terça-feira, 28 de julho de 2009

Boletim Cinéfilo – As Notícias do Dia (27/07/2009)

Pesadelo século XXI

freddy

Cada um tem o recolucionário que merece. Em 1984, o cinema vivia a plena era de ouro do terror slasher, com Jason Vorhooes (Sexta-Feira 13) lançando sua quarta investida nos cinemas em quatro anos e Michael Myers (Halloween) tirando umas férias do terceiro capítulo de sua saga, nem tão bem-sucedido quanto os anteriores. Foi então que o mundo observou a mente criativa de Wes Craven, futuro criador da bem-sucedida série Pânico, ganhar o primeiro crédito de sucesso com um certo assassino cínico, de rosto queimado e senso de justiça torto, que buscava vingança por uma morte lenta e dolorosa infringida pelos pais e avôs dos adolescentes de Illinois, estado americano, que vêem seus sonhos invadidos pela cruel, cínica e grotesca criatura. Freddy foi um sucesso porque era engraçado e assustador ao mesmo tempo, e não dá para negar que sua presença de espírito foi o que garantiu a validade dos outros seis episódios de sua saga, todos lançados no curto intervalo de tempo de uma década. Além de um êxito comercial, porém, Freddy foi um revolucionário porque tinha um motivo além da própria psicopatia para marcar. Era cruel e repulsivo, sim, mas acima de tudo era um homem destruído em busca de vingança. Nada que os músculos de um Schwarzenegger ou um Stallone já não oferecesse ao público na época, mas dessa vez éramos obrigados a temê-lo. De uma forma quase indecifrável, Freddy era um anti-herói. Eternizado na pele do ator Robert Englund, que fez questão de representar o personagem em absolutamente todas as suas encarnações, Freddy ressurgiu para toda uma nova geração enfrentando seu célebre colega em Freddy Vs. Jason, o sucesso metteórico que talvez seja o maior responsável pela recente onda de remakes de filmes de terror clássicos. A recepção do público a nova empreitada foi o bastante para a produtora Platinum Dunes, que tem os créditos pelo novo Sexta-Feira 13 e por mais um punhado de remakes recentes, colocar em movimento o antigo projeto de dar um novo começo a mitologia do personagem para uma nova e mais exigente geração de espectadores de terror. A proposta não foi o bastante para interessar Craven, que recusou se envolver no remake, exemplo no qual foi seguido por Robert Englund, que abriu mão das luvas de metal do personagem pela primeira vez desde que se tornou o símbolo de uma geração em 1984. Sem nada para se apoiar, Wesley Strick (Casa de Vidro) foi chamado para arrumar a casa e redigiu um roteiro descrito como um retorno as raízes assustadoras do assasino, deixando as piadas em segundo plano em favor de uma jornada mais visceral pela mente de um psicopata que ataca suas vítimas em meio a vulnerabilidade do sono. O segundo passo foi chamar Samuel Bayer, estreante em terrenos cinemtaográficos com um currículo extenso no mundo dos videoclipes, para assumir as câmeras de um genuinamente novo A Hora do Pesadelo. E ele começou com o pé direito, reunindo uma turma de jovens talentos da televisão para servir de lixa de unha para o assasino, que será interpretado por Jackie Earle Haley, indicado ao Oscar pelo pedófilo de Pecados Íntimos. Entre as novas vítimas do senhor dos sonhos estarão Thomas Dekker (Sarah Connor Chronicles), Kyle Gallner (Smallville) e Katie Cassidy (Supernatural). Agora, é só esperar Abril de 2010 para conferir o resultado final. Até lá, é melhor pensar suas vezes antes de deitar a cabeça no travesseiro.

Quebrando o gelo

Hollywood pode ser uma terra cruel com quem se aventura dentro de seus limites, mas a essa altura do campeonato eu, você e mais meio mundo já deve estar cansado de ouvir essa mesma ladainha. O que de fato intriga e permanece e segredo são as razões de tal crueldade de investimentos garantidos e lucro acima de ambição artística. Afinal, para quem está de fora do esquema, o que corre pelos corredores e salas impecáveis dos grandes estúdios continua um absoluto mistério. Não raro, somos deixados esperando por uma produção que ascende nosso instinto de cinéfilo e logo depois ficamos sabendo que o estúdio resolveu adiar a estréia sem nenhum motivo aparente. Alguns, no fim, nem conseguem chegar aos cinemas e acabam aportando sem escala nas prateleiras das locadoras. Destino tão “desonroso” não deve ter o suspense de ação Whiteout, que parece finalmente ter conseguido uma data definitiva de estréia, marcada para Outubro desse ano, quase um ano mais tarde do que foi a princípio prometido pela Warner, major americana que bancou a distribuição do filme do estúdio Dark Castle, dono dos créditos por recentes sucessos como o terror adolescente Casa de Cera e ação debochada RocknRolla, do diretor Guy Ritchie. Se na própria produção o filme já ganha pontos para um investimento de bilhereria, a garantia só sobre para outro nível quando a trama é toda baseada em uma história em quadrinhos, no caso uma minissérie em quatro partes lançada em meados de 2005 com roteiro de Greg Rucka e arte de Steve Lieber. Por fim, o filme ainda contou desde o começo com a presença da atriz Kate Beckinsale, conhecida como a estrela da série Anjos da Noite, que pode não estar no melhor momento de sua carreira, mas continua sendo um nome de peso para estampar o topo de um cartaz. Isso sem contar a coadjuvância de um até então ilustre desconhecido Gabriel Macht, que em março último se tornou o novo astro da terra do cinema ao protagonizar o suceso The Spirit na pele do herói-título. Assim a produção seguiu, com elenco completo pelos esquecidos Tom Skerritt (Brothers & Sisters) e Columbus Short (Poder do Ritmo). O roteiro inicial da dupla Jon e Erich Hoeber, que só tem a ação criminal Montana no currículo, passou por uma revisão pesada de outros dois irmãos, Chad e Carey Hayes, esses mais experientes no suspense da trama, tendo assinado o script do terror Colheita do Mal. A missão de filmar na imensidão branca da Antártida, onde ocorre a trama de assassinato e investigação, foi assumida por Dominic Sena, que não pegava em uma câmera desde 2001, quando lançou a ação cool Swordfish. As coisas pareciam bem, o primeiro pôster anunciava o filme para 2008, mas algo deve ter feito as coisas mudarem de figura na Warner, que resolveu adiar o filme para Abril de 2009 e, depois, para Outubro. Com trailers e fotos lançadas, resta esperar que a nova decisão seja mesmo definitiva. 

Girls. Bond Girls.

bond. james bond 

Quando o britânico Daniel Craig assumiu, no urbano e violento Cassino Royale, o papel do espião da rainha mais famoso do mundo e ainda assumiu que estava lá para atualizar o personagem e trazê-lo de vez para um século dominado pelo brutal, instintivo e acima de tudo muito lucrativo Jason Bourne, ninguém, e me inclua nesse balaio, conseguia apostar no sucesso da empreitada. Mais ainda, os fãs todos pegaram seus piquetes e protestaram contra a escalação de um Bond loiro, de charme tosco e tendências violentas, argumentando que a produção havia passado dos limites ao descaracterizar o personagem pensando apenas no lucro. Na internet chegou a surgir um site que atraiu toda a atenção da mídia, dividiu opiniões e acabou fechado. O Daniel Craig is Not Bond foi reaberto recentemente como uma fonte de notícias que serve bem aos fãs revoltados e aos que queiram ver um outro lado a chuva de elogios que desceu sobre o reboot da série e sua recente e acelerada continuação, Quantum of Solace. O fato é que a crítica em massa aprovou o novo James Bond, assim como o público, que fez dos dois últimos filmes da série os maiores sucessos do personagem em solo americano. Enquanto isso, o vindouro 23º filme do personagem começa a ganhar seus rumores e suas confirmações, preparando-se para um lançamento em 2010, sinal de que a série voltou a produção constante. Depois de Marc Forster, diretor de Quantum of Solace, pular fora do comando do novo filme e o rumor sobre a contratação de Danny Boyle, recém-oscarizado por Quem Quer Ser um Milionário, ter sido desmentido, a bola da vez é a contratação de um novo roteirista para a série, para se juntar ao veterano Paul Haggis, que não larga o osso desde que assumiu o texto do espião em Cassino Royale. Quem deve co-escrever a nova trama é o premiado Peter Morgan, o homem por trás de A Rainha e Frost/Nixon, nome que atiçou os nomes mais badalados da terra do cinema a cavar seu lugar na nova aventura. Os sempre presentes rumores sobre as garotas de Bond no novo filme tiveram início no nome de Freida Pinto, a musa de Quem Quer Ser um Milionário, e seguiram com a declaração clara de interesse por parte de Angelina Jolie e Jennifer Aniston, que teriam que disputar lugar com o suposto retorno da personagem Camille, representada pela atriz Olga Kurylenko em Quantum of Solace. Por fim, a última a entrar na acirrada disputa foi Megan Fox, que pelo jeito pretende sair direto das filmagens de Jennifer’s Body para a participação na aventura, ao lado de Michael Sheen (Frost/Nixon), única presença quase confirmada na pele do vilão da vez, que pode ou não ser o velho conhecido Blofeld, um dos maiores inimigos do espião, que tem sete participações ao longo dos vinte filmes da série e ainda foi a inspiração para Mike Myers criar o vilão Dr. Evil dos filmes de Austin Powers. Sheen é um velho parceiro do roteirista Morgan, que tem presença garantida pelo menos em outros dois vindouros filmes de sua autoria, A Special Relationship e The Damned United.

Especial: O primeiro teaser do Alice de Tim Burton

Pouco a pouco, quase como quem não quer nada, Alice no País das Maravilhas vai se tranformando no que pode ser o filme de fantasia mais carregado de expectativa desde que o mundo interiro viu o final da jornada de Frodo e seus amigos em O Retorno do Rei. Se não bastasse a visão única de um artista como o cineasta Tim Burton sobre uma das maiores histórias infanto-juvenis de todos os tempos, o filme ainda me reúne um elenco fora de série que combina velhos parceiros do diretor e novos integrantes da gangue de forma espetacular e por fim ainda divulga artes conceituais e caracterizações que prometem se tornar mais do que clássicas. Aliás, marque bem cada palavra quando eu digo que Alice estará na maioria das categorias técnicas, se não em mais algumas das principais, do Oscar 2011. Por fim, toda a espera que acaba de começar é coroada por um teaser como esse logo aí em cima, que não precisa mostrar muito para se tornar o um minuto e meio mais sensacional da história recente do cinema. É bem verdade que vemos só o bastante para nos deixar com água na boca, mas é impossível não se pegar vendo e revendo o bendito videozinho, tudo na vã esperança de pegar algum detalhe a mais ou uma nuance das breves atuações que veremos na íntegra em Abril do próximo ano, quando o filme estreará no que vem se tornando cada vez mais um grande evento. O clima de conto-de-fadas sombrio e pitoresco a um só tempo é evidente desde o primeiro take, mostrando a atuação de uma promissora Mia Masikowska, mera desconhecida com papéis pequenos em filmes como Um Ato de Liberdade antes de assumir os holofotes do novo filme do diretor. Logo em seguida, direto ao assunto, o trailer nos mostra o que todos nós já sabemos, com a queda de Alice pelo buraco do coelho, impressionante nos efeitos especiais, ela tomando o que quer que seja e diminuindo de tamanho, tudo de prelúdio para enfim entrarmos no País das Maravilhas. A narração é clara, ainda que quase idílica: “Há um lugar como nenhum outro na Terra, uma terra cheia de encantamento, mistério e perigo. Alguns dizem que para sobreviver é preciso ser tão maluco quando um chapeleiro… o que, felizmente, eu sou”. Introdução esperta para um Johnny Depp que leva mais uma vez ao limite sua própria caracterização, surgindo na tela como um grande e brilhante holofote, interpretando um Chapeleiro Maluco que pode e vai se tornar um ladrão de cenas melhor que qualquer outro. Enquanto isso, ainda vemos os primeiros flashes do comediante Matt Lucas sob maquiagem e efeitos especiais como os gêmeos bizarros Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, e de Michael Sheen igualmente coberto por píxels na pele do simbólico Coelho Branco que conduz Alice pelo começo de sua viagem. Também aparecem frações de segundo das performances de Anne Hathaway como a Rainha Branca, de sua irmã Rainha de Copas, representada por Helena Bonham-Carter, e até do ator Stephen Fry, promissor mesmo sem mostrar o rosto como o Gato. É com toda essa expectativa que a gente espera por mais dolorosos nove meses para entrar na toca do coelho.

Bom, pessoal, e por hoje é só. Depois dessas quatro notícias, mais dois trailers para gente ficar esperando pelo resultado final, só me resta agradecer como sempre a todos os comentários e desejar os melhores filmes para todos vocês! Até mais!

5 comentários:

Rubens Rodrigues disse...

Não vejo a hora de ver A Hora do Pesadelo, e nem Pânico. Agora, Robert Englund é clássico. Até O Fantasma da Ópera ele já foi.

mano maya kosha disse...

interessante a maneira informativa como aborda sem tanto peso crítico, tive ao ler aqui minhas expectativas bem mais acentuadas pelo filme da Alice, até então eu apenas sabia mas nem sequer criara qualquer idéia, tem tudo pra ser excelente, e acho que um filme do tipo não ganha oscar faz um tempinho

Anônimo disse...

Boa explanação ! O Chato é que a genet fica esses meses esperando . Mas fazer o que né !
Um abraço ! :)

bones disse...

oi Caio.
Filmes de terror estarão em alta novamente? Vi dois ou tres trailers diferentes nas ultimas semanas.
Sobre WhiteOUt não parece que será muito original, lembrou um episodio de arquivo X, mas por experiencia sei que o trailer engana nesse tipo de filme;
Na verdade queria te perguntar se vc viu a Set deste mês, se viu, que achou? Eu fiquei meio decepcionada.
Ótimo post como sempre,
até mais.

Renan Barreto disse...

Cara agora quero ver esse Freddy e o Alice. O 007 não sou muito chegado não. Nunca fui fã do Freddy, mas acho um personagem fantástico digno de um Tim burton só que totalmente mal. rsrs

Bem, agora é só esperar!!!