quinta-feira, 2 de abril de 2009

Boletim Cinéfilo – As Notícias do Dia (02/04/2009)

Puro indie

De uma hora para outra, ser indie virou moda. Não acredita? Basta ver as evidências cabais dos últimos anos. “Pequena Miss Sunshine”, o vencedor moral do Oscar de melhor filme em 2007, uma das comédias dramáticas mais cativantes da história e uma obra seminal para quem quiser entender como uma família de verdade funciona. E um filme de puro charme indie. Logo em seguida, veio “Juno”, a unanimidade do ano e um filme doce e ácido na mesma medida que conquistou o prêmio da Academia de melhor roteiro original. Mais indie do que uma adolescente grávida soltando tiradas sarcásticas cheias de referências pop seria até demais. Não por acaso, depois da arrasadora estréia de Diablo Cody como roteirista, astros do cinema independente viraram potenciais grandes protagonistas de super-produções com público quase garantido. A adaptação dos clássicos quadrinhos de faroeste “Jonah Hex”, por exemplo, deve começar a filmar em breve com a aura forte que Josh Brolin (“Milk”) ainda possuí no papel principal e uma trinca de outros nomes um tanto underground para acompanhá-lo. Ao lado do pistoleiro de rosto deformado estará Will Arnett (na foto), comediante mais conhecido do grande público pela participação em “Escorregando Para a Glória” e um par de outros filmes estrelados pelo amigo Will Ferrell (“Mais Estranho Que a Ficção”), que por si mesmo já está virando sinônimo de diversão independente. Sem nenhuma amizade famosa para ajudar, ele foi escalado para atuar na adaptação a ser dirigida por Jimmy Hayward, que deve estrear na experiência live-action depois de “Horton e o Mundo dos Quem”. Ele deve interpretar um soldado americano que alista o protagonista para a Guerra e acaba cegado pela batalha agressiva dos adversários. Como pouco da trama foi revelada, é difícil ver como isso se liga com um evento de gladiadores sangrento que pode ser comandado pelo personagem de Michael Shannon, um ilustre desconhecido antes da indicação ao Oscar por “Foi Apenas um Sonho”. Para completar o cast indie, o inconstante John Malkovich (“Queime Depois de Ler”) deve ser um pai amargurado que culpa o protagonista pela morte do filho e a jovem Megan Fox (“Transformers”) terá de segurar a barra como única grande estrela do filme no papel de uma ladra habilidosa que cai de amores por Hex. O filme do pistoleiro deve estrear em Agosto de 2010.

Sinal dos tempos

Se na vida tudo é passageiro, em Hollywood esse processo é pelo menos uma dezena de vezes mais acelerado e, quem diria, passa longe de ser irreversível. De tempos em tempos, modas vão e voltam na terra do cinema, revivals massivos de alguns modismos de décadas atrás acontecem a cada ano e os temas parecem nunca se desgastar e sempre encontrar seu caminho em direção a um novo olhar. A recente moda dos futuros distópicos e pessimistas, por exemplo. Herança direta da literatura de ficção científica conhecida como cyber-punk que viveu seu auge nos anos 1950 e chegou ás telas com força na década de 80 em filmes como “Blade Runner” e “Westworld”, essa forma marginalizada e sombria de colocar o futuro da humanidade até agora não encontrou sua representação maior nas preocupações do século XXI. Francis Lawrence chegou perto em sua segunda obra, o vampiresco/monstruoso “Eu Sou a Lenda”, mas esbarrou nas exigências comerciais de uma terra do cinema que não se importa com o tempo que passe. Afinal, o público nunca se cansa do espetáculo descerebrado. De qualquer forma, a chance é grande de que a próxima obra do diretor revelado nos clipes e no elegante e forte “Constantine”, finalmente alcance esse lugar e, vã esperança, desperte novas idéias na Hollywood estagnada que vemos hoje. “A World Without Us” não tem nem mesmo um roteiro pronto, mas já empolga pela proposta inovadora. Se na ficção estrelada por Will Smith (“Homens de Preto”) a parceria do cineasta com o roteirista Mark Prosotevich (“Poseidon”) quase funcionou a perfeição, porque não eliminar o único elemento humano da receita? Na nova obra da dupla, que é a próxima da fila de Prosotevich depois de concluir o remake de “Oldboy”, não sobrou ninguém para contar a história. O motivo é uma incógnita, mas o fato é que “A World Without Us” deve explorar a idéia de um inesperado desaparecimento de qualquer forma humana da Terra. Em tempos em que a natureza é a preocupação maior, pode apostar que o tal sumiço vai ter conseqüências drásticas para o meio ambiente. E não se trata de um documentário, para quem desconfiou. Essa hipótese foi descartada pela Fox, que comprou os direitos da obra.

Investigações com Cronenberg e Sonnenfeld

Diretores de versatilidade largamente comprovada e, cada um a sua medida, marcas incontestáveis da história do cinema, David Cronenberg e Barry Sonnenfeld podem não ter sido os nomes mais notáveis desse início de século XXI, mas prometem chegar a casa dos sessenta causando polêmica e admiração em toda uma nova geração de cinéfilos. O primeiro anda bastante falado nos últimos dias, primeiro por causa do anúncio da primeira continuação de sua carreira, exatamente de seu última obra, o violento e elegante (a um tempo) “Senhores do Crime”, sobre a máfia russa. Ainda assim sem uma bilheteria respeitável desde “A Mosca”, no longínquo 1986, o canadense promete fazer as pazes com o público embarcando na onda “Bourne” que invadiu os cinemas nos últimos anos e adaptando mais uma obra de Robert Ludlum para o cinema. Falecido recentemente, o escritor da trilogia do espião mais instintivo da história da literatura e do cinema foi seduzido pelo charme estranho das tramas de serial killer e fez de “O Círculo Matarese” sua visão dobre o gênero. Na mente do escritor, um espião russo e um americano se juntam uma missão sem precedentes para capturar um assassino em série que vem fazendo vítimas em ambos os países, conhecido como Matarese. O diretor já está escrevendo o roteiro, já que se viu insatisfeito com o trabalho de Michael Brandt & Derek Haas (“Os Indomáveis”). Vinculados ao projeto desde o início do ano passado, os respeitáveis nomes de Denzel Washington (“Chamas da Vingança”) e Tom Cruise (“Operação Valquíria”) como os protagonistas continuam interessados e Cronenberg disse estar experimente a nova sensação de “escrever especificamente para dois atores”. Em um tom mais cômico como é de seu feitio, Sonnenfeld promete acertar a mão na comédia depois do mediano “Férias no Trailer” ao narrar a história de uma família de detetives que passa por uma crise quando a filha mais nova fica indecisa se deve ou não seguir a carreira. “The Spellman Files” é adaptação do livro de Lisa Lutz e tem a dupla de “Maldita Sorte” no roteiro.

Nota de luto: Maurice Jarre

Cinema é imagem e som unidas em equilíbrio e harmonia perfeitas. Definição simples, pura e mais verdadeira impossível. Talvez por isso uma trilha-sonora verdadeiramente encorpada soe tão fundamental para um filme quanto respirar é para nós. Mas assim como os atos e detalhes mais maravilhosos, uma trilha-sonora precisa acima de qualquer coisa soar natural, indispensável e ao mesmo tempo tão corriqueira e significativa quanto as palavras que ali estão sendo ditas. Música é cinema, e cinema é música E ninguém sabia melhor disso que Maurice Jarre. Francês de nascença e americano por adoção, esse excepcional compositor veio ao mundo com seu ouvido abençoado a 13 de Setembro de 1924. Apaixonado por música, o cinema lhe apareceu em 1959, quando foi creditado pela primeira vez como o compositor da trilha-sonora de “La Tête contre lês murs” (em tradução livre “Cabeça contra o muro”). Mas foi ao usar todo seu domínio de percussão e climatização para abrilhantar o já clássico “Lawrence da Arábia” que Jarre se tornou um astro da música cinematográfica e saiu vitorioso com o primeiro de seus três Oscar. O que se seguiu foi uma carreira profícua com quase 200 títulos e outros dois prêmios da Academia (por “Doutor Jivago” e “Passagem Para a Índia”) que se juntaram a mais dois Globos de Ouro (“Nas Montanhas dos Gorilas” e “Caminhando nas Nuvens”) e quase duas dezenas de outros troféus concedidos como reconhecimento imortal a um compositor que eternizou suas notas e sua alma ao sincronizá-la com as imagens, sublimes ou não, da arte completa que é o cinema.

Em memória de Maurice Jarre *13/11/1924 +29/03/2009.

Bom, pessoal, e por hoje é só isso mesmo… como sempre obrigado por todos os comentários, é sempre bom receber um retorno dos leitores porque isso guia qualquer blogueiro que queria seguir em frente, saibam que dou suma importância aos comentários e tento retribuir as visitas sempre que posso. Mas enfim, agora me resta desejar os melhores filmes para vocês e dizer até amanhã!

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bons esse seus boletins!

Parabéns
:D

CAMILA de Araujo disse...

Ahh..'Little miss sunshine e 'Juno' são demais!
Estou ansioso pra ver o 'Milk'

www.casadobesouro.blogspot.com

carolina disse...

não gosto de modinha, ainda mais essa de indie e emo. Mas, ao meu ver, os filmes tachados como indies são os melhores no momento.. mto melhores do que as explosões e porradas q estamos acustumados a ver no cinema americano.


bjos.