansiosa pelo filme desde o começo do século, não gostou muito da decisão, mas é inegável que a câmera estilosa de Nispel merece uma chance para ser guiada por um bom roteiro. Discussões de mérito a parte, parece que agora, já há algumas semanas como o nome oficial da direção de Conan, o alemão vai mesmo levar a coisa até o fim. Sete dias depois de assumir, ele já tomou uma decisão importante que poucas vezes havia passado perto do projeto e ainda, de brinde, agradou os fãs com ela. Antes da esperta escolha de Roland Kickinger por Nispel, os únicos a seres sequer cogitados para o papel do rei bárbaro foram o próprio Schwarzenegger antes de se eleger governador e o astro da luta livre Triple H, que foi citado por Millius por volta de 2003. O nome do agraciado com o papel pode ainda não ser familiar, mas Kickinger já estrelou Son of the Beach, uma polêmica e curta série de TV, e fez nerds no mundo inteiro delirar ao se tornar a nova face do T-800, modelo clássico da série Exterminador do Futuro, na quarta encarnação da série, lançada a pouco tempo. Papel que foi de... Schwarzenegger, Conan em pessoa, nos três primeiros filmes. Esperto esse Nispel, não?
Astros atrás das grades
Astros de Hollywood são capazes de qualquer coisa para voltar ao topo uma vez que seus nomes ficaram fora de voga por algum tempo, até mesmo ir parar atrás das grades de uma prisão por um bom salário. Em 2001, o cinema alemão passava por uma fase de redescoberta nas mãos de gente moderna e esperta como Tom Twyker, responsável por um dos maiores sucessos da geração Internet de cinéfilos, o verborrágico e genial Corra Lola Corra. Em meio a tamanha visibilidade, com os olhos dos festivais europeus voltados aos germânicos, um até então desconhecido diretor de televisão estreou no cinema com uma pequena produção intitulada A Experiência. A combinação de atores desconhecidos, um roteiro a seis mãos que venceu prêmios ao redor do mundo e uma câmera cheia de equilíbrio e ponderação, esse pequeno filme se mostrou um dos mais fascinantes estudos sociais do instinto humano lançados no cinema em muito, muito tempo mesmo. Numa trama ainda mais inacreditável por ser baseada em um caso real, uma equipe de cientistas resolve realizar um experimento psicológico com vinte homens escolhidos ao acaso e contratados mediante pagamento para passar duas semanas em um ambiente simulando, da melhor maneira possível, uma prisão. Coisa simples, que vai longe demais e provoca reações capazes de despertar a mais profunda concepção animal do homem. Se você foi esperto o bastante para ligar uma coisa a outra depois de ler o começo desta nota e a trama descrita logo abaixo, considere-se um privilegiado. Ou não. Afinal, não é exatamente uma surpresa que Hollywood pegue um filme de enorme êxito crítico e comercial europeu, um tanto esquecido devido ao tempo, e anuncie o projeto de uma “reimaginação”, o termo da moda para a prática. A bola da vez na terra do cinema é mesmo o primeiro longa-metragem de Oliver Hirschbiegel, que após a estréia gloriosa se tornaria o diretor a dar um retrato definitivo a maior vergonha da história alemã no magnífico A Queda e ainda sujaria seu nome com o adiado, trucidado e esmagado pela crítica Invasores, mas ao menos Hollywood chamou alguém com história semelhante a do alemão para escrever e dirigir o remake. Além de ser um estreante em cinema, Paul Shceuring tem experiência em lidar com homens encarcerados na celebrada série Prision Break e ainda tratou de se cercar de talentos interpretativos para dar vidas as mentes perturbadas que vão se mostrando no decorrer da narrativa. A começar por dois vencedores do Oscar que andam seletivos demais em relação a seus trabalhos. Adrien Brody não tem um filme lançado em terras brasileiras desde O Expresso Darjeeling, e Forest Whitaker não dá o ar da graça em salas de projeção tupiniquins desde a atuação em alta voltagem que entregou em Os Reis da Rua. Junto deles no projeto está outro talentoso sumido, Elijah Woods, que não aparece desde que pôs um nome a mais no já lotado cartaz de Bobby, e o elenco se completa com Cam Gigandet, o James da franquia Crepúsculo.
Na correria com Reese
Por mais que os críticos e os mais entendidos de cinema possam chiar, a verdade é que Reese Witherspoon enganou a nós todos. Na luta desde 1991, quando protagonizou uma curiosa história de amor no cult No Mundo da Lua, essa americana do estado do blues surgiu para o grande público no final da mesma década, interpretando papéis típicos do cinema adolescente que era tendência na época, e seguiu carreira intercalando bobagens divertidas como Legalmente Loira com o que de fato pareciam surtos de juízo ao se envolver com gente do naipe de Alexander Payne (em Eleição) e Oliver Parker (Armadilhas do Coração). O ano da virada foi 2005, quando Reese provou arrepios nos fãs do country mais puro do coração da América ao assinar para encarnar June Carter, esposa do lendário Johnny Cash, na cinebiografia Johnny & June. Surpreendeu muita gente, botou um sorriso no rosto de outros tantos e ainda levou um Oscar para casa por sua interpretação. A partir daí, o que ela fez? Basicamente, sem contar um par de filmes independentes e uma comédia romântica que passou em branco pelas bilheterias e pela crítica... nada. Isso até sua popularidade ressuscitar com o sucesso-surpresa de feriado Surpresas do Amor e o maior blockbuster animado da história, Monstros vs. Alienígenas estrear causando furor nas bilheterias. Recuperada, de volta aos holofotes, parece que Reese finalmente entendeu que já foi compreendida por seu público e partiu para duas parcerias que abriram um sorriso em seus fãs. A primeira, que deve sair até o final do próximo ano de 2010, é How Do You Know, título provisório da próxima dramédia romântica do consagrado James L. Brooks. O cineasta, que por sua vez também tem um Oscar na prateleira, de melhor direção por Laços de Ternura, juntou Reese a uma trupe de peso que inclui seu parceiro habitual, Jack Nicholson, que deve ao diretor seu prêmio de melhor coadjuvante por Melhor é Impossível, além de gente nova na trupe como Owen Wilson (Uma Noite no Museu) e Paul Rudd (Ressaca de Amor). Já com as fotos das filmagens liberadas na rede, o filme contará a história de uma mulher em crise amorosa que se vê sendo disputada por dois homens, um homem de negócios e um jogador de beisebol descuidado. Saindo do set deste projeto, Reese vai direto para as mãos de outro diretor cheio de moral entre os críticos, o californiano Cameron Crowe, vencedor do prêmio da Academia de melhor roteiro original pelo trabalho em Quase Famosos, que também dirigiu. Por enquanto, a maior discussão entre os sites de cinema a respeito do novo filme do diretor com a presença de Reese no elenco é o título. Há quem garanta que o nome escolhido para o romance, mais dramático que cômico, é Deep Tiki, mas o IMDB e uma braçada de outros sites firmam a opinião em Volcano Romance, algo mais descritivo do que foi revelado na trama até agora. No roteiro do próprio Crowe, Reese será a paixão da vida de Ben Stiller (Trovão Tropical), um militar que não se dá bem com muita gente, que acaba de trocar a garota certa para sua vida por uma que, ele sabia de alguma forma, não valia a pena. Sua redenção vem quando é chamado para o Havaí, onde é perseguido pelos deuses nos quais os nativos acreditam e reencontra a mulher de sua vida, ao lado do novo marido e dos filhos.
A Facada Final de Williamson
Quando o primeiro Pânico estreou no final da década de 90, é impossível não dizer que foi o filme certo na hora certa. Cansados de um “cinema para adultos”, os adolescentes entraram pela primeira vez durante muito tempo em uma sala de projeção e assistiram a uma obra feita especial e visivelmente para seus olhos. Wes Craven, um diretor cheio de moral entre os críticos por contribuições ao gênero do terror com filmes do naipe de A Hora do Pesadelo, havia diminuído a faixa etária dos protagonistas de sua fórmula e construíra por cima do roteiro de Kevin Williamson, o homem-hype do momento, o símbolo de toda uma geração de freqüentadores assíduos de cinema. Pânico virou padrão porque era uma obra levada com competência, sim, mas ainda mais porque foi um filme extremamente oportunista. E Craven ainda teve a audácia de desafiar o passar dos anos duas vezes, produzindo um par de seqüências que não só se integraram no panorama da série perfeitamente como ainda deixaram os fãs que ela ganhou durante quatro anos e um trio de filmes, com um gosto de quero-mais. Faz nove anos que o terceiro capítulo estreou nos cinemas, e desde então o gênero do terror criou uma tendência a se despir das ousadias cool de gente como Craven e Williamson para se tornar cada vez mais psicológico, visualmente forte e, que me perdoem os críticos, não raro entediante. Com boatos de acontecer desde 2001, apenas um ano depois do lançamento do capítulo derradeiro da primeira trilogia, o filme atravessou os anos do novo século como uma espécie de mito dentro de Hollywood, que passou por épocas muito próximas a realidade e outras absolutamente esquecido. O projeto ganhou mais uma sobrevida em meados do ano passado, quando os boatos intermitentes ganharam uma boa força quando Wes Craven, o próprio, falou que “voltar ao universo de Pânico seria uma diversão e tanto para mim” e disse estar “negociando a possibilidade com os produtores”. Do rumor a confirmação, Craven veio para a quarta aventura da série e trouxe junto os boatos de que o trio de protagonistas dos três primeiros filmes também retornariam para a terceira seqüência da trama. Fazia até sentido, tão esquecidos das grandes produções estavam David Arquette, que não faz nada digno de nota desde uma ponta em Sharkboy e Lavagirl, Courtney Cox, que não engata nada em TV ou cinema desde o fim de Friends, e até Neve Campbell, sumida desde o fim da série O Quinteto. Os boatos ainda foram além, dando conta de uma nova trilogia para a série e finalmente confirmando a presença de David e Courtney no elenco, possivelmente tomando o lugar de protagonistas da trama, o que surpreendentemente jogou Campbell para escanteio. Só na última semana, porém, é que foi confirmado que a personagem da atriz não estaria presente na nova trama, focada na produção do filme ficcional A Última Facada, baseado nas experiências que os protagonistas tiveram nos filmes anteriores. A fórmula do “filme-dentro-do-filme”, já usada por Williamson no terceiro empreendimento da série, parece não estar funcionando as mil maravilhas, porém. Recentemente, em seu Twitter, ele disse estar tendo dificuldades em escrever o novo roteiro, o que instalou mais incerteza nos fãs da série.
Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… dia corrido, fazer o quê? Mas enfim, amanhã ou depois eu tenho uma surpresinha para vocês, e quem quiser seguir a pista basta entrar no meu Twitter e até tirar uma idéia do que pode ser essa nova forma de dar notícias cinéfilas para vocês. O link é: https://twitter.com/caiocoletti. Por enquanto, os melhores filmes para todos vocês e até mais!
3 comentários:
Espero muito por um novo Pânico desde que vi o último. Mas quero que este seja o quarto mesmo, como disseram, passando-se dez anos depois do Pânico 3. É que tavam dizendo que ia ser re-make, mas refilmagem com os mesmos atores mais velhos fazendo os mesmos personagens, não dá!
E essa dificuldade com o roteiro, hein? Só espero que esteja sendo feito com responsabilidade, Pânico 4 não pode decepcionar.
Fala Caio !
Tudo bom rapaz! Cara que orgulho foi trabalhar com vc e mais uma galera ae.Seguinte: Se tu quiser repetir a dose a coluna de cinema eh sua veih, é so se manifestar.
=p e quando puder me ajuda ai com a divulgação blz?
:) vamos bolar algo bem bacana pra essa primavera!
abraços
em relação ao Connan, acho bom pegar atores meio desconhecidos para tentar imortalizar o herói que já é identificado com outro ator. Tipo tentaram, sem sucesso, por Brandon Routh no papel de Superman, que é muito ligado a Crhis Reeves.
Ótimo Blog!
Parabéns!
www.blogdoisrael.com
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